terça-feira, maio 7, 2024
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Fotos noturnas do céu de Ingá estão entre as premiadas da Paraíba

A matéria foi publicada pelo Portal Correio e fala sobre fotos que retratam o céu noturno de cidades do interior da Paraíba, cujos autores foram premiados.

Abaixo o trecho da entrevista com  o empresário e astrônomo amador Marcelo Zurita, referente as fotos que retratam o céu noturno da Pedra de Ingá:

A Paraíba tem locais propícios para a observação de fenômenos astronômicos?

O Nordeste como um todo é uma região muito propícia para a observação astronômica. Geograficamente, nossa proximidade com o equador possibilita a observação de todo o céu do hemisfério sul e grande parte do hemisfério norte também. O clima mais seco em regiões mais distantes do litoral favorece também. Mas o principal fator que nos coloca como polo astronômico nacional é a baixa poluição luminosa no sertão.

As luzes das grandes cidades ofuscam os equipamentos mais sensíveis e nos impede de observar a grande maioria das estrelas a olho nu. Esse fenômeno é conhecido como poluição luminosa. Grande parte desse problema poderia ser resolvido se a gestão da iluminação pública fosse mais eficiente. Os postes de luz convencionais deixam escapar muita luz para o lado e para cima, o que, além de ser um desperdício de energia, acaba poluindo nossa atmosfera e nos impedindo de contemplar melhor o céu.

Na Paraíba, a maior parte da poluição luminosa está concentrada nas áreas metropolitanas de João Pessoa e Campina Grande. Quanto mais nos afastamos destes centros urbanos, mais podemos contemplar da beleza do céu noturno.

Se pudermos especificar os aspectos próprios da Paraíba, quais os locais mais apropriados para esse tipo de registro no estado e quais as condições climáticas e de relevo ideais?

A Paraíba tem vários locais assim, propícios para observação astronômica e astrofotografia. Destacamos as cidades de Cabaceiras, Ingá, Araruna, Picuí, Pedra Lavrada, Taperoá e Princesa Isabel. Certamente existem várias outras que ainda não conhecemos, mas para nós da Associação Paraibana de Astronomia, o local mais adequado é no município de Matureia, no Sertão do Estado. Matureia, além de ter um céu muito escuro devido à ausência, quase que total, de poluição luminosa, também possui um clima muito seco e uma altitude média bastante elevada, além de ter excelentes pontos de apoio como o Casarão do Jabre, na zona rural do município. Por esses motivos, o local foi escolhido para a realização do Encontro Paraibano de Astrofotografia, que ocorre anualmente, sempre no segundo semestre.

ceu noturno na pedra de inga 2

Quais são os fenômenos registrados nas imagens que foram destaque no concurso (Pedra do Ingá e Piancó)?

A fotografia da Pedra do Ingá foi feita no mês de setembro de 2014 durante uma viagem organizada pelo Grupo de Estudos em Astrofotografia do NEPA (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Astronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB). Nessa época do ano, é possível ver o bulbo central da Via Láctea (N.R.: galáxia da qual o Sistema Solar faz parte e, consequentemente, a Terra), formado por centenas de bilhões de estrelas que iluminam as nuvens de gás na região central da galáxia. Em locais mais escuros, como a Zona Rural do município de Ingá, é possível perceber esse bulbo como se fosse uma nuvem mais clara no céu. Na foto, é possível ver também as nuvens escuras de poeira e matéria orgânica presentes nos braços espirais da galáxia. Essas nuvens escuras bloqueiam parte da luminosidade emitida do centro da Via Láctea.

Em primeiro plano, a famosa Pedra do Ingá. Estima-se que foi talhada em algum momento entre os anos 5.000 e 2.000 antes de Cristo e muitos acreditam que estas gravuras tinham finalidade astronômica ou representavam um mapa do magnífico céu contemplado pelos índios americanos há milhares de anos.

Já a fotografia de Anderson Dantas é uma foto que ele persegue há vários anos. Desde 2012, ele, que mora na cidade de Picuí, acompanha o tempo pelo site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Sempre que percebe uma formação de nuvens de tempestade no final da tarde, ele vai até o sítio da família na Zona Rural do município para tentar uma boa foto. Anderson já tem alguns locais preferidos para fotografar, dependendo da direção da tempestade. Mas, ainda assim, sempre se prepara bastante para encontrar a melhor posição que enquadra na mesma foto tanto a tempestade quanto as estrelas.

Como não consegue prever o momento em que os raios irão aparecer, configura sua câmera para disparar fotos em sequência e, de tempos em tempos, ele ajusta a posição da câmera para acompanhar o movimento da tempestade. E foi dessa forma, numa noite de abril desse ano, depois de três anos de tentativas que Anderson conseguiu a foto perfeita. A tempestade se formava a oeste, despejando chuva e raios no interior da Paraíba. Depois de 15 tentativas naquela noite, ele conseguiu, em uma única imagem, enquadrar a tempestade de raios, o árido solo do Seridó Paraibano e as estrelas das Constelações de Cão Menor e de Câncer, além do próprio autor da foto, contemplando toda a grandiosidade da natureza. Uma imagem realmente fantástica!

Confira AQUI entrevista completa e álbum de fotos retratando o céu noturno de locais do interior paraibano, que também foram premiadas.

Inga Cidadao

 

 

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