O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), saiu em defesa do ex-presidente Lula e rejeitou a possibilidade dele vir a ser convocado para prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. A declaração ocorreu após ser perguntado sobre reportagem da revista Veja desta semana, que informa um suposto pedido de Lula ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para atuar na tentativa de adiar o julgamento da ação penal do mensalão.
“Este não é o foco da CPI”, disse Tatto. Durante entrevista coletiva, nesta segunda-feira (28/05), o petista colocou em dúvida as declarações de Gilmar Mendes à Veja. De acordo com a matéria, o ex-presidente conversou com o ministro do Supremo no escritório do ex-ministro da Justiça e ex-presidente do STF Nelson Jobim para adiar o julgamento do mensalão. Sem atacar Gilmar diretamente, o líder do PT afirmou que acredita nas palavras de Nelson Jobim e nas atitudes de Lula. “Noventa por cento da população aprova o Lula e acredita no Lula”, afirmou.
Apesar de colocar em descrédito as declarações de Gilmar Mendes, o líder petista acredita que o ministro do STF também não deve ser convocado pela CPI. Usando o mesmo motivo para defender Lula, Tatto diz que uma investigação contra Mendes é sair do “foco da CPMI”. Mesmo uma suposta viagem do integrante da mais alta corte a Berlim, na Alemanha, com os custos pagos pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não seria tema de investigação.
Por enquanto, até a oposição não trata de uma convocação dos dois. À tarde, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), anunciou que a oposição entrará com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a investigação de Lula por corrupção ativa, coação e tráfico de influência. Para o líder do Psol, Chico Alencar (RJ), é preciso agir para acabar com qualquer suposição de “troca de favores”.
“Na CPMI, apurando a possível viagem de Mendes e Demóstenes em avião providenciado ou bancado pelo detento Carlos Cachoeira. Esta, em tendo ocorrido nesses termos, seria espúria e de gravíssimas consequências. No STF, agilizando, de maneira independente e serena, o julgamento final do mensalão”, disse, em nota. O líder do Psol ressaltou que “o saudável costume dos ministros do STF é receber os cidadãos, em exercício de função pública ou não, em dependências do próprio tribunal, com toda transparência”.
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