segunda-feira, julho 7, 2025
spot_imgspot_img
HomeDestaqueComo os escândalos fabricados mudaram os rumos das eleições na Paraíba

Como os escândalos fabricados mudaram os rumos das eleições na Paraíba

Esse negócio de provocar escândalos eleitorais em ano pre-eleitoral não é novo na Paraíba. Os mais velhos lembram os episódios de Wilson Braga e seus açudes, de Lucia Braga e os carros de Gesner Caetano e de Cássio com as misteriosas urnas eleitorais de Campina Grande.

O primeiro grande caso aconteceu em 90. Wilson Braga disputava o governo com Ronaldo Cunha Lima e ganharia no primeiro turno. Era 68% contra 6% de Ronaldo Cunha Lima. Não havia jeito que desse jeito. Mas aí apareceu o Sistema Correio de Comunicação tomando partido, fazendo denúncias, o guia de Ronaldo mostrando açudes construídos com o dinheiro do Estado em propriedades particulares, Burity botou João Agripino para baldear a água e, no final, como sabem todos, Ronaldo foi eleito governador com mais de 100 mil votos de diferença.

Veio o pleito de 94, Lúcia Braga candidatou-se contra Mariz, dizia-se que seria uma barbada, dona Lúcia lá na frente, Mariz lá atrás, o Correio de novo meteu a ripa, denúncias foram aparecendo, de repente apareceu Gesner Caetano com seus carros roubados, o guia eleitoral de Mariz mostrava o comboio de carros apreendidos vindo de Campina Grande, dona Lúcia se viu no mato sem cachorro e não deu outra: se elegeu Mariz, que somente governaria alguns meses, sendo tragado pelo câncer que já o consumia desde a campanha.

Esse foi o mais eloqüente, pois aconteceu faltando poucos dias para as eleições e Lucia Braga, como já disse, era a franca favorita. Mariz doente e no rabo da gata, preparava-se para encerrar sua carreira política de forma melancólica, quando surgiram os carros de Gesner.

Gesner Caetano era um médico campinense que tinha, parelamente, uma atividade comercial bastante lucrativa: negociava com carros. Meteu-se a candidato a deputado federal e danou-se a comprar cabos eleitorais, dando carros a torto e a direito. Na minha terra, Princesa, o que mais se via era cabo eleitoral passeando nos carros de Gesner Caetano.

Faltando duas semanas para o pleito, descobriu-se que os carros de Gesner Caetano eram, digamos assim, cães sem donos, não tinham documentos, eram clandestinos. Marcos Beijamin, secretário de segurança pública, foi acionado pelo governador Ronaldo Cunha Lima para pegar os carros, todos eles. O trabalho foi feito, os carros vieram em romaria do interior para a Capital, era fila de carro a perder de vista, a entrada em João Pessoa foi triunfal, todas as luzes acesas, todas as buzinas tocando e a equipe do guia eleitoral de Mariz filmando

Depois, tudo foi jogado no guia eleitoral, Gesner ao lado de Lúcia, Lúcia apontada como cúmplice de Gesner, foi uma apanha e uma entrega, Mariz pulou para o primeiro lugar, ganhou a eleição e só não governou o Estado porque o câncer, que já corroia seus pulmões desde a campanha, o matou.

Aliás, alguém precisa contar até que ponto Mariz foi sacrificado para manter a candidatura, porque ele, já perto do fim do pleito, parecia mais um morto vivo do que um candidato a governador que tivesse energia para dirigir os destinos do seu povo.

Em 2002 o jovem Cássio Cunha Lima se lança candidato contra Roberto Paulino. Em principio, seria ele o favorito. Depois Paulino endureceu o couro, cresceu nas pesquisas, tinha tudo para ganhar. Perdeu por pouco, dizem que graças a uma mágica aplicada nas urnas eletrônicas de Campina Grande, coisa que muitos falaram, mas que nunca foi provada.

Tião Lucena

Comente usando o Facebook

DESTAQUES
spot_img
spot_img

Popular

plugins premium WordPress