Um estudo feito na Coreia do Sul mostra evidências de que as respostas imunológicas humanas evoluem para combater as novas variantes do coronavírus.
Segundo pesquisadores do Centro de Imunologia Viral do Instituto de Pesquisa de Vírus, pessoas infectadas pela Ômicron adquirem uma imunidade aprimorada contra as novas versões dela, sendo pouco provável o desenvolvimento de sintomas graves com infecções causadas por futuras variantes emergentes.
Em estudo publicado na revista Science Immunology, em 12 de janeiro, os cientistas afirmam que as células T de memória que se formam após a infecção pela variante Ômicron respondem melhor contra as cepas subsequentes do vírus.
“Esta descoberta nos dá perspectivas na nova era da endemia da Covid. Pode-se entender que, em resposta ao surgimento constante de novas variantes de vírus, nossos corpos também se adaptaram para combater as futuras cepas dele”, explica o pesquisador Jung Min Kyung, líder da pesquisa.
O surgimento da variante Ômicron, no fim de 2021, mudou o rumo da pandemia. As novas mutações encontradas nela possibilitaram o aumento da transmissibilidade do vírus, tornando-o rapidamente dominante em todo o mundo. Desde então, convivemos apenas com subvariantes descendentes dela (passando pela BA.1 e BA2, BA.4/BA.5, BQ.1, XBB e, mais recentemente, a JN.1).
As características do vírus se tornaram tão distintas, que alguns cientistas o chamam de Sars-CoV-3 e defendem a ideia de a pandemia ser dividida em dois momentos: pré e pós surgimento da variante Ômicron.
Proteção contra variante Ômicron
Depois de ser infectado ou vacinado, o corpo cria anticorpos neutralizantes e células T de memória contra o vírus. O anticorpo neutralizante evita que as células hospedeiras sejam infectadas quando entram em contato com o vírus. As células T de memória procuram e destroem as células infectadas, evitando que a infecção viral evolua para uma doença grave.
A maioria dos estudos sobre a Covid-19 foca suas atenções, principalmente na eficácia da vacina ou nos anticorpos neutralizantes.
Para estudar as células T, a equipe do professor Shin Eui-Cheol avaliou amostras de sangue de pacientes que sofreram infecção pela suvariante BA.2 no início de 2022.
Os resultados mostraram que as células T de memória desses pacientes apresentaram resposta aumentada não apenas contra a cepa BA.2, mas também contra as cepas BA.4 e BA.5, que surgiram depois.
Os pesquisadores descobriram que, ao sofrer uma infecção pela variante Ômicron, o sistema imunitário do paciente foi fortalecido para combater futuras cepas do mesmo vírus.
Uma parte específica da proteína spike — responsável pela ligação do vírus com as células humanas — seria a principal causa do aumento das células T de memória.
Metrópoles