quinta-feira, outubro 31, 2024
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Paraíba envia peritos para identificar mortos em presídio no Rio Grande do Norte

Rebelião durou mais de 14 horas e só terminou após intervenção de tropas especiais, o conflito pode ter sido entre faccoes

Ainda sem saber quantos corpos irá encontrar após a rebelião no maior presídio do Estado, ocorrida neste sábado (14), o governo do Rio Grande do Norte alugou um caminhão-frigorífico para transportar e abrigar as vítimas do massacre.

Leia também: Rebelião termina no Rio Grande do Norte, após quase quinze horas de conflitos

Até agora, o governo fala em dez mortes, mas admite que o número deve ser maior. Há relatos de corpos decapitados e mutilados –o que deve dificultar o trabalho.

O aluguel do caminhão tenta suprir a deficiência estrutural do IML de Natal, o Itep (Instituto Técnico-Científico de Perícia), para onde serão encaminhados os mortos.

Médicos-legistas da Paraíba foram convocados para ajudar a equipe, que está reduzida.

Até pouco tempo, corpos não identificados ficavam empilhados nos fundos do prédio, numa área aberta, em caixas sem refrigeração. Peritos usavam colheres de sopa e cabos de guarda-chuva como instrumentos de trabalho, na falta de equipamentos.

Ainda hoje, o cheiro do local incomoda quem o visita pela primeira vez.

“É um prédio antigo, insalubre”, diz o pesquisador Ivenio Hermes, do Observatório da Violência do Rio Grande do Norte.

Segundo ele, um dos principais problemas é a energia: a tensão do prédio é menor do que a necessária, o que impede ou dificulta a instalação de novos equipamentos. Além disso, em caso de apagões, o que ocorre com frequência, não há gerador –e os funcionários precisam colocar gelo sobre os corpos para evitar o apodrecimento.

No ano passado, o instituto ganhou dois freezers e novos equipamentos, mas a estrutura ainda é insuficiente para dar conta da demanda.

“Ainda está muito longe de um padrão aceitável”, diz o advogado Gabriel Bulhões, da Comissão de Advogados Criminalistas da OAB-RN. “A estrutura é precaríssima, surreal.”

Alguns exames laboratoriais, como os de DNA, são feitos em Salvador, pela falta de estrutura adequada. Outros levam até um ano e meio para serem agendados.

O Itep admite que tem um “quadro reduzido”, principalmente em função de aposentadorias recentes. O governo promete realizar um concurso ainda no primeiro semestre, para 358 vagas, e deve inaugurar um laboratório de DNA até o final do ano.

A identificação dos mortos na rebelião em Alcaçuz deve começar ainda neste domingo (15).

As ruas no entorno da sede do Itep foram interditadas, para facilitar o acesso das famílias. O órgão também colocou dois psicólogos e dois assistentes sociais à disposição para atendimento.

Folha de São Paulo

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