Dona Lia fez um ‘memorial’ e reproduziu no lugar várias memórias que adquiriu de sua avó. Hoje, o Memorial do Cuscuz recebe turistas do mundo inteiro.
Neste sábado (19) é comemorado o Dia do Cuscuz. No município de Ingá, na Paraíba, um restaurante se tornou memorial, o Memorial do Cuscuz, com um verdadeiro acervo de objetos usados da fabricação ao consumo final da comida.
Dona Lia é a responsável pelo Memorial do Cuscuz. Ela reproduziu no lugar os saberes e memórias que adquiriu de sua avó, que cozinhava cuscuz para Lia e seus irmãos ainda em sua infância.
“Minha avó foi quem me ensinou a fazer o cuscuz. Eu sou muito grata a ela! E aqui, no memorial, tenho muitas coisas resgatadas da minha família: presentes de casamento do meu avô, objetos da minha avó, todos com significado”, diz.
Ao longo dos anos, Lia precisou passar por cima de várias dificuldades impostas pela vida. Chegou a morar em Recife, Pernambuco, e voltou para a Paraíba pra cuidar da mãe, que faleceu anos depois.
Foi quando Lia teve a ideia de abrir um lugar para expor e vender a comida que aprendeu a amar ao longo da vida: o cuscuz. Em 2015, ela abriu oficialmente o Memorial do Cuscuz, em Ingá, Agreste paraibano.
O milho usado por lá também é cultivado na terra da família. Uma tradição que se repete e é demonstrada em cada prato de cuscuz servido no memorial.
Em 2020, com a pandemia, o lugar deixou de receber turistas e viu as vendas cair. Além das consequências da crise sanitária, um incêndio destruiu alguns eletrodomésticos e objetos que ficavam expostos.
Apesar das dificuldades, dona Lia seguiu em frente e o Memorial do Cuscuz voltou a funcionar plenamente.
Hoje, o memorial é conhecido no mundo inteiro, e já recebeu turistas de várias partes do Brasil e até do mundo. Todos com uma curiosidade em comum: experimentar o cuscuz nordestino e conhecer mais da cultura da região.
“Já veio gente de todo canto! Quantos já vieram! Eles ligam pra mim, me acham nas redes sociais, e passam por aqui pra comer o cuscuz que ficou famoso”, conta.
Receita de cuscuz de Dona Lia
O cuscuz “cabeça amarrada” é o mais pedido no Memorial do Cuscuz. Lia explica que o pano de prato deve ser enrolado em volta do prato para que a massa fique no ponto. Ele é cozinhado à lenha.
A massa do cuscuz é feita com o milho cultivado na terra da família. A própria Lia mói o milho, que se torna farinha, e depois vai ao fogo para ser cozinhado.
O ponto certo é quando a massa fica “fofa”. E quando fica pronto, ela sugere os acompanhamentos ideais: manteiga, carne de charque, galinha de capoeira… É só usar a criatividade!