VALOR, PREÇO E CUSTO DE UM VOTO…
O candidato que se dispõe a comprar votos, geralmente, para se eleger, precisa gastar mais do que ganharia honestamente durante todo o seu mandato. Na melhor das hipóteses, ele empata, ou seja: Honestamente, ele ganharia 100 para cada 100 gastos, o que não seria nem um pouco inteligente da sua parte, a menos que ele tivesse vocação para Madre Tereza de Calcutá. Mas, em geral, eles não a têm. Aquele “investimento” no eleitor tem como objetivo o lucro líquido e certo que um mandato desonesto pode lhe render. Assim, em cima de cada 100 reais que gastou para se eleger, ele precisa “produzir” 200 e, já aí se vão muitos dos benefícios da população; enquanto ele infla a sua conta no banco, o povo fica sem boa educação e merenda, a saúde pública adoece, o saneamento vai pelo ralo e a assistência só acontece sob pressão e, às vezes até, por determinação da justiça. Sem saída, precisando de ajuda, o único jeito que o cidadão carente encontra, é pedir socorro exatamente para aqueles que mais se apropriam dos seus direitos e isso é ótimo para os malandros, já que, com as ajudas dadas, poderão somar alguns votos a mais, na próxima eleição. Dá com uma mão e toma com um caminhão.
Depois vem a vontade de ficar no cargo e continuar sem nada fazer e “se fazendo” com as verbas públicas, mas ele sabe que, devido a sua fraca atuação, vai ter que gastar o dobro do que gastou na eleição anterior e os esquemas têm que lhe render três, quatro vezes o “investimento” inicial.
“Roubar e coçar é só começar” e a gente sabe que existem muitas facilidades para a realização de esquemas rentáveis, pouca fiscalização e quase nenhuma punição para quem é pego com a mão no dinheiro da massa.
Outra esperteza deles é pisar com força no rabo do progresso, para que o município e a região não cresçam, não proporcionem ao cidadão a liberdade e a dignidade que trabalho e emprego trazem. Se não fosse assim, depois de eleitos eles levantariam a bandeira da empregabilidade, da atração de empresas com a mesma veemência que o fazem nos palanques, durante as campanhas.
Com o forte e vigoroso crescimento econômico que atravessa o país hoje, muitas empresas aceitariam de muito bom grado, um terreno, uma estrutura física e outros incentivos para se instalarem no município que fizesse tais ofertas. 500 empregos diretos gerariam outros tantos indiretos e a circulação de dinheiro na região cuidaria de criar uma roda crescente de desenvolvimento, beneficiando toda a população e desafogando o poder público no que tange o assistencialismo, sobrando para investimentos NO MUNICÍPIO. Mas, além do povo, a quem mais isso poderia interessar?
O fato é que, um candidato, quando me oferece qualquer coisa pelo voto, está deliberadamente propondo um negócio que vai me tirar o direito de cobrar dele, que ele faça o que deve fazer. Seria o mesmo que perguntar: “Quanto valem os seus direitos?”.
Em um município, estado ou nação que funcionam, os poderes trabalham em harmonia para que o cidadão saiba onde buscar o que precisa, sem impor a ele a desagradável sensação de estar pedindo um favor e sem humilhá-lo diante de ninguém.
Porém, nada tira do cidadão a possibilidade e o direito de enganar quem quer fazer isto com ele. Se aparecer um oferecendo 100, podemos pedir e aceitar 500 de todos e, mesmo assim, na urna, fazer uso do voto secreto e consciente; um voto que passe longe dele e daqueles que compartilham com ele a ideia de que poderão nos manter para sempre presos a ele pelas rédeas curtas e cruéis da carência, dessa necessidade que eles próprios criam e mantém, com desumano prazer.
Por mais caro que se venda um voto, o valor recebido jamais vai refletir o seu real valor. Pelo menos não tanto quanto ele pode nos retornar em benefícios a médio e longo prazo se, ao digitá-lo na urna, o fazemos com a mais serena e viva consciência de que o nosso futuro, bom ou ruim, depende muito dele.
Soa fantasioso dizer que os políticos são empregados do povo, mas, ELES SÃO, sim! O poder público só existe graças aos impostos que vêm embutidos em tudo o que compramos e pagamos. TUDO, absolutamente TUDO na administração pública é pago e mantido com boa parte do nosso trabalho, do nosso suor, de forma que, ao recorrer a qualquer órgão público, não devemos nos portar como quem pede uma esmola, mas, como quem conhece e exige seus direitos…