O funeral do líder sul-africano Nelson Mandela, que morreu nesta quinta-feira (5) aos 95 anos em Pretória, deve durar 12 dias, segundo reportagem divulgada no site do jornal “The Guardian”. A publicação teve acesso a documento do Governo da África do Sul que estabelece o calendário provisório das cerimônias fúnebres, durante 12 dias a partir do momento da morte.
Elaborados há mais de um ano, os papéis fornecem uma planejamento preliminar e umavisão de como as autoridades estão se preparando para um momento histórico único, destaca a reportagem.
Na quinta-feira (5), o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse “ao nosso amado Madiba será concedido um funeral com honras de chefe de estado”.
Segundo o jornal, o funeral deve entrar para a história como um dos maiores eventos já realizados no continente. A organização necessária para prepará-lo tem sido comparada à abertura e encerramento da Copa do Mundo de 2010, a uma posse presidencial e a uma coroação, todas juntas.
O evento deve rivalizar com o funeral do Papa João Paulo II, em 2005, que contou com a presença de cinco reis, seis rainhas, 70 presidentes e primeiros-ministros, além de 2 milhões de fiéis. O equivalente britânico mais próximo pode ter sido o enterro do chefe de estado Winston Churchill, em 1965, assinala o “Guardian”.
São esperados todos os ex-presidentes americanos ainda vivos, chefes de estado de todos os lugares do mundo e celebridades que se consideravam próximas a Mandela. A presidente Dilma Roussef deve participar do funeral.
De acordo com o jornal, tamanho evento necessitará de um planejamento sem precedentes na África do Sul, no momento em que o país está mergulhado no luto pela perda de seu maior líder.
Calendário
Para o primeiro dia, está previsto o translado do corpo para o necrotério sob a guarda da polícia. “Planos para uma possível cobertura ao vivo estão sendo trabalhados”, diz o documento.
“Livros de pêsames serão abertos em todas as missões estrangeiras, na Fundação Nelson Mandela, no Union Buildings [residência oficial e sede do gabinete da Presidência] e, possivelmente, Museu do Mandela em Soweto”, destaca o documento para o segundo dia.
No terceiro dia, diplomatas estrangeiros receberão instruções em Pretória e a logística do velório aberto ao público será discutida.
No sexto dia, haverá uma cerimônia com a presença de autoridades e líderes. Dirigida pelo presidente Jacob Zuma, “a cerimônia será transmitida em telões do lado de fora da Prefeitura de Pretória, nas cidades de Soweto, Cidade do Cabo e vários outros lugares”, afirma o projeto.
Conforme o planejado, até oitavo dia, Mandela será velado na Prefeitura de Pretória. “O corpo será mantido no local até bem tarde, durante todos os dias, para depois ser removido e preparado para o dia seguinte”.
No nono dia, os militares da África do Sul irão ensaiar para o funeral oficial de estado no Union Buildings, também em Pretória, onde Mandela foi empossado presidente após as primeiras eleições democráticas em 1994.
Nesse mesmo dia, está programada a chegada de chefes militares nos aeroportos de Pretória e Johanesburgo. Outras chegadas estão previstas para o 10º dia, bem como o fechamento de ruas e a implementação de medidas de segurança na cidade.
A procissão até o Union Buildings ocorrerá no 11º dia, seguida de um funeral de estado no anfiteatro do edifício, com a presença de presidentes e primeiros-ministros. Mais uma vez, a cerimônia será transmitida por telões na Prefeitura de Pretória, onde uma multidão é esperada.
Após a cerimônia, o corpo será levado para Qunu, a aldeia natal de Mandela, ainda durante a noite.
No dia final, está prevista uma procissão na parte da manhã pelas ruas da aldeia, passando pela casa da família. Por último, o corpo deve ser sepultado na propriedade da família.