…de argumentos
Logicamente a manchete é exagerada e foi propositalmente sensacionalista, a briga na câmara foi apenas de argumentos, principalmente quanto ao cumprimento do regimento. Mas a manchete serve de alerta para mostrar como é feio ir as últimas consequências. Os ânimos estão exaltados e os debates acalorados. Esperamos que continuem assim, dentro da civilidade, afinal o legislativo é para isso, discutir, analisar e votar as leis usando a força dos argumentos e recursos legais. Veja abaixo a resenha da sessão desta sexta e anteriores.
A RECEITA DESANDOU
Depois da histórica sessão da Câmara de Vereadores de Ingá ocorrida em 14 de novembro, na qual foi registrado o inédito empate na eleição da presidência e mesa diretora para o biênio 2015/2016, tendo sido decidido pelo critério de antiguidade, ninguém se entende mais nas sessões. A coisa tá feia, o negócio tá de vaca desconhecer bezerro. Mexeram no panelão. Oposição, situação tudo junto e misturado. Ora dá um bom caldo, ora azeda.
A CONVENIÊNCIA E A LEI INVOCADA
Na última sessão do dia 21 alguns vereadores estavam viajando e outros faltaram, não dando quorum suficiente para deliberação, mas mesmo assim parece que algo foi deliberado e aprovado ata da sessão anterior referente a eleição. Já a sessão desta sexta-feira (28) foi bastante tumultuada, cada um invoca um determinado artigo do Regimento Interno ou Lei Orgânica de acordo com sua conveniência.
O TERRENO DA DISCÓRDIA
Tudo parecia caminhar com a normalidade de sempre, tendo em pauta um Projeto de Lei do Executivo Municipal no qual a prefeitura faz uma doação de um terreno à Igreja Católica, localizado no Conjunto Ananias para a construção de um templo naquele bairro. Aparentemente todos eram favoráveis. O Presidente Murilo colocou o projeto em pauta e seguiu o ritual de praxe disponibilizando cinco minutos para a comissão competente analisar e dar seu parecer favorável para imediata apreciação e votação no plenário ou se posicionava contra. A comissão é composta por três vereadores, Dedé Lavandeira, Jailton do Sindicato, que se posicionaram favorável, e Dimas Campos, que se posicionou contrário à votação imediata, com a alegação de que a tramitação teria que obedecer ao prazo regimental, porém foi voto vencido mais uma vez. Mesmo assim, o projeto não foi votado em plenário tendo a Presidência acatado o pedido de prazo feito pelo vereador Dimas. Daí começaram as polêmicas e debates acalorados e acusações de “estrelismos” e desconhecimento das leis que regem a casa legislativa, entre outras.
PMCR – PARTIDO DO MOVIMENTO EM CUMPRIMENTO DO REGIMENTO
O vereador Dimas Campos agiu dentro de sua coerência conforme sempre se comportou desta forma em votações anteriores, momentos em que tem feito contestações fundamentado no regimento interno, o fato de que os projetos chegam à sessão da casa sem o devido tempo para apreciação, embora era voto vencido e na maioria das vezes acompanhava o posicionamento da oposição, porém estes projetos passavam pela aprovação do plenário da casa com a anuência do Presidente Cássio Murilo. No entanto, desta vez, mesmo sendo aprovado pela comissão, o projeto não foi levado à votação em plenário e a presidência concedeu o prazo legal ao vereador Dimas que teve a manifestação favorável também do vereador Jaillton do Sindicato, sob protestos do vereador Zeca e demais, inclusive os da oposição que queriam aprovar o projeto de doação do terreno à Igreja.
DANDO RÉ EM JUMENTO, SEGUINDO O REGIMENTO.
Bom, pelo jeito o tal regimento foi desobedecido antes, durante e depois. É o verdadeiro samba do criôlo doido. Todos querem ter um regimento pra chamar de seu, desde que beneficie suas conveniências. Porém, ninguém consulta a lei no plenário ou na casa legislativa, que por incrível que pareça não está disponível na Mesa Diretora durante as sessões. Pelo andar da carruagem, tá mais fácil dá RÉ EM JUMENTO do que CUMPRIR O REGIMENTO. Mas, isso não é “privilégio” apenas da casa legislativa de Ingá, quem assistiu as últimas sessões do Congresso Nacional em que o presidente Renan Calheiros, queria a todo custo votar a vergonhosa Lei de Irresponsabilidade Fiscal de Dilma, mesmo não tendo quorum para tal, e o Senador Romero de JUCÁ na mão atropelando o regimento, não se escandaliza mais com nada. O fato é que, tanto lá como cá, foi dado ré no jumento seguindo o regimento e a oposição anuncia que vai à justiça.
O CORDEL DA ELEIÇÃO QUE TERMINOU EM PATADA
Por falar em justiça, parece que vai ser lá o local adequado para resolver o perrengue da eleição da Câmara na qual o candidato fantasma “BRANCO” foi o terceiro colocado, despertando ciumeira no candidato “NULO” que se sentiu excluído. Ao que tudo indica o Presidente Cassio Murilo não acatará o querimento do vereador Vinícius Bacalhau no sentido de convocar nova eleição de desempate baseado no regimento. E citando o reconhecido acadêmico de cordel Vavá da Luz, aniversariante do dia, em sua homenagem, creio que assim diria:
Então Bacalhau, deixe de lado sua preguiça
Aja prá decidir quem tem razão
E ao sair da sessão com o regimento na mão
suba num jumento e no seu passo lento
dobre à esquerda e vá até a justiça
AÇÃO E SUPERAÇÃO
O Presidente Murilo, sempre muito atencioso, simpático e solícito com colegas e população, se mostra ultimamente com semblante sério, triste, decepcionado. Não é para menos, haja vista os fatos ocorridos na eleição da mesa que tinha como certa e pacífica sua reeleição. Mas, o presidente é homem determinado, político experiente que já passou por momentos mais difíceis e superou. Não é a toa que foi eleito e reeleito para vários mandatos consecutivos, sendo inclusive o mais votado outrora.
O TRIO E O RIVOTRIL
Parece que a situação de calmaria, comodidade e apatia vista nos últimos tempos na Câmara de Ingá passou a ser coisa do passado. Foi dado uma sacudida que mexeu com os nervos de todo mundo. Dois fatos contribuíram para essa mudança: obviamente a mal resolvida questão da inesperada acirrada disputa pela presidência, e a posse do vereador Zeca que parece que tocou fogo no circo. (calma! tocar fogo no circo é apenas foça de expressão). A última sessão foi inusitada, o trio de vereadores oposicionistas defenderam a aprovação do projeto do executivo. As atitudes do trio despertou cobranças de posicionamento de alguns. A impressão é que os nervos estão a flor da pela. Então como as sessões estão sendo feitas na Secretaria de Saúde, convém deixar disponível, para os que atuam em bloco, sozinho ou em trio, um caixa de Rivotril.
A FRIGIDEIRA E O EFEITO ESTUFA
Algo está fora da ordem mundial, que vai além de Obama e Putin. Tem algo estranho no ar, movimentações sutis, turbulências, fenômenos que vão além do aquecimento global. O clima mudou e movimentações tectônicas dão choque que causam terremotos. Os papéis estão se invertendo, uma dança gradual de cadeiras. Tem gente fritando e sendo fritado num efeito estufa. Situação vira oposição, e oposição vira situação. Xi, já vi esse filme antes…o final é sempre inesperado. Cenas dos próximos capítulos na próxima sessão.
Da redação IC