Reflexão para o 2º domingo de Páscoa
15 de abril/2012 (Não deixe de ler na bíblia João 20,19-31)
Provavelmente um dos maiores equívocos que alguns cristãos cometem no dias de hoje, é o de ausentar-se das celebrações dominicais por verem nelas a repetição monótona de um rito que já sabem de cor e salteado. Uma partida de futebol também nunca sai da mesmice, em todo jogo nada muda, mas vá dizer a um torcedor que o futebol é monótono e cansativo, imediatamente ele irá afirmar que cada partida é uma história e uma emoção diferente, indescritível.
Então por que alguns cristãos acham a celebração tão chata e repetitiva?
Naqueles primeiros tempos do cristianismo, a pessoa de Jesus, seus ensinamentos e sua história ainda estava muito viva no coração dos seus seguidores, os apóstolos. Eles falavam com entusiasmo de Jesus como alguém presente, que caminha com a comunidade tomada pelo seu Espírito, que a anima e lhe faz sentir esta vida nova que ele deu a todos.
A verdade é que, a vida em Comunidade só é possível quando a gente faz uma experiência pessoal com Jesus Cristo, quando o seu anúncio toca no fundo do nosso coração e começamos a senti-lo a cada instante de nossa vida, quando o seu evangelho nos encanta e supera qualquer ideologia de felicidade, que este mundo possa nos oferecer; quando descobrimos que ele nos conhece profundamente, e tem por nós um amor imenso, grandioso, que não hesita em dar-nos a própria vida. Quando percebemos que a salvação por ele oferecida não é algo misterioso, que só iremos ter após a nossa morte, mas que nessa vida a sentimos nas profundezas do nosso ser, quando conseguimos harmonizar todas as nossas virtudes e carismas, com o projeto que o Filho de Deus inaugurou em nosso meio.
Então o nosso coração quer estar junto de outros irmãos e irmãs, que fizeram essa mesma descoberta, para comemorar e celebrar essa presença misteriosa do Senhor em nossa vida, que se torna mais forte na vida de igreja. Para Tomé não faltou este testemunho dos seus irmãos apóstolos: “Vimos o Senhor!”, não se trata apenas de um VER com os olhos, mas de um sentir com o coração, capaz de perceber nas marcas da paixão a evidência mais forte de um amor sem medida pelos seus.
A comunidade recebe o dom da Paz, nascida da vitória definitiva sobre as forças do mal. O discípulo que recebeu a Paz do Senhor, não pode nunca colocar em dúvida, em sua vida e na vida do mundo, o triunfo do Bem supremo sobre o mal, viver nessa paz, longe de permanecer de braços cruzados.
É antes ir a luta pelo reino em que se crê, na certeza de que ele um dia se tornará visível em toda sua plenitude. Comunidade, portanto, é lugar de se receber o sopro de Vida e renovação pois, em cada momento celebrativo, é lugar onde a gente se reveste desse Espírito Santo, lugar onde somos recriados, restaurados, tornando-nos novas criaturas em Cristo. É a Igreja-comunidade faz este papel.
A Fé no Senhor ressuscitado, que caminha com a sua igreja, não precisa de sinais ou provas, pois Cristo Jesus não precisa provar mais nada, nós é que precisamos provar a nossa fé, aceitando viver e celebrar em uma comunidade, onde nada ocorre de excepcional, mas onde cada encontro é diferente, porque fazemos essa experiência do Cristo vivo, que caminha conosco, podemos vê-lo e tocá-lo nos Sacramentos, podemos ouvi-lo, e de fato o ouvimos na santa palavra de Deus.
Podemos percebê-lo na vida dos irmãos, razão pela qual não cansamos de repetir com a alma em júbilo, a cada saudação de quem preside “Ele está no meio de nós!”. Se tivermos convicção desta afirmativa, o nosso testemunho será tão vivo e autêntico como o dos apóstolos inclusive Tomé que agora presente na comunidade ousa dizer: Meu Senhor e meu Deus (Jo,20,28), e o nosso coração baterá mais forte cada vez que chegar o DOMINGO, dia do Senhor.