quinta-feira, abril 25, 2024
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Gente que faz ACIN: Um exemplo ingaense a ser seguido.

O jovem vencedor Rayff Tito nos concede uma excelente entrevista e fala sobre sua trajetória, educação,  capacitação, trabalhos sociais e um fato marcante que mudou sua vida.

 

 

Rayff Anderson de Andrade Tito, natural de Campina Grande, porém, ingaense de coração e espírito, 25 anos, filho de Antonio Tito Filho e Risonete Mendonça de Andrade Tito. Iniciou seus estudos no INSA (Instituto Nossa Senhora Aparecida), destacando sempre as professoras da época, Tia Leidinha (Sueleide), Tia Cida, Tia Mirinha, entre outras. Depois transferiu seus estudos para João Pessoa, cursando na época 5ª, 6ª e 7ª séries do ensino fundamental no Colégio Visão e concluiu a 8ª série no CERC (Complexo Educacional Regina Coeli) transferindo suas atividades para Campina Grande. O ensino médio cursou no Colégio Imaculada Conceição (Damas). Prestou vestibular para UFCG, para o curso de Engenharia Civil, e na FACISA para o curso de Administração, sendo aprovado em ambos com apenas 16 anos. Graduado em Administração (2006) e Engenharia Civil (2009), Rayff continuou acreditando na educação e numa melhor capacitação pessoal, para tanto especializou-se em Engenharia de Segurança no Trabalho, na Unipê em João Pessoa (2011), e atualmente finaliza um mestrado, sendo bolsista CAPES vinculado ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção – PPGEP da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, em João Pessoa.

Nestas etapas sempre teve o apoio da família, principalmente os casais, Risoneide Mendonça (Tia Neide) e João Gutemberg, em João Pessoa, e Carlos Mendonça (Tio Carlos) e Helena em Campina Grande.

 

Rayff já trabalhou como ACS (Agente Censitário Supervisor) do Censo Demográfico (2007) no município de Ingá, e recentemente foi aprovado e convocado em dois concorridos concursos públicos, Caixa Econômica Federal e IFPB. Assumiu suas funções no início de fevereiro do corrente ano na Caixa Econômica, sendo agora convocado para assumir o posto de Professor Titular no Curso de Tecnólogo de Segurança no Trabalho pelo IFPB, na cidade de Patos, sertão Paraibano. Na semana seguinte foi convocado também, através de aprovação em concurso público, para assumir a função de Agente Penitenciário do Estado da Paraíba.

 

Com apenas 25 anos de idade Rayff apresenta um rico currículo, o qual lhe credencia a concorrer numa posição destaque em diversas áreas profissionais.

E depois de anos dedicados aos estudos, Rayff se encontra hoje numa cômoda situação de escolher entre a carreira de Técnico Bancário na Caixa Econômica Federal ou assumir o Magistério Público Federal.

 

Encontramos Rayff para uma entrevista numa fase muito especial de sua vida, exatamente no momento em que ele se desliga da Caixa Econômica Federal com um ar de certa melancolia, seguindo para assinar, ao lado da família e da noiva, para assinar seu ingresso no IFPB, motivado e esperançoso.

 

Rayff, ao lado da noiva, Dete, seus pais, Tito e Risonete, e sua irmã, Rayssa, no dia de sua posse no IFPB


 ENTREVISTA:

 

Em sua trajetória você estudou sempre em boas escolas privadas, agora assume a carreira de professor em Escola Federal Pública. Que lições você tira disso?

 

Todos os pais procuram o melhor para seus filhos, e assim fizeram meus pais. No entanto, para ofertar bons estudos ou uma melhor condição de estudar em boas escolas, no nosso país, estado ou município temos que recorrer a outra alternativa, essa alternativa requer um certo dispêndio financeiro, o que não é possível para todos. Por exemplo, nós do Ingá recorremos à Campina Grande, a nível nacional temos alguns brasileiros que recorrem às grandes universidades americanas e europeias. Mas, por quê? Somos um país do imediatismo queremos resultados imediatos, só que a educação não funciona dessa maneira, temos que rega-la por muito tempo, isso exige alto investimento e implantação de uma cultura que privilegie não apenas a formação de profissionais para o mercado de trabalho, mas cidadãos comprometidos com valores e condutas respaldados na ética e valorização do ser humano. A educação deve ser cultivada como o bambu chinês, este, cresce a maior parte do tempo para baixo, ou seja, suas raízes consomem um tempo maior de sua evolução vegetal, para depois que bem estruturadas iniciar seu crescimento acima da superfície terrestre e mostrar seu potencial.

Mas a solução não se encontra apenas nas escolas particulares, cada vez mais nos deparamos com profissionais que tiveram sua formação escolar nas escolas públicas, e se olharmos para nossa cidade temos inúmeros exemplos de profissionais capacitados. Investir na capilaridade do ensino básico de qualidade é a grande sacada.

 

Fica uma pergunta para o site e seus leitores?

Será que TODA capacitação profissionalizante, de nível técnico, e até de nível superior temos que recorrer à Campina Grande?

Será que o Ingá não tem potencial, por exemplo, para formar profissionais de turismo, agricultura, pecuária, saúde, educação (licenciaturas), e porque não segurança no trabalho?

O que falta? Interesse político? Vocação para formação?

Vamos discutir sobre assunto com mais responsabilidade.

 

 

Como você se sente neste momento em que, depois de aprovado e classificado em concorrido concurso público, é convocado para assumir dois empregos em nível federal  e um estadual, praticamente ao mesmo tempo?  

Extremamente realizado com sentimento de estar colhendo os frutos de que um dia semeei. Agradeço a Deus pela oportunidade, aos meus pais pela dedicação e investimento, a minha noiva pelo empenho, aos familiares e amigos pelo incentivo.

 

Caixa Econômica Federal. Rayff assumiu a função por dois meses.

Você já havia assumido na Caixa Econômica Federal há menos de dois meses, mas preferiu optar pelo Magistério Federal (IFPB). O que pesou mais nesta decisão?

A Caixa Econômica Federal é a maior instituição financeira do país e parceiro estratégico do Estado Brasileiro, além de ser uma empresa que proporciona um excelente ambiente de trabalho. No entanto, pessoalmente, vejo que por vocação posso contribuir mais seguindo a carreira de professor, ainda mais na área de Engenharia, especificamente na Engenharia Civil ou Engenharia de Segurança no Trabalho.

Complemento ainda que, mesmo com o cenário atual de certa fragilidade ou não prioridade no setor da educação, acredito que escolhas e investimentos em prol desta são as chaves para potencializar nosso desenvolvimento, tanto no âmbito municipal, estadual ou federal.

 

Que perspectiva de mercado você visualiza nesta área em que ingressou, a engenharia civil ou engenharia de segurança no trabalho?

Atualmente todas as áreas necessitam de profissionais, mas é notório que a área tecnológica que compreende as engenharias, está em franca ascensão criando um cenário de alta demanda para estes profissionais, no entanto, a juventude pouco despertou para esta carência. Mesmo sendo considerado difícil, os cursos de engenharia certamente irão fornecer um bom retorno financeiro, proporcionando uma vida futura tranquila e estável.

 

Todo jovem gosta de esporte. Qual você prefere e com tantas atividades, ainda dá tempo de praticar?

 

Pratico. Vôlei e Futebol.

 

  

Você passou por um momento delicado em sua vida no ano de 2009, um grave acidente de moto na BR 230 com risco de vida ao lado de sua noiva. Este fato mudou algo em sua vida?

 

Tudo. Mudou tudo. Primeiro fui agraciado com mais uma oportunidade de VIDA, e não queria desperdiçar.

Quanto ao acidente, fisicamente não há explicação, pois se utilizássemos de métodos matemáticos para explicarmos o que aconteceu naquele inicio de tarde do dia 30/06/2009, certamente não estaria aqui conversando com você. A maior parte das pessoas que trabalham na área das ciências exatas às vezes quer ver o mundo de maneira muito racional e matemática, porém existe algo bem maior que tudo isso, e naquele momento essa energia, essa entidade (DEUS), operou um milagre e não deixou que nada de tão grave acometesse tanto a minha noiva quanto a mim. Então, hoje consigo enxergar o mundo com outros olhos. Mais cristão, mais família, mais humano.

Quero aproveitar a oportunidade para publicamente agradecer Sr. Geraldo Papagaio, ao bombeiro Jair (Juarez Távora) e seu colega de trabalho cujo nome escapou no momento, ao enfermeiro Gilmar (Itabaiana) e a todos os amigos que presenciaram a cena e tentaram, na sua maneira, colaborar com o resgate, além dos demais que ajudaram na nossa recuperação.

 

Para conseguir aprovação em dois concursos federais é necessário horas de estudo diário, foco e disciplina. Paralelamente você ainda fazia especialização e mestrado, e ainda encontra tempo para lazer e participação em trabalhos sociais voluntários, como conciliar tudo isto? 

Usando o bom senso e a boa vontade. De fato, participei da Comunidade Maná em João Pessoa ao lado de primos e amigos, além disso, integro o MUR (Movimento dos Universitários Renovados) no Ingá, e também ajudei a fundar e faço parte da ACIN (Associação da Cidadania Ingaense). Nestes trabalhos sociais, vislumbro boas oportunidades para capacitação de jovens ingaenses, afinal, educação e oportunidade são os ingredientes perfeitos para autonomia pessoal e profissional da nossa juventude. Utilizando tais oportunidades como ferramenta de inclusão social, cidadania e dignidade humana.

A vida hoje em dia é muito corrida e normalmente a maioria das pessoas estão mais voltadas para projetos pessoais. Que tipo de retorno se tem em apoiar trabalhos sociais e voluntários? 

Satisfação pessoal.

Enquanto meus estudos e agora meu trabalho me realizam profissionalmente, a minha realização pessoal plena acontece quando trago algo de retorno para minha cidade, meu lugar. E tenho consciência de que posso render e fazer muito mais.

Você acha que as pessoas que são realizadas profissionalmente, devem reservar um tempo a se dedicar ou apoiar alguma ação social? 

Claro!

Por mais que possa ser bem resolvida e bem sucedido em suas atividades profissionais, o indivíduo tem uma lacuna a ser completada, e o trabalho social voluntário é quem faz essa complementação acontecer, além de ser um conforto espiritual.

 

Rayff tomou posse em João Pessoa, mas lecionará no campus de Patos, sertão paraibano

Hoje está sendo um dia especial para você e para seu futuro profissional. Que conselho daria aos jovens como você que estão na fase de estudos ou iniciando sua vida profissional? 

Rapaz, nunca fui o aluno número 1 da sala, longe de qualquer título de CDF, muito menos o de destaque, sempre fiz o “feijão com arroz” e sempre gostei de me divertir, porém nunca abri mão dos estudos. Sendo assim, deixo como mensagem, não só para os jovens, mas para quem administra o futuro destes, que a chave para ser um homem digno, de bem, começa na: educação, educação, educação e educação…

 

 

Obrigado Rayff pela atenção e que Deus ilumine seus caminhos.

Muito obrigado ao Ingá Cidadão pelo convite, desde já, me prontifico a contribuir com projetos sociais futuros, na condição e pretensão de criarmos uma corrente que beneficie o maior número de ingaenses, estes ,por sua vez, tão desamparados.

Abraço, e fiquem na paz.


 

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