quarta-feira, novembro 27, 2024
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‘Game of thrones’ teria funcionado melhor com 12 temporadas, diz George R.R. Martin

Nos cinco anos em que os executivos da HBO buscaram um sucessor digno para “Game of Thrones”, George R.R. Martin sempre insistiu em uma ideia: a história da ascensão e queda da família Targaryen, ambientada quase 200 anos antes dos eventos da série original. A HBO resistia em criar uma série que, mais uma vez, estava focada na luta pelo Trono de Ferro. Roteiristas foram contratados e descartados, mas Martin não desistiu. O canal chegou a filmar – e cancelar – outro piloto, mas no fim a persistência do autor prevaleceu. “A Casa do Dragão” foi encomendada no final de 2019, com Martin como criador ao lado de Ryan Condal

“A Casa do Dragão”, a primeira série derivada de “Game of Thrones”, estreou neste domingo, e as apostas são altas para a HBO. Um sucesso pode provar a viabilidade do Universo Cinematográfico de Thrones. Um desempenho medíocre (ou pior) levará a questões mais amplas sobre se milhões de espectadores estão desejando mais séries “Thrones”. Numa conversa no final do mês passado, Martin explica por que acredita tanto nessa ideia; fala sobre suas ambições para futuros spinoffs; e como seus livros em andamento irão divergir do controverso final de “Game of Thrones”, a série de TV. Estes são trechos editados da nossa conversa.

Dois roteiristas tentaram desenvolver a sua história Targaryen e não chegaram a lugar nenhum. Por que você decidiu continuar pressionando?

Eu não queria desistir. Já tínhamos muito material escrito e eu via ali tudo o que precisávamos para uma sequência de sucesso. A intriga em torno do Trono de Ferro, as grandes casas, os dragões – muitos dragões –, batalhas e traições.

“A Casa do Dragão” tem sobreposições temáticas com “Game of Thrones” – rivalidade familiar, a batalha pelo trono. Em que aspectos é diferente?

“Game of Thrones” e minha versão em livro, “As Crônicas de Gelo e Fogo”, de certa forma se trata de alta fantasia clássica no estilo de Tolkien e de muitos, muitos escritores que vieram depois dele. Agora, é verdade que, em certo sentido, eu desconstruí esses tropos, esses mitos, algumas marcas registradas. Mas também sigo (esses padrões) até certo ponto. “A Casa do Dragão” é mais uma ficção histórica com alguns dragões. É como uma tragédia shakespeariana.

Há pouco mais de três anos “Game of Thrones” terminou de forma decepcionante para muitos fãs. O que você achou do final?

Uma das discussões era: quantas temporadas seriam? E [os criadores de “Game of Thrones”, David Benioff e Dan Weiss] por anos diziam que queriam encerrar em sete temporadas. Bem, sete se tornaram oito porque a oitava temporada é na verdade a segunda metade da sétima temporada.

Mas nunca senti que sete ou oito temporadas fossem suficientes. Fiz campanha por 10 temporadas, e poderíamos ter ido para 12. Há material suficiente – e certamente haverá material suficiente quando eu terminar esses dois últimos livros – para sustentar 12 temporadas.

Mas eu perdi essa batalha, e fomos com oito. Acho que uma das grandes reclamações sobre essas últimas temporadas não é apenas o que aconteceu – embora haja reclamações sobre isso – mas também que aconteceu muito de repente, sem preparação. E se tivéssemos 10 ou 12 temporadas, acho que teria funcionado melhor.

Considerando essa reação, quão preocupado você está com o novo show, se as pessoas ainda estarão cansadas para retornar a esse universo ou se vão chegar muito armadas?

Eu vejo comentários online e, às vezes, algumas pessoas me enviam e-mails diretamente. Também tenho uma preocupação semelhante com o meu livro. Como você sabe, “The Winds of Winter” está muito, muito atrasado – o último livro saiu há 11 anos, e as pessoas estão muito bravas com isso. Mas quantas pessoas?

“A Casa do Dragão” e qualquer outra série derivada que venha, e “The Winds of Winter” quando chegar, enfrentarão uma reação imediata e alguma resistência de pessoas que nem querem dar uma chance.

Digamos que “A Casa do Dragão” seja um sucesso. Qual seria sua ambição a partir daqui? Um universo de séries no mundo “Thrones”?

Bem, estamos desenvolvendo várias outras derivadas. Temos a sequência de Jon Snow, e o resto são prelúdios. Temos “Ten Thousand Ships”, sobre Nymeria, algo como mil anos antes e sobre como os roinares chegaram a Dorne. Será um épico tipo “Odisseia”. Há as nove viagens de Corlys Velaryon, a Serpente do Mar. Isso nos levaria a lugares do mundo que nunca vimos.

Temos algumas séries em animação em andamento, uma das quais foi ambientada em Yi Ti, que é basicamente a versão de fantasia da China Imperial ou do Extremo Oriente. Temos um roteiro fantástico sobre isso. Obviamente, nem todos esses programas que estamos desenvolvendo vão ao ar, mas espero que vários deles cheguem.

Antes de “A Casa do Dragão” receber luz verde, a HBO gravou um piloto inteiro para uma série que acontece mil anos antes dos eventos de “Game of Thrones”. Acabou sendo cancelado. O que deu errado?

Bem, eu não vi o piloto. Por alguma razão, eles não me mostraram, então não sei. Foi, de certa forma, mais desafiador, porque nessa eles voltavam muito mesmo ao passado. A Longa Noite é mencionada em meus livros aqui e ali, mas é um evento antigo sobre o qual as pessoas contam histórias – é como o Jardim do Éden ou um dilúvio bíblico. Lembro quando estávamos desenvolvendo, eu disse: “Você estão voltando tão longe que se fosse um prelúdio de “Sopranos”, estariam falando sobre os etruscos, os ancestrais de Tony Soprano. Talvez sobre homens das cavernas.

Qual foi o seu nível de envolvimento em “A Asa do Dragão, comparando com “Game of Thrones”?

Estou muito mais envolvido em “A Casa do Dragão” do que nas últimas temporadas de “Game of Thrones”. Mas eu estiva muito envolvido nas primeiras temporadas de “Game of Thrones”. Entre a 1 e a 4 não só escrevi um roteiro, mas especialmente nas temporadas 1 e 2 eu dava um veredicto sobre todo o elenco, lia os roteiros, falava com Dan e David, visitava o set. Mas com o passar dos anos, esse envolvimento tornou-se cada vez menor.

Seus próximos livros serão diferentes da série?

Muito dessa história vem a mim enquanto a escrevo. Eu sempre soube que quando a série fosse além dos meus livros – o que honestamente eu não previa – começariam a seguir caminhos diferentes. Agora, enquanto escrevo os livros e faço mais e mais progresso e ele fica mais e mais longo, as idéias estão vindo a mim e os personagens estão me levando em direções ainda mais distantes da série.

Então acho que você vai descobrir que, quando “Winds of Winter” e, espero, “Dream of Spring” forem lançados, meu final será muito diferente. Haverá algumas semelhanças, alguns grandes momentos que contei a David e Dan há muitos anos, quando eles me visitaram em Santa Fé. Mas só tivemos dois, três dias lá, então não contei tudo a eles. E mesmo algumas das coisas que eu disse estão mudando enquanto escrevo. Então serão diferentes. E caberá aos leitores e espectadores decidirem qual eles gostam mais e discutir sobre isso.

Quando os livros estarão prontos?

Sem comentários. Sem comentários. Sem comentários. Eu fico em apuros toda vez que faço isso. Quer dizer, voltando uns 10 anos, eu disse: “Ah, devo terminar ano que vem”. E então não fica pronto no próximo ano. “George mentiu para nós.” Eu não sou bom em prever essas coisas. E em parte depende de quantas interrupções surgirão. Estou em um bom momento agora, então estou otimista. Mas não vou fazer previsões.

ClickPB

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