Algumas pessoas não conseguem tomar uma iniciativa se não sofrerem pressão; ficam estáticas e, sem um empurrão, não saem do lugar, sentem como se o primeiro passo fosse suficiente para tropeçarem. Outras, sob pressão é que não saem do lugar, pois, a obrigação de realizar alguma coisa alcançando uma meta, tem o mesmo peso de um elefante e ocupa todo espaço da sua inspiração. Eu imagino o autor de uma novela tendo que escrever praticamente um livro por dia, mantendo em sua mente as características de cada personagem, criar diálogos e descrever as ações, situações e emoções de cada cena, durante oito meses pelo menos e, além de tudo isso, pesando sobre ele a responsabilidade com a manutenção da coerência no que se refere a locais, horários e nomes, não bastando fazer e jogar no ar; ele precisa memorizar tudo o que já escreveu pra não se perder no presente ou no futuro da trama e sobretudo, não perder o mais importante: audiência.
Eu não consigo desenvolver sob pressão. Quando trabalhava em um hotel fazenda, acostumado com a organização das funções, com liberdade, eu fazia tudo tranquilamente. Mas, quando um dia, o patrão chegou com uma lista de reservas e um mapa de ocupação pra alta temporada e mandou que eu encaixasse da melhor maneira possível, as reservas nas vagas, eu achei que também o faria sem problemas, mas quando ele disse que eu tinha duas horas pra entregar aquilo pronto, eu travei geral. A minha atenção se concentrou toda na obrigação e não no que eu tinha que fazer e por isso, passadas as duas horas, eu não tinha feito um terço do que faria normalmente em metade desse tempo. Assim, quando ele veio pegar o mapa, eu informei que estava tendo dificuldades pra terminá-lo, e ele disse; “Tudo bem! Então eu o levo amanhã…”. Isso foi suficiente pra que eu o concluísse ainda em tempo de ele levá-lo para o escritório, na cidade, no mesmo dia.
Em qualquer situação, se alguém quiser me desestabilizar completamente, basta ordenar que eu faça alguma coisa depressa ou exigir que seja bem feita. Isso me paralisa e eu mesmo acabo me cobrando mais do que o normal e não consigo fazer ou faço mal feito.
E isto vem acontecendo também em relação a essa coluna, nos últimos dias. Quando fui convidado a escrevê-la, eu mesmo sugeri e me comprometi a entregá-la para postagem toda sexta-feira e quando a sexta vem chegando sem que a inspiração chegue junto, isso me angustia demais, porque, por trás dessas bobagens que eu digo aqui, existe um compromisso. Ainda que seja uma única pessoa a acessar o site pra ver a coluna, essa pessoa merece respeito e eu me sinto um belo velhaco vacilão diante da possibilidade de que alguém a procure e não encontre. Por isso hoje eu quero aqui me descomprometer com o dia da coluna. Garanto que ela será melhor quando eu a escrever pensando menos no dia e mais, no tema, em qualquer dia da semana, em espaços de tempo que poderão ser maiores ou menores que uma semana.
Agora, vou me dar umas férias da coluna e da internet, mas, devo voltar em breve com as “neoroenergias” renovadas, se Deus quiser!
Até lá!