A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira (12/9) Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS” e apontado como um dos operadores do esquema da farra do INSS, revelada pelo Metrópoles.
O empresário Maurício Camisotti também foi preso pela corporação, suspeito de integrar o esquema de descontos indevidos.
As ações são cumpridas no âmbito da nova fase da operação Sem Desconto, batizada de operação Cambota, que investiga fraudes em descontos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Além dos dois mandados de prisão preventiva, também são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados de São Paulo e no Distrito Federal.
A ação apura os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados.
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
Vindo do ramo do Marketing, Antunes é apontado como um dos operadores do esquema e é considerado um dos principais investigados. Ele é tido como um elo de ligação entre as entidades que supostamente teriam realizado descontos fraudulentos de beneficiários do INSS.
Ele é suspeito de pagar propina para diretores do órgão para favorecer as entidades envolvidas e obter, por meio do INSS, dados cadastrais de beneficiários, repassando as informações para as entidades acusadas de fraudar filiações para cobrar mensalidades indevidas.
A coluna mostrou, por exemplo, que o ex-diretor de Benefícios do órgão recebeu R$ 1,4 milhão diretamente do lobista. Já o procurador afastado do órgão teria recebido R$ 7,5 milhões.
Segundo a PF, ele é sócio de uma “miríade de empresas”, muitas das quais estariam envolvidas na “farra do INSS”, em especial a Prospect Consultoria.
“Verificou-se que as empresas de Antonio Carlos Camilo Antunes operaram como intermediárias financeiras para as entidades associativas e, em razão disso, receberam recursos de diversas associações que, em parte, foram destinados a servidores do INSS”, diz trecho de representação da PF.
Em fluxograma incluído na representação da PF, a corporação aponta que o “careca do INSS” teria ligação com entidades como a Ambec, a CBPA, a Asabasp, a Cebap e a União Nacional de Auxílio aos Servidores Público Unaspub.
“Ao todo, portanto, pessoas físicas e jurídicas relacionadas a Antonio Carlos Camilo Antunes receberam R$ 48.133.789,76 diretamente de entidades associativas e R$ 5.452.899,34 de empresas intermediárias relacionadas às entidades associativas, totalizando R$ 53.586.689,10. Antonio Carlos Camilo Antunes, por sua vez, enviou R$ 9.329.550,53 para pessoas físicas e jurídicas relacionadas a servidores do INSS”, diz um dos documento da operação Sem Desconto.