quinta-feira, março 28, 2024
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Bianchi não resiste após coma, e F1 tem 1ª morte desde Senna

Nove meses após sofrer um grave acidente na Fórmula 1, o piloto Jules Bianchi morreu, nesta quinta-feira. A família informou apenas nesta sexta. O francês, de 25 anos, estava em estado vegetativo desde que bateu seu carro em Suzuka, no ano passado. É a primeira morte de um piloto de F1 desde o ocorrido com Ayrton Senna em 1994.

O acidente de Jules Bianchi aconteceu durante uma prova chuvosa no Japão. Ele dirigia um carro da Marussia, que saiu da pista e colidiu com força no guindaste que retirava a Sauber de Adrian Sutil. Bianchi sofreu uma lesão axonal difusa, passou por uma cirurgia e ficou internado desde então – passou um mês no Japão e depois foi transferido para Nice, na França, onde morreu.

A família de Bianchi anunciou a morte com uma nota oficial, com lamentações e agradecimentos: “Jules lutou até o fim, como sempre fez, mas ontem sua batalha terminou. Nós sentimos uma dor imensa e indescritível”.

Durante esta semana, Philippe Bianchi, pai de Jules, deu uma entrevista à France Info, na qual relatou sua tristeza com a situação: “é insuportável. É uma tortura diária. Às vezes, sinto que estamos enlouquecendo, porque, para mim, certamente é mais cruel do que se ele tivesse morrido”. Sob esse ponto de vista, o que aconteceu nesta sexta-feira é um alívio para a família de Bianchi.

Colisão incrível

O acidente que vitimou Bianchi ocorreu na 43ª volta do Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, em 2014. O francês da equipe Marussia colidiu o seu carro com um guindaste que estava fora da pista, na altura da curva 7 do circuito nipônico. No momento da pancada, o guincho retirava a Sauber do alemão Adrian Sutil de uma área de escape de Suzuka. Chovia muito, e a pista estava escorregadia.

Em um primeiro momento, a prova foi paralisada para a entrada do Safety Car. Um carro médico também adentrou a pista para prestar os primeiros socorros a Bianchi. Quando a gravidade do ocorrido foi detectada, porém, a corrida foi imediatamente encerrada, e o britânico Lewis Hamilton, declarado o vencedor. O pódio, que também contou com a presença de Nico Rosberg (2º) e de Sebastian Vettel (3º) não teve a tradicional festa do estouro de champanhe por respeito à situação.

A transmissão oficial da Fórmula 1 não mostrou imagens do acidente e também evitou registrar o momento do resgate de Bianchi. Ele foi imediatamente levado ao Centro Médico do circuito de Suzuka e, depois, transferido de ambulância para o Centro Médico Geral de Mie, em Yokkaichi, a 17 km da pista.

A FIA garantiu que, assim que o acidente de Sutil aconteceu, os fiscais balançaram bandeiras amarelas no setor para alertar os pilotos da presença do carro do alemão e também do guindaste. A Marussia de Bianchi, porém, aquaplanou (quando um carro perde a aderência dos pneus no piso molhado e desliza sem controle) e causou um acidente incrível que tirou a vida do piloto.

Joia da Ferrari e amigo de Massa

Jules Bianchi nasceu em Nice (França) no dia 3 de agosto de 1989 e começou a competir no kart ainda criança. Em 2007, quando tinha 18 anos, iniciou sua carreira nos monopostos, tornando-se campeão da prestigiada Fórmula Renault 2.0 francesa ainda em seu ano de estreia.

Daí para frente, somou grandes resultados em categorias inferiores (como o título da F3 europeia e o vice-campeonato da GP2 em 2010) e ganhou um convite para integrar o programa de jovens talentos da Ferrari. Em 2011, já era o piloto de testes da equipe italiana e considerado uma das grandes promessas da escuderia para o futuro.

Neste período, Bianchi já começou a firmar amizade com Felipe Massa – com quem estreitou os laços pelo fato de ambos serem empresariados por Nicolas Todt. Em 2012, o francês foi cedido à Force India (equipe na qual também atuou como piloto de testes) e, no ano seguinte, acertou para competir pela Marussia como piloto titular.

Ele foi indicado pela Ferrari e acabou contratado para substituir o brasileiro Luiz Razia – que teve problemas com seu patrocinador e não disputou nenhum GP na principal categoria do automobilismo mundial. Após menos de duas temporadas na F1, Bianchi não conseguiu grandes resultados – já que a Marussia tem um dos piores carros do grid -, mas fez história ao conquistar os primeiros pontos da equipe, justamente em Mônaco, na temporada 2014, após uma surpreendente nona colocação.

Veja a nota oficial divulgada pela família de Biachi:

“É um com profunda tristeza que os pais de Jules Bianchi, Philippe e Christine, seu irmão Tom e sua irmã Mélanie, anunciam a morte de Jules na noite da última quinta-feira no Centro Hospitalar Universitário de Nice, na França, onde estava internado desde seu acidente no Circuito de Suzuka, durante o Grande Prêmio do Japão, em 5 de outubro de 2014.

Jules lutou até o fim, como sempre fez, mas ontem sua batalha terminou. Nós sentimos uma dor imensa e indescritível. Nós gostaríamos de agradecer a equipe médica do CHU de Nice, que o tratou com amor e dedicação.

Também gostaríamos de agradecer a equipe do Centro Médico Geral de Mie, no Japão, que cuidou de Jules imediatamente após o acidente, assim como outros médicos que se envolveram na luta que ele enfrentou nos últimos meses.

Também gostaríamos de agradecer aos colegas de Jules, seus amigos, seus fãs e todos que demonstraram seu afeto durante este período. Todos estes nos deram força para resistir a esses momentos terríveis. A leitura destas numerosas mensagens nos mostraram como Jules tinha cativado tanto afeto de tantas pessoas ao redor do mundo. Nós pedimos que todos respeitem nossa privacidade durante este período difícil, em que vamos tentar encarar a perda de Jules”

Veja mensagem da Marussia sobre a morte de Bianchi:

“Nós estamos devastados por perder Jules após uma batalha tão dura. Foi um privilégio ter ele correndo no nosso time.

Tragédias na F1

A Fórmula 1 não vivia um luto por causa de um acidente durante seus Grandes Prêmios desde 1994. Naquele ano, em 30 de abril, Roland Ratzenberger morreu após bater o carro no treino. Um dia depois, aconteceu outra tragédia, com Ayrton Senna.

Em julho de 2012, também aconteceu um grave acidente com a espanhola Maria de Villota, mas não foi durante uma temporada da F1 – ela estava fazendo testes também para a Marussia em uma base aérea em Duxford, na Inglaterra. Villota inclusive se recuperou do acidente e levava uma vida relativamente normal até 11 de outubro de 2013, quando foi encontrada morta em um quarto de hotel.

Terra

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