Show em João Pessoa com orquestra e coral foi marcado por homenagens às Forças Armadas.
Declamando, cantando e homenageando as Forças Armadas na volta aos palcos após meio século de silêncio auto-infligido, Geraldo Vandré foi reverenciado durante todo o espetáculo que apresentou em João Pessoa, na noite desta quinta-feira (22). Apesar dos pouco mais de 30 minutos intercalados em que o público teve a oportunidade de ouvir a voz do paraibano no show que durou 1h45, Vandré surpreendeu e se emocionou ao entoar “Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando)” junto a um coral de mais de 500 vozes na plateia da intimista sala de concertos do Espaço Cultural José Lins do Rego.
Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, como prefere ser chamado, havia cantado em um palco em solo brasileiro pela última vez no dia 13 de dezembro de 1968, em Anápolis (GO), mesma data em que foi promulgado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), durante o governo militar. Após o exílio a que se submeteu no Uruguai, Chile e Europa, voltou ao Brasil ainda na década de 70, mas só retornou à Paraíba em 2015 – para receber uma homenagem no Festival Aruanda.
Em comum aos dois atos nos quais Geraldo Vandré dividiu esta primeira apresentação em João Pessoa, estavam as recorrentes homenagens às Forças Armadas – nos poemas declamados, nas músicas selecionadas para o repertório e nos comentários e agradecimentos ao público e aos amigos presentes.
O espetáculo contou com um primeiro momento de músicas eruditas e instrumentais e poemas inéditos, apresentados junto à pianista Beatriz Malnic e ao violonista Alquimides Daera. Neste, declamou versos sobre patriotismo e saudosismo, com sutil referência aos últimos shows que realizou antes da interrupção abrupta da carreira (“Minha morte foi marcada / Minha vida foi parada / Morri naquela fronteira”). Em seguida, rumou a um “exílio” no canto do palco e se tornou espectador das composições instrumentais tocadas ao piano por Beatriz Malnic.
Na segunda parte do espetáculo, três composições foram apresentadas pela Orquestra Sinfônica da Paraíba e pelo Coro Sinfônico da Paraíba, com arranjos do multi-instrumentista Jorge Ribbas. “Fabiana”, uma homenagem à Força Aérea Brasileira; “Mensageira”, homenagem à bandeira da Paraíba; e “Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando”).
Depois de fazer breves incursões ao palco durante as apresentações instrumentais do segundo ato, ao final de “Caminhando” Vandré quebrou as expectativas até dos próprios músicos, ao assumir mais uma vez o microfone. Com uma bandeira do Brasil em mãos, cantou junto ao público sua obra mais famosa, emocionou-se e silenciou nos versos “aprendendo e ensinando uma nova lição” – e encerrou o show “batendo continência”.
G1PB