Mariana e a amiga ficaram por alguns minutos em frente à academia. Depois Heloísa saiu com a moto. Neste momento, Rodrigo voltou a atravessar a rua e abordou novamente a universitária.
Heloisa afirmou que antes de sair pediu para que Mariana fosse embora, mas a amiga preferiu tentar ligar para o pai ou um primo.
Imagem mostra suspeito abordando Mariana Bazza e amiga dela na frente de academia — Foto: Reprodução/TV Globo
Heloisa lembra: “Eu falei: ‘Vai embora, dá tempo de você chegar em casa’. E ele pega e fala assim: ‘Não vai dar tempo. Se for embora com o pneu desse jeito, vai estragar o pneu’. Falei então que eu ia embora porque senão eu ia me atrasar. Nisso ele já tinha atravessado a avenida, falado que se precisasse era só chamar. E eu fui embora.”
Sozinha, Mariana decidiu ir até a chácara com o carro para trocar o pneu. Mariana fez uma foto de Rodrigo enquanto ele trocava o pneu e enviou para família.
Mariana enviou a foto do suspeito trocando o pneu do carro em Bariri — Foto: TV TEM / Reprodução
Rodrigo Pereira Alves, de 37 anos, suspeito de matar a jovem Mariana Bazza — Foto: Reprodução/TV TEM
Rodrigo Alves, o homem que ofereceu ajuda, já tinha praticado vários crimes e as vítimas eram sempre mulheres.
A primeira condenação por crime sexual aconteceu em 2001. Armado com uma faca, ele atacou uma estudante de 18 anos, que foi violentada, na zona leste de São Paulo.
Por esse crime, Rodrigo passou 13 anos na cadeia. Depois, quando ganhou a liberdade, voltou a roubar e a estuprar.
Em janeiro de 2015, em Itápolis (SP), uma mulher disse que Rodrigo invadiu a casa dela e mandou que ela ficasse nua. Segundo a vítima, Rodrigo ficava se encostando nela. Depois, pegou um computador da casa e fugiu. Nesse caso, ele foi absolvido por falta de provas.
Em outubro daquele mesmo ano houve uma acusação parecida, desta vez na cidade de Bariri. Outra mulher disse à polícia que Rodrigo se passou por instalador de cerca elétrica para entrar na casa dela.
Ele fez ameaças com uma faca e também mandou que a vítima ficasse nua. Rodrigo foi acusado de roubar R$ 740 da vítima, além de uma câmera fotográfica, um celular e um relógio.
Ele teve a prisão decretada, ficou foragido por um tempo mas acabou indo para a cadeia em fevereiro de 2016. Rodrigo foi condenado nesse caso a 6 anos e 5 meses de prisão por roubo.
Há cerca de um mês, ele ganhou a liberdade condicional e conseguiu o bico de pintor na chácara em frente à academia.
Suspeito de matar universitária Mariana Bazza, de Bariri, ajudou a jovem a trocar o pneu — Foto: TV TEM/Arquivo Pessoal
A polícia investiga se Rodrigo premeditou o crime e se teria murchado o pneu do carro da jovem para forçar uma aproximação.
Um vídeo de câmera de segurança mostra Rodrigo encostado no carro da Mariana, que está estacionado próximo à academia. As imagens foram gravadas às 7h51, quando a jovem ainda estava no local.
O vídeo mostra que Rodrigo saiu da chácara, atravessou a avenida e encostou no carro de Mariana, um Gol preto. Ele ficou ali por alguns minutos.
Em entrevista exclusiva à TV TEM, um vizinho da academia contou que viu o suspeito abaixado e mexendo no carro de Mariana.
“Eu vi que ele estava agachado no pneu do carro. Talvez murchando, sei lá, fazendo alguma coisa. Quando ele me viu até se assustou e levantou. Ele foi até o canteiro e ficou mexendo nas árvores que estão ali, meio que disfarçando a situação. Eu estava saindo para trabalhar, então fui embora”, relatou o homem, que preferiu não se identificar.
“Nós estamos em diligências para conseguir novas imagens e também testemunhas que possa colaborar e tirarmos essa dúvida se ele premeditou ou foi uma mera ocasionalidade”, afirma o delegado Durval Izar Neto, responsável pelas investigações.
Mapa mostra locais onde Mariana Bazza foi abordada, em Bariri, e encontrada morta, em Ibitinga — Foto: Arte/G1
Ainda segundo o delegado, inicialmente o inquérito foi aberto como latrocínio consumado, mas são apurados também estupro, homicídio e sequestro.
Rodrigo teve a prisão preventiva decretada em audiência de custódia realizada no dia 25 de setembro. Ele negou que tenha matado Mariana e apontou a existência de outra pessoa como responsável pelo crime. No entanto, a polícia acha pouco provável que essa hipótese seja verdadeira.
“Ele fala de uma terceira pessoa que estaria com o veículo, porém imagens mostram que ele saiu com o veículo. E não há informações dessa terceira pessoa, não há imagens, não há testemunhas. Não vamos descartar, mas é pouco provável que exista outra pessoa envolvida.”
Mariana Bazza, de 19 anos, foi encontrada morta após desaparecer em Bariri — Foto: Facebook/Reprodução
O delegado aguarda laudos periciais do corpo da vítima e da causa da morte, além de informações sobre os locais por onde o suspeito passou, para concluir o inquérito e encaminhar à Justiça.
“Os exames vão apontar a hora da morte para podermos saber onde ela foi morta, porque existem duas possibilidades: ou ele matou a Mariana na chácara ou no local onde o corpo foi encontrado”, afirma Izar Neto.
Mariana foi achada morta em área de canavial em Cambaratiba, distrito de Ibitinga, cidade próxima a Bariri. Ela estava de bruços, com as mãos amarradas para trás e um tecido no pescoço.
A jovem foi enterrada no início da tarde desta do dia 26 de setembro, sob forte comoção, no Cemitério Municipal de Bariri.
Mariana Bazza, de 19 anos, foi enterrada em Bariri — Foto: TV TEM/Reprodução
G1