Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja não é uma organização burocrática, mas é uma história de amor: é o que disse o Papa durante a Missa presidida na Capela da Casa Santa Marta, da qual participaram funcionários do Ior.
As leituras do dia contam as vicissitudes da primeira comunidade cristã que cresce e multiplica os seus discípulos. Uma coisa boa – observa o Papa –, mas que pode levar a ‘pactos’ para ter ainda ‘mais sócios neste empreitada’:
“Ao invés, o caminho que Jesus quis para a sua Igreja é outra: o caminho das dificuldades, da Cruz, o caminho das perseguições… E isso nos pensar: mas o que é esta Igreja? Pois não parece uma iniciativa humana”.
Os discípulos, explicou, não fazem a Igreja – eles são enviados, enviados de Jesus. E Cristo é o enviado do Pai:
“E então se vê que a Igreja começa lá, no coração do Pai, que teve esta ideia … não sei se trata propriamente de uma ideia: o Pai teve amor. E começou esta história de amor, esta história de amor tão longa no tempo e que ainda hoje não acabou. Nós, mulheres e homens de Igreja, estamos em meio a uma história de amor: cada um de nós é um anel nesta cadeia de amor. E se não entendemos isso, não entendemos nada do que seja a Igreja”.
A tentação, advertiu o Pontífice, é fazer crescer a Igreja sem percorrer o caminho do amor:
“Mas a Igreja não cresce com a força humana; alguns cristãos erraram por razões históricas, fizeram exércitos, guerras de religião: isso é outra história, que não é esta história de amor. Jesus disse que a Igreja cresce simplesmente como a semente de mostarda, cresce como fermento na farinha, sem alarde”.
A Igreja – recordou – cresce “de baixo, lentamente”:
“E quando a Igreja quer se vangloriar da sua quantidade e cria organizações, escritórios e se torna um pouco burocrática, a Igreja perde a sua principal substância, e corre o perigo de se transformar numa organização não-governamental, numa ong. E a Igreja não é uma ong. É uma história de amor … Os escritórios são necessários, mas até um certo ponto: o importante é como ajudo esta história de amor. Mas quando a organização fica em primeiro lugar, o amor desaparece e a Igreja, coitada, se torna uma ong. E este não é o caminho”.
Um chefe de Estado – revelou Francisco – perguntou quanto é grande o exército do Papa. A Igreja – prosseguiu – não cresce “com os militares”, mas com a força do Espírito Santo. Porque a Igreja – repetiu – não é uma organização:
“Não: é Mãe. É Mãe. Aqui há muitas mães nesta missa. Como vocês se sentiriam se alguém dissesse: ‘Mas … a senhora é uma organizadora da sua casa’? ‘Não: eu sou a mãe!’. E a Igreja é Mãe. E nós estamos em meio a uma história de amor que vai avante com a força do Espírito Santo e nós, todos juntos, somos uma família na Igreja, que é a nossa Mãe”.
Por fim, o Papa elevou sua oração a Nossa Senhora para que “nos dê a graça da alegria, da alegria espiritual de caminhar nesta história de amor”.