12º domingo do Tempo Comum – Ano B
(24 /junho/ 2012)
Leia Evangelho segundo Lucas 1, 57-66.80
VIVA SÃO JOÃO BATISTA, VIVA O PRECURSOR!…
Nossa vida de fé é marcada por muitas promessas, a primeira delas no Batismo, quando pais e padrinhos, falando por nós prometem e se comprometem em professar uma fé viva, capaz de um testemunho autêntico diante do filho ou do afilhado, e na unção do sacramento da crisma prometemos acolher em nossa vida o dom do Espírito Santo e deixarmo-nos conduzir por ele. O “amém” ao receber a Eucaristia não deixa de ser também uma promessa, de viver sempre em comunhão com Jesus, e no sacramento da Ordem, o candidato uma vez investido promete se entregar a Deus e à igreja total e sem restrição, ou no Matrimônio o casal promete viver um amor total de entrega e doação à Santa Igreja e de um ao outro em busca de santidade na vida conjugal. Fazemos muitas promessas diante de Deus, antes de receber o sinal sacramental, mas sabemos muito bem, que por causa dos nossos pecados, da nossa fragilidade muitas vezes quebramos promessas sagradas, quando acontecem as separações de casais, o abandono do ministério sacerdotal, e da comunidade sem levar em conta o compromisso assumido.
Não é de hoje que o homem não cumpre suas promessas diante de Deus, pois a Bíblia está repleta de relatos onde as pessoas, e o próprio povo descumpriu algo prometido diante de Deus. Entretanto, não encontramos uma só palavra ou frase, no antigo ou no novo testamento, onde afirme que Deus deixou de cumprir algumas de suas promessas feitas para o homem.
O nascimento de João Batista, único santo que no calendário da Igreja, tem sido comemorado o seu nascimento e não a sua morte como os outros santos. Portanto, se reveste de muita importância na história da salvação, justamente por ser um elemento divisor entre o tempo chamado das promessas, o Antigo Testamento e o tempo do cumprimento das mesmas, o Novo Testamento. A história da Salvação teve início com uma promessa feita pelo próprio Deus. Ele prometeu através de líderes como Moisés, dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, dos profetas e demais homens e mulheres do povo de Deus.
E agora veja terminou para Isabel o tempo da gravidez pois, ela deu à luz um filho. Este não é um nascimento qualquer de um israelita, povo eleito de Deus, mas Lucas faz questão de salientar que se completou o tempo de gestação, o tempo de espera, e o útero de Isabel, antes estéril e incapaz de gerar vida, tocado por Deus torna-se fértil, simbolizando de repente o coração de todo um povo, cansado de sofrer, de andar por caminhos errados, por atalhos que só levavam à morte, e guiados por falsos líderes. Toda a esperança que este povo guardava no coração as promessas de Deus, irrompe agora como um lençol d’água que fura a rocha e flui à flor da terra, para saciar os sedentos de esperança e de vida nova.
João Batista inicia a resposta de Deus aos anseios do povo, após um silêncio de muitos anos de espera. Zacarias, sacerdote do templo e pai de João Batista, faz parte deste povo, que espera o cumprimento da promessa prometida por Deus ao homem, que pecou e comprometeu todas as gerações pelo seu pecado de desobediência. Veja o que Senhor Deus disse a serpente: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela”. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.(Gn 3,36). É o primeiro anúncio da Boa Nova que Deus fez ao homem decaído, o chamado Proto-Evangelho.
Agora a súbita mudez de Zacarias, o pai de João Batista, longe de ser um castigo, é prenúncio do tempo feliz que com ele irá se iniciar, e ao apresentar a criança no templo, para ser circuncidado isto é, cortar o prepúcio como o fazia o sacerdote numa celebração pós-nascimento; Assim ele confirma o nome de João como já havia dito Izabel, que assim seria chamado o menino. Este nome significa precisamente aquele que anuncia, que Deus tem piedade do povo e Zacarias recuperando a voz, glorifica a Deus que visitou o seu povo ou seja que Ele vai cumprindo a sua promessa anunciada já no início da Criação.
Que significado tem, para nós cristãos, a celebração do nascimento de João Batista neste dia 24 de Junho? Se ficarmos apenas nos festejos juninos típicos desta data, iremos nos divertir muito, mas certamente não iremos aprender nenhuma lição mais profunda que este acontecimento nos quer sugerir.
O nosso povo, tanto quanto aquele povo de Israel, em meio aos sofrimentos físicos e morais, também tem guardado no coração essa esperança de que um dia o bem supremo irá triunfar sobre as forças do mal. É verdade que conforme os dias vão passando, às vezes o desânimo vai tomando conta do coração de muitos, que vão perdendo a crença em Deus ou diminuíram o seu entusiasmo de fé, sufocando o amor e a razão de viver, celebrando a própria vida, dom gratuito de Deus, que lhe confirma esta mesma razão de viver, de ser.
João vislumbra algo que ninguém tinha ainda enxergado: que o reino de Deus já estava no meio dos homens, na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré. Anuncia a necessidade de uma mudança de mentalidade e de coração, para acolher este reino novo, que não se fundamenta em mentiras e fantasias, mas na Verdade que é Jesus Cristo, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1,36).
Olhando para a origem de João, seu nascimento e a missão de precursor do Messias, que Deus lhe confiou, podemos refletir sobre tais acontecimentos à luz do evangelho, e mais do que refletir, já está na hora de vivermos esse evangelho, que fala de um novo tempo, de um Reino que já está entre nós e que consegue restituir ao coração humano toda essa Esperança que é Jesus de Nazaré, pois como João Batista, todos nós nascemos da fé e pelo nosso batismo, somos os portadores e anunciadores dessa Boa Nova ao homem descrente, por vezes, deste terceiro milênio, que já se adentra no seu décimo segundo ano precisamente.
Viva o Senhor São João Batista!
Pe José D. Macedo