A estiagem deverá se prolongar por, pelo menos, mais seis anos, segundo previsões do doutor em meteorologia, Luiz Baldicero Molion. Ele disse que a previsão tem como base as configurações climáticas globais que estão semelhantes às da década de 50, quando o semiárido brasileiro passou por um período de 11 anos de seca. Para o meteorologista, as chuvas que caíram até agora na Paraíba não representam fim da estiagem, porque, em todas as regiões, ficaram abaixo da média histórica. Molion ainda destacou que a esperança é de que a partir do dia 20 deste mês, ocorram chuvas mais intensas, mas que não deverão atingir a média. Ontem, a Agência Estadual de Gestão das Águas (Aesa) registrou chuvas em 13 cidades. A maior precipitação foi verificada em Ibiara, no Sertão, onde choveu 67 milímetros.
Segundo Molion, o oceano pacífico, que cobre 35% da superfície terrestre e que é o responsável por controlar as chuvas que caem no Nordeste, está em estado de neutralidade, enquanto o atlântico está com temperatura baixa. “Esses dois fatores que são globais, são os principais responsáveis pela estiagem na região. O pacífico por estar neutro, não influencia na ocorrência de chuvas regulares. Essas configurações climáticas são idênticas às que aconteceram na década de 1950, quando vivenciamos um longo período de seca, que chegou a 11 anos. O que se prevê é que a situação se repita. O ano de 2012 foi de estiagem, e, este ano, as previsões de poucas chuvas e abaixo da média estão se confirmado. A situação deve ser prolongar pelos próximos seis anos, ao menos”, explicou.
Alternativas – Para o meteorologista, que é professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), diante do cenário em que o Nordeste se encontra, a solução mais eficaz para minimizar os problemas seria o investimento em obras estruturantes, que viabilizem água para o Estado. Ele cita que a transposição das águas do Rio São Francisco é a principal iniciativa que pode mudar a realidade na região.
“O Nordeste brasileiro é uma região semiárida por natureza. Anos chuvosos são exceção e não regra. Não há que se combater a aridez como vem sendo tentado há 500 anos. O que deve ser feito é encontrar soluções que se adaptem à região. Por exemplo, na Califórnia (EUA), chove apenas 200 mm/ano e é o maior pomar do mundo. Petrolina está no Nordeste e é um polo de produção de frutas, irrigado. Não se ouve falar de seca em Petrolina. Ao contrário, uma área próspera e muito rica. Então, por que não estender essa solução para o restante do Nordeste? Temos condições boas de clima quente propicio ao desenvolvimento no setor da fruticultura, mas o que falta é água. Então, trazendo ela, se resolve maior parte dos problemas”, afirma.
Conforme Molion, as chuvas registradas, sobretudo na Paraíba, chegaram atrasadas e bem abaixo da média esperada. “Essas chuvas ajudam de certa forma, mas não resolvem o problema da seca que está sendo vivenciada. A nossa previsão é que a partir do dia 20 comece a chover com mais intensidade. Mas nada muito significativo”, disse.
Chuvas atrasadas – A informação de que a estiagem deve se prolongar pelos próximos seis anos preocupa sobretudo os agricultores, que não tem produção desde o ano passado. Segundo o presidente da Federação da Agricultura da Paraíba (Faepa), Mário Borba, os danos causados pela seca são grandes. Ele calcula que, para recuperar o que já foi perdido, seriam necessários, pelo menos, oito de chuvas regulares.
Só em 13 cidades – A Aesa apontou que apenas 13 cidades do Sertão paraibano registraram chuvas ontem. A maioria localizada no Vale do Piancó. “A maior chuva foi em Ibiara, que marcou 67.2 mm, a chuva foi o suficiente para juntar água no Rio Piancó e encher açudes pequenos. A previsão é de que chuvas isoladas continuem a cair, sobretudo no Sertão, durante as madrugadas”, disse a meteorologista, Marle Bandeira.
Jornal Correio da Paraíba
