2016 se aproxima, e como será ano de eleições municipais pré-candidatos já se movimentam visando se destacar perante o eleitorado. Vale de tudo para se mostrar simpático em atividades que se manifestam de várias formas, participando de eventos em geral: encontros na zona rural, batizados, casamentos, cultos, missas, jogos esportivos, festas populares e sepultamentos, de preferência segurando a aba do caixão. Isso sem contar com aquelas tradicionais “ajudas” em momentos difíceis que parte dos eleitores tanto gostam e esquecem até a próxima providencial “ajuda” nas vésperas do pleito, sendo atendido por candidatos diferentes numa exploração mútua.
Neste período, o eleitorado é tratado com toda simpatia e recebido como se fosse amigo de infância. Se o candidato for da situação, se mostra solícito em resolver as demandas e mostra seus feitos. Se for da oposição, se mostra solidário e indignado com “tudo isto que está aí”, e ainda afirma com toda segurança que “comigo vai ser diferente”, é um absurdo e tal. É de praxe.
As movimentações são válidas e fazem parte do processo, porém, senhores candidatos, “pulo amor de Deus” (como diz o mestre Vavá), não repitam mais aquelas promessas. Não toquem mais nestes problemas que os eleitores não aguentam mais, virem o disco, pulem a página. Se quiserem mesmo resolver a questão, não paguem mico perante a população. Ninguém aguenta mais falar nisso “óia”:
1 – VALAS DO FUTEBOL E ESTAÇÃO
Em toda eleição os candidatos deitam e rolam sobre esse assunto e não raras vezes de forma sensacionalista, criticam duramente o gestor do momento. Muito compadecidos com a população carente que mora às suas margens, chegam a dizer que vão resolver aquela “absurda situação’, e mesmo sem mostrar como, são aplaudidos empolgadamente. Tudo cena eleitoral, pois para fazer algo concreto e definitivo na Vala do Emboca exige um investimento vultuoso que as prefeituras não possuem condições sozinhas para tal, dependem de parcerias com o governo federal ou estadual.
A solução do problema é complexa. Ali naquela vala, para começar direito seria necessário fazer um levantamento dos esgotos e fossas das residências que despejam seus dejetos diretamente na vala e consequentemente escorre para o rio Ingá cujo o encontro se dá cruzando o bairro da Senzala. Isto é fruto da falta de fiscalização da prefeitura em todas as gestões. Por outro lado, a própria população não colabora e de forma deseducada joga na vala todo tipo de lixo, deixando-a fétida e entupida. Dessa forma, um canal natural de águas pluviais se transformou em um poluído córrego a céu aberto. Portanto, enquanto não tiver um grande projeto estruturante, cabe a prefeitura apenas fazer a manutenção com limpeza periódica.
Já a vala da estação, que foi canalizada pela prefeitura na gestão do prefeito Renaldo Rangel, bastaria colocar mais placas de proteção para amenizar a situação, além da limpeza periódica.
2 – LAVANDERIA DO EMBOCA
A lavanderia do Emboca é outro tema recorrente nos discursos dos candidatos. Atualmente tem mais um valor simbólico do que prático. No passado, quando a maioria da população daquele bairro não tinha acesso a água enganada sua importância era bem maior. Hoje ainda tem sua serventia, mas sem dúvida o alcance não é mais como antes. Por isso, a atual gestão que herdou um prédio praticamente em ruínas, tem pretensões de melhor aproveitar aquele espaço, além de fazer uma simples lavanderia. Se o atual prefeito, Manoel da Lenha, que não prometeu nada neste sentido fizer a obra, sem dúvida já se destacaria dos demais que só fizeram exploração política até o momento. Será que consegue? ainda tem um ano pela frente.
3 – CRECHE DE PONTINA
A creche sonrisal de Pontina quase causou uma tragédia, tendo seu telhado caído pouco tempo depois de construído. Graças a Deus não havia crianças e funcionários no momento fatídico. Este é um problema mais recente, porém largamente explorado nas últimas eleições. Duas gestões já se passaram e estamos entrando no quarto ano da atual ainda sem solução definitiva, cujo tema poderá voltar novamente no período eleitoral. Em termos de recursos e estabilidade do país, a gestão passada realmente tinha mais condições para reconstrução, mas as prioridades foram outras obras que inclusive ficaram inacabadas. A atual gestão mesmo enfrentando uma situação de crise generalizada, aos trancos e barrancos tem tentado resolver o problema. Mas, no ritmo que as obras andam talvez as crianças de Pontina só a verão pronta quando estiverem cursando já a faculdade.
O prefeito Manoel da Lenha quer deixar pronta a obra de reconstrução da creche ano que vem. Tomara que consiga, pois ninguém aguenta falar mais nisso.
4 – BARRAGEM DE SERRA VELHA
Um tema que quase ninguém presta atenção, mas desde as eleições de 2008 que se escuta falar nisso. Há candidatos que têm uma verdadeira obsessão pelo tema. As promessas seguiram nas eleições seguintes, 2010, 2012 e por último nas eleições para governador em 2014. Inclusive foi proferido um discurso durante um evento político na cidade de Ingá, onde o candidato dizia que estava tudo pronto, projeto aprovado na mesa do governador, dando a entender que as obras começariam na semana seguinte. Passou o ano e nada, mesmo enfrentando a maior seca dos últimos tempos.
Duvida? tá tudo gravado. Portanto Sr. Político, não prometa mais isso. Façamos o seguinte, quando a obra começar, nos avise que iremos com todo o prazer registrar o início do grande feito.
5 — FÁBRICAS PARA INGÁ
“Vamos lutar para desenvolver Ingá, trazendo fábricas e empregos”. Essa ladainha é repetida em toda campanha. Se as promessas dos políticos tivessem sido cumpridas Ingá já teria hoje um verdadeiro distrito industrial com fábricas de fios, sabão, fumo, reciclagem, etc.
Neste sentido, acreditamos na boa intenção dos políticos, porém não é fácil, não é tão simples como tentam passar para a população em época de campanha eleitoral, não depende exclusivamente da prefeitura a instalação de uma fábrica. Se fosse assim, creio que já teriam feito.
Para uma grande empresa investir numa determinada área ou cidade, depende de uma junção de fatores favoráveis, de toda uma conjuntura econômica e estrutural. Uma empresa, independentemente de seu porte, não investe numa cidade apenas porque tem simpatia pelo gestor ou pelo seu povo. Investe na intenção logicamente de obter lucros, obviamente, pois sem lucro não há empregos, não há progresso.
A situação da economia brasileira realmente hoje não tem sido favorável para expansão de fábricas, no entanto, a crise não vai durar para sempre, e de fato o município de Ingá poderá ser um atrativo, uma vez que possui boa estrutura como estradas, linha férrea, abastecimento d’água e importante matriz energética como o gás que corta seu território. Só será possível alavancar este potencial, se houver uma atuação conjunta entre Estado e município. Quando nossos representantes políticos deixarem de brigar apenas por cargos e pressionassem conjuntamente o governador mostrando o verdadeiro potencial estrutural do município, talvez tenha alguma chance.
O último, ou talvez o único governador que realmente olhou para Ingá com a visão realmente desenvolvimentista foi o saudoso Tarciso Burity, que investiu em estradas, hospital, máquinas e na agricultura. Depois dele, Cassio investiu em pavimentação de ruas, acessos a Pontina e Chã dos Pereiras, ginásios esportivos e policlínica. O atual, Ricardo Coutinho, que na campanha confundiu Ingá com Cajá, nos riscou do mapa durante quatro anos e só terminou uma ponte de 50 metros, devido a mobilização da população. Recentemente tem investido na recuperação da finada PB 095. No entanto, nenhum deles, assim como nenhum deputado, tem atuado decisivamente para oferecer condições que atrai instalação de fábricas na nossa região.
Na gestão atual, houve um pequeno avanço com a instalação de uma fábrica de alumínio, embora seja altamente mecanizada que absorve uma pequena mão de obra especializada. Tem incentivado pequenas fábricas de roupas e fardamento, também na área de segurança, comércio, turismo e investe na capacitação de mão de obra através de cursos oferecidos pela secretaria de ação social, que auxiliam o cidadão a obter uma profissão. Porém, mesmo que tenha lutado, ainda não conseguiu algo de impacto que realmente mude nossa realidade na área de geração de emprego e renda, aliás, nenhum município em nossa região conseguiu até agora. A Fábrica Alpargatas e prefeitura continuam como sendo os maiores empregadores do município.
Portanto, Srs. Candidatos, quando chegar a campanha eleitoral moderem seus discursos com relação a estes problemas. O eleitor já está cansado e como vimos, uns problemas são mais fáceis de resolver, outros de uma complexidade que independem da vontade do gestor.
Temos outros temas e problemas pontuais que devem ser explorados nas áreas da educação, saúde, ação social, agrícola, saneamento básico, funcionalismo e até segurança, por exemplo. Estes sim, dependem diretamente da administração municipal, de como a cidade é gerida, escolhas e prioridades. Pronto, aproveitem para fazer suas críticas, não esquecendo de apresentar as propostas e soluções. Convença o eleitor que pode fazer melhor, do contrário serão encarados apenas como PROMESSAS AO VENTO e apenas luta pelo PODER.
Fotos/internet/Charge Bruno
Inga Cidadao