E como todo bom fim de ciclo político, ele não veio com nota oficial, nem com coletiva de imprensa. Veio como manda o figurino da política nordestina: com postagens silenciosamente barulhentas.
De um lado, João Gonçalves — deputado, experiente, articulado — grava vídeo agradecendo ao governador pela retomada da pavimentação em Pontina. Sorriso no rosto, gratidão no script. Mas nem uma palavrinha sobre Robério. Nem um “oi, sumido”.
Do outro, Robério Burity — ex-prefeito, estrategista, mestre das redes — também celebra o feito nas suas páginas. E adivinhe? Silêncio total sobre João. Nem um emoji, nem um parabéns, nada. Apenas o eco da ausência.
Para quem acompanhou anos de vídeos conjuntos, selfies sorridentes e abraços calculadamente espontâneos, a ruptura ficou clara. Se antes era “parceria de resultados”, agora é cada um cuidando do seu post, da sua base, do seu rumo. A relação esfriou mais que café de gabinete.
E o que isso significa para Ingá? Significa que 2026 promete: João Gonçalves deve defender seu legado de emendas e obras. Robério, com seu estilo inconfundível, já prepara terreno para apoiar outro candidato. O atual prefeito terá seu candidato. E os ex-candidatos a prefeito e vice? Também querem uma fatia do bolo do eleitorado ingaense.
Resumo da ópera: Ingá vai virar palco de um leilão de candidaturas, cada um puxando para seu lado e dizendo que é “pelo povo”.
Enquanto isso, o eleitor ingaense — sábio, experiente e já vacinado contra certas alianças — assiste de camarote e comenta com aquele meio sorriso no canto da boca: “é, meu amigo… tem asfalto novo em Pontina, mas tem estrada rachada na política.”
E segue o baile.