Estamos em pleno advento. E se pergunta o que é isto? Os antigos chamavam de Advento a chegada do rei numa cidade proporcionado a este povo uma visita especial. O povo preparava com muita alegria e muita festa este evento; Mas também o povo se preparava para o advento, a chegada de uma pessoa ilustre, isto é o nascimento do herdeiro do trono, um futuro rei sucessor.
Hoje os cristãos se preparam para o nascimento, ou advento do Rei dos reis o Senhor Jesus Cristo, que virá nascer na nossa família, no nosso coração ou na nossa comunidade paroquial. É tempo privilegiado para um aprofundamento bíblico com textos litúrgicos próprios deste tempo, além de uma novena entre famílias que leva a viver a profundidade deste mistério, o Emanuel (Deus conosco.)
Estamos já achegando ao segundo domingo do advento, onde o evangelista Lucas situa o nascimento de Jesus num momento histórico bem definido em que Tibério César dominava a situação como imperador; Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes administrava a Galileia, seu irmão Felipe, as regiões da Itureia e Traconítide, e Lisânias a Abilene; quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes. (Lc 3,1-2).
O enquadramento histórico é bem especificado. Lucas, definindo o tempo e lugar, quer nos deixar bem claro que não está iniciando a narração de uma fábula ou contando uma estória. Ele relata para nós fato bem concreto. A intervenção de Deus na história do povo de Israel e da humanidade inteira aconteceu num dado momento e num lugar bem definido. Agora pensemos, colocando em prática esta mensagem, isto é em nossa vida, na nossa comunidade. Que influência exerce a nossa fé com as nossas atitudes no campo profissional, na escola, nas áreas de lazer, na vida conjugal e familiar neste tempo de preparação, por ocasião da chegada de Jesus hoje bem concretamente? Não é esta comunidade, esta família, este homem bem concreto, que devem ser transformados?.
Conforme o plano de Deus é só a religião, com atitudes cristãs bem vividas, que transforma este mundo, que gera relações novas entre pessoas que faz brotar, paz, amor, partilha… precisamente onde possa imperar o egoísmo e a injustiça, que fazem surgir novas condições de vida em Cristo aqui e agora.
Lucas numa linguagem solene, após a introdução histórica, é que faz entrar em cena o precursor João Batista: A palavra de Deus desceu sobre João, filho de Zacarias, no deserto. É interessante observar que este jeito de apresentar o Batista, diz respeito no Antigo Testamento as vocações dos grandes profetas (Jr 1,1-4). Veja que no tempo dos reis de Israel, Deus costumava revelar a sua vontade através dos profetas. E João não é exceção, pois inspirado por Deus para começar no deserto a sua missão de Anúncio do Messias prometido, porque foi no deserto o lugar, denso de recordações sentimentais para os israelitas, quando viveram um bom tempo experimentando o amor de Deus para o seu povo tirado do Egito, vivendo dissabores e sentindo a presença amorosa de Deus nos acontecimentos vividos no deserto. Primeiro, aprenderam a ser desprendidos do que é supérfluo, pois isto pode constituir um peso a ser carregado ao longo do caminho. Segundo, aprenderam a ser solidários e a partilhar tudo com os irmãos. Terceiro, aprenderam, sobretudo a confiar em Deus.
Toda pessoa que não aceitava a sociedade injusta, medíocre e hipócrita daquele tempo ia beber a experiência muito positiva do povo de Deus vivenciada no deserto. João Batista, partilhando esta mesma experiência, escolheu este deserto fértil para anunciar a chegada de Jesus.
Da mesma forma que João, também os cristãos embora residentes neste mundo, vivem num “deserto”, como se fossem estrangeiros neste próprio mundo onde vivem: Não pensam, não agem necessariamente como o comum dos homens na sociedade. No meio daqueles que falam de guerra, de violência, de vinganças, eles pronunciam palavras de paz e de perdão; num mundo, no qual são declarados felizes os que acumulam fortunas, que talvez se enriquecem oprimindo e explorando os mais fracos, ele anunciam as bem-aventuranças do amor, do serviço aos necessitados, da partilha dos bens; num mundo no qual se procura a vida prazerosa a qualquer custo, eles pregam a renúncia e o dom de si próprio.
O Batista pode ser chamado de “pregador do Advento”, pois todos os anos a Santa Liturgia nos propõe a mensagem de João, porque tendo ele preparado o povo de Israel para vinda do Messias , também ele pode nos preparar nos inspirando e ensinado como devemos nos preparar para o Natal do Senhor Jesus.
As nossas orações, também devem ser primeiro de agradecimento ao nosso bom Deus pelo que nos tem feito, e não são poucos os favores, que nos tem concedido pois à semelhança de Paulo, que faz primeiro o agradecimento a Deus como um bom israelita que é, e pelo que Ele tem feito pelos filipenses , só depois o pedido, que propõe ao Senhor fazer em prol da comunidade. Nós aprendamos, pois agradecer para depois fazer as nossas súplicas especificamente como sugere a segunda leitura.
Como conclusão desta reflexão possamos, ter a coragem de questionar a nós mesmos: Não pode acontecer, às vezes, que também nas nossas comunidades são tolerados alguns caminhos “tortuosos”, algumas atitudes ambíguas? Não há “montanhas” que impedem, especialmente aos mais fracos, aos que têm uma fé pouco firme de caminhar ao encontro de Jesus? Não há, por acaso, “vales” que separam irmãos de uma mesma família? E quais são as montanhas que devem ser aplainadas e os vales que devem ser aterrados em nossa vida?
Leituras bíblicas sugeridas para este domingo:
1-Baruc (5,1-9)
2-Filipenses (1,4-6. 8-11)
3-Evangelho (Lucas 3,1-6)