A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) volta do recesso parlamentar na terça-feira (1º) após cerca de um mês de pausa. As atividades parlamentares — como votações, reuniões de comissões e sessões plenárias — ficaram suspensas durante esse período. Apenas os trabalhos administrativos da Casa foram mantidos.
Os 24 deputados da nona legislatura (2023-2026) tomaram posse em 1º de janeiro. Durante os primeiros seis meses do ano, 450 projetos de lei foram discutidos — 131 deles aprovados em plenário. O foco principal foram o enfrentamento da violência contra as mulheres e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, que investiga os atos extremistas de 12 de novembro e de 8 de janeiro em Brasília.
O presidente da Câmara Legislativa, Welligton Luiz (MDB), afirma que o saldo do semestre foi “extremamente positivo”. “Talvez nós tenhamos tido o semestre mais conturbado da história do DF”, afirma o deputado ao se referir aos atentados do começo do ano.
A CPI ouviu 16 depoimentos durante o primeiro semestre de pessoas suspeitos de participação direta nos atos extremistas, autoridades de segurança pública do DF e do governo federal. Ao todo, 168 requerimentos foram produzidos entre solicitações de informação, cópias de documentos, convocações para depor, entre outros.
A CPI volta à ativa no segundo semestre, começando com o depoimento do major da Polícia Militar do DF Flávio Silvestre de Alencar, na quinta-feira (3). Ele é suspeito de ter ordenado a retirada das tropas da PM dos arredores do Congresso Nacional, o que facilitou a invasão pelos criminosos. O policial foi preso na 12ª fase da Operação Lesa Pátria.
No primeiro semestre, a Câmara Legislativa aprovou projetos pelos direitos das mulheres, como a Lei Paz na Família, que tem como objetivos proteger, amparar e promover o desenvolvimento das mulheres vítimas de violência; a criação de Comitês de Proteção à Mulher como órgãos integrantes da administração pública local; a lei que obriga estabelecimentos a auxiliar mulheres que se sintam em risco dentro dos comércios; e a lei que garante sigilo dos dados das mulheres em situação de risco decorrente de violência doméstica.
A violência policial superou, em seis meses, o índice de todo o ano de 2022 e também foi foco em discussões na Casa; violações no sistema prisional e racismo também tiveram destaque.
A partir de denúncias da população, deputados distritais visitaram, ao longo do primeiro semestre, hospitais e UPAs para acompanhar as condições dos pacientes e dos servidores que trabalham nesses locais. Além disso, em abril, a Câmara Legislativa sabatinou o indicado para a presidência do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), aprovando o nome de Juracy Cavalcante para o cargo.
Uma das medidas que partiram da CLDF foi a construção de novas paradas de ônibus e a criação de prazos de validade dos créditos de cartões de transporte coletivo. A partir de abril deste ano, os créditos têm validade a contar da data da aquisição — cinco anos no cartão mobilidade e dois anos no cartão vale-transporte.
A Câmara Legislativa aprovou ainda uma lei para autorizar a extensão de usos e atividades no Setor Comercial Sul (SCS) de Brasília com a intenção de revitalizar a área.
O reajuste dos servidores públicos e de segurança e a lei que autoriza a CEB a prestar serviços de iluminação pública pelos próximos 30 anos foram outros dois projetos longamente discutidos e aprovados pela Câmara Legislativa no primeiro semestre. O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) foi aprovado com R$ 59.253 bilhões de receita total e déficit previsto de R$ 917 milhões.
Os direitos dos animais foram também pauta na Câmara Legislativa. Foi aprovada, por exemplo, a lei que estabelece diretrizes para o transporte animal em carros e a lei que cria um Cadastro Distrital de pessoas punidas por maus-tratos a bichos no DF.
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