Com a aproximação das festas de final de ano e o consequente aumento do consumo de alimentos em bares, restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos afins, a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa/PB) alerta a população paraibana para os cuidados que devem ser tomados na hora de adquirir e consumir produtos alimentícios fora de casa, levando-se em consideração também o clima normalmente quente comum ao mês de dezembro e aos primeiros meses de cada ano.
Conforme a gerente-técnica de Inspeção e Controle de Alimentos, Água para Consumo Humano e Toxicologia da Agevisa, nutricionista Patrícia Melo Assunção, sendo este período marcado pelo clima quente, pelo maior fluxo de pessoas (em face das férias de estudantes e de muitos trabalhadores) e pelo maior consumo de alimentos em lugares públicos, deve-se, nesta época do ano, ter muito cuidado com a alimentação para prevenir as doenças transmitidas por alimentos (DTAs), que são aquelas causadas pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados.
“Caso a alimentação seja consumida fora de casa neste período do ano, ou de modo geral, no cotidiano, é importante que se observe a organização e a limpeza das instalações dos estabelecimentos, as condições de higiene dos funcionários, a temperatura dos alimentos perecíveis (como leite, queijos, carnes e afins) e também se há presença de moscas ou outras pragas nos ambientes onde as pessoas vão se alimentar”, orienta a nutricionista.
Citando dados do Ministério da Saúde segundo os quais ocorrem no mundo mais de 250 tipos de doenças transmitidas por alimentos (a maioria delas manifestada por meio de infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e outros parasitas que encontram nos produtos alimentícios mal acondicionados, manuseados de forma inadequada ou não higienizados o ambiente perfeito para se reproduzir e se proliferar), Patrícia Assunção observa que, no Brasil, a maioria das DTAs são causadas por bactérias (especialmente pela salmonella, escherichia coli e staphilococcus), Ela acrescenta que há também surtos de doenças transmitidas por vírus, rotavírus ou norovírus e, em menor proporção, por substâncias químicas.
“A ocorrência das doenças transmitidas por alimentos, também identificadas pela sigla “DTA”, está relacionada a diversos fatores, dentre os quais condições impróprias de saneamento e da qualidade da água para consumo humano, a práticas inadequadas de higiene pessoal e o consumo de alimentos contaminados”, explica a gerente de Alimentos da Agevisa.
E acrescenta: “As DTAs são consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública global. Além disso, podem ser fatais, especialmente quando as vítimas são crianças menores de cinco anos ou pessoas idosas”.
Problema mortal – Segundo estimativa da OMS, os problemas com alimentos contaminados causam anualmente o adoecimento de uma em cada dez pessoas, provocando a morte de milhões de pessoas em todo o mundo. Nas Américas, as doenças diarreicas são responsáveis por 95% das DTAs.
“O tema que aqui abordamos é sério e merece atenção especial de todos, especialmente por tratar de um problema de saúde que pode ter várias causas e por não haver um quadro clínico específico para as doenças transmitidas por alimentos. Portanto, ao suspeitar da ocorrência de DTA’s, é importante que se preste atenção a sintomas como náuseas, vômitos, dores abdominais, diarreia, falta de apetite e febre. Podem ocorrer também afecções extraintestinais em diferentes órgãos e sistemas como no fígado (hepatite A), terminações nervosas periféricas (fraqueza, visão turva, sensação de cansaço e dificuldade para falar), má formação congênita (toxoplasmose), dentre outros”, comenta Patrícia Assunção.
O diagnóstico das doenças transmitidas por alimentos, segundo ela, é feito conforme cada caso, segundo os sintomas dos pacientes e por meio de exames laboratoriais específicos. “Como os surtos geralmente são causados por bactérias, sempre é indicado realizar cultura das fezes e dos alimentos suspeitos. Esses exames são feitos pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) e pelos laboratórios de referência nacional. A depender da hipótese diagnóstica (clínica), recomenda-se coletar amostras de fezes “in natura” para pesquisa de vírus e parasitos”, observa.
Patrícia Assunção acrescenta que o período de incubação (ou seja, o tempo que o organismo leva para apresentar os primeiros sinais após a infecção) varia conforme o agente etiológico, mas usualmente é curto, variando de um a dois dias a no máximo sete dias. “Mas tudo isso pode ser evitado, bastando que se tome cuidado com o que se come e o que se bebe”, enfatiza.
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