Valcke dizia que entrar em 2014 sem o estádio pronto significaria ser excluído da Copa. Com três cidades nessa exata situação, é forçado a recuar outra vez
A Fifa entregou a realização da Copa do Mundo de 2014 ao Brasil há seis anos, em 2007 – e não demorou a perceber que teria de ficar sempre no pé das autoridades do país-sede para garantir que as obras fossem concluídas a tempo. Nos últimos anos, a entidade aceitou adiar os prazos combinados com os brasileiros em diversas ocasiões. Só na Copa das Confederações foram nada menos que três extensões no tempo acertado para a entrega dos seis estádios do torneio. O secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, sempre dizia que esses adiamentos só seriam possíveis no ensaio-geral para a Copa, em meados deste ano. Quando chegasse a hora de entregar os palcos do Mundial, avisava o francês, não haveria concessão nenhuma: ignorar a promessa de concluir antes da virada do ano os seis estádios que ainda faltam poderia significar até mesmo a exclusão dessas sedes. Mas Valcke (que alugou a cobertura de Ronaldo no Leblon para ter uma residência temporária no Rio até o fim da Copa) mostra que já se aclimatou bem ao país, passando a praticar com desenvoltura os ensinamentos do jeitinho brasileiro. Na tarde desta terça-feira, na Costa do Sauípe, ele reconheceu que três das seis obras prometidas para este ano não ficarão prontas – e confirmou que teve de recuar em seu ultimato, dando mais “um ou dois meses” para essas sedes (São Paulo, Curitiba e Cuiabá).
“Curitiba é o lugar onde temos os maiores problemas. Aquele estádio não será entregue no prazo de dezembro, isso é fato. Há dois estádios que devem ser entregues mais para janeiro ou fevereiro, sem contar São Paulo”, disse o secretário-geral. A cúpula da Fifa tinha evitado revelar a renegociação dos prazos, mas o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luiz Fernandes, deixou escapar a informação, fazendo com que Valcke fosse questionado pelos jornalistas sobre a mudança. O Itaquerão, palco da abertura, se encaminhava para cumprir o prazo, mas sem a inclusão das arquibancadas temporárias exigidas pela Fifa. O acidente da semana passada tirou o cronograma dos trilhos. Valcke e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, cumpriram o que já era previsto e trataram de usar a reunião desta terça na Bahia para manifestar sua confiança na conclusão das obras em São Paulo a tempo de a cidade receber o jogo inaugural do torneio. É uma tentativa de evitar que o clima de incerteza se alastre fora do país. “Estamos aguardando a investigação completa do acidente. Ainda não estamos em modo de crise, ainda não estamos examinando alternativas a São Paulo. Acreditamos, sim, que será possível concluir o estádio a tempo. Com base nas informações que temos hoje, confiamos na entrega”, disse o francês.
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