A inteligência artificial (IA) deixou de ser promessa distante na medicina: já está sendo usada para melhorar diagnósticos, prognósticos, tratamentos e monitoramento de pacientes — com impactos reais na vida das pessoas. É o que retrata uma matéria da revista Veja, publicada em 10 de outubro de 2025.
Principais usos da IA na saúde
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Diagnósticos por imagem e triagem hospitalar
Exames como tomografias, raio X, ressonâncias magnéticas já contam com algoritmos que ajudam a detectar anomalias que poderiam passar despercebidas. Hospitais no Brasil, como o Moinhos de Vento (Porto Alegre), Rede D’Or, Beneficência Portuguesa de São Paulo, e o Hospital Nove de Julho, utilizam IA para identificar AVCs, pneumonias, nódulos pulmonares e também para rastrear sinais iniciais de câncer de mama. -
Predição de doenças futuras
Projetos como o Delphi-2M treinam IA com dados de centenas de milhares de pessoas para prever, com certa antecedência, risco de desenvolver doenças sérias como Alzheimer, infarto ou câncer. No estudo citado, o modelo alcançou aproximadamente 76% de acerto ao prever problemas de saúde que poderiam surgir nos próximos cinco anos. -
Monitoramento contínuo e avaliação em tempo real
A IA já auxilia no cuidado de pacientes internados, no acompanhamento de UTIs, na avaliação de prontuários para antecipar complicações — por exemplo, na detecção precoce da sepse (infecção generalizada), com previsões até quatro horas antes das manifestações clínicas mais visíveis.Também há iniciativas com dispositivos médicos portáteis: canetas tecnológicas que durante cirurgia ajudam a definir se lesões são cancerosas ou não em segundos, e exames de fundo de olho integrados à IA para diagnosticar precocemente retinopatia diabética.
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Ampliação do acesso no sistema público de saúde (Brasil/SUS)
Mesmo no Sistema Único de Saúde, há projetos em curso. Exemplos:-
Núcleo de Telessaúde de Alagoas monitora gestantes de alto risco em tempo real, libera alertas automáticos a profissionais e gerencia encaminhamentos para unidades mais complexas.
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Está previsto um hospital inteligente em São Paulo com investimento de cerca de R$ 2 bilhões, com IA integrada aos equipamentos, ambulâncias conectadas, uso de dados em tempo real, etc.
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Benefícios e desafios
Benefícios:
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Agilidade: diagnósticos mais rápidos permitem intervenções precoces, fundamentais em casos como AVC, sepse etc.
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Precisão: redução de erros humanos, reconhecimento de padrões complexos que escapam à observação direta.
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Eficiência: uso melhor dos recursos de saúde, menos exames repetidos, melhor alocação de leitos.
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Cuidados personalizados: a IA pode considerar histórico, dados genéticos, exames etc., para sugerir tratamentos mais adequados.
Desafios:
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Confiança e ética: ainda há receio por parte de pacientes quanto ao uso de IA, inclusive com a sensação de que decisões médicas dependem demais de máquinas.
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Transparência do algoritmo: “caixa-preta” é uma preocupação — quando não se sabe exatamente como o algoritmo chega a uma conclusão.
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Capacitação: médicos e equipes precisam de treinamento adequado para interpretar resultados da IA, conhecer seus limites, e usar bem as ferramentas.
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Integração no sistema público: embora já existam iniciativas, adaptar infraestruturas, garantir conectividade, dados seguros e regulamentos apropriados requer tempo e investimento.
Conclusão
A matéria da Veja mostra que a IA na medicina já não é futurismo: ela está sendo aplicada hoje, no Brasil e no mundo, com real poder de salvar vidas. O futuro da saúde parece caminhar para um modelo em que médicos e algoritmos atuam juntos — cada um com sua parte. O grande desafio agora é garantir que essas tecnologias sejam seguras, éticas, acessíveis e bem utilizadas, de forma que seus benefícios cheguem amplamente à população.
Fonte: Veja, “Como o uso da inteligência artificial na medicina já está salvando vidas”, edição de 10 de outubro de 2025. VEJA