Pela primeira vez no país, apenados terão acesso a educação de nível superior dentro de uma unidade prisional através do campus universitário avançado da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), inaugurado nesta terça-feira (20) no presídio do ‘Serrotão’, em Campina Grande, segundo o secretário de Administração Penitenciária, Wallber Virgulino.
A instituição vai oferecer também aulas de ensino fundamental, médio e educação técnica e profissionalizante. Inicialmente, será oferecido um curso de Gestão Penitenciária e Direitos Humanos voltado para agentes penitenciários.
Segundo o governador Ricardo Coutinho, o projeto inovador pretende ampliar a discussão em torno da reeducação e ressocialização nas unidades prisionais do país. O campus universitário já começa a funcionar após um levantamento que identificou a necessidade de qualificar os presos para a possibilidade de ingressar no ensino superior.
A proposta da UEPB é formar cursos preparatórios para exame supletivo. Apenas para o ano de 2014 está previsto iniciar a primeira turma de presos em um curso universitário dentro do presídio. De acordo com a instituição, pelo menos 13 detentos com ensino médio completo já estão sendo pré-selecionados para formar a primeira turma de nível superior. O presídio conta atualmente com mais de 800 apenados encarcerados em 500 vagas, segundo o Governo da Paraíba.
No ‘Serrotão’, foram construídos dois ambientes com oito salas de aulas, fábrica de pré-moldados, bibliotecas, berçário para os filhos das apenadas, um salão multiuso, oficinas de aprendizagem, além de salas de informática, leitura e vídeo. Na última semana, começou a funcionar no complexo o curso de Informática Básica.
A apenada Fernanda Justino é uma das que já tem aulas nas oficinas profissionalizantes. “A gente faz bolsa, bonecas, passadeiras, fazemos vários tipos de trabalhos de artesanato”, disse. Já o detento Klebson Alexandre cursa aula de informática. “É uma oportunidade a mais e uma chance de tentar voltar ao mercado de trabalho”, defendeu.
No evento de inauguração, o preso Paulo André Araújo, ‘Paulinho Rap’, cantou uma música de sua autoria contando a própria experiência no envolvimento com a criminalidade e a luta para voltar ao convívio com a sociedade. “Minha música é para inspirar outros a não seguirem meu caminho”, afirmou.
O governador Ricardo Coutinho destacou que a experiência pode ainda repercutir para outras unidades prisionais no estado e no resto do país. “Essa é uma obra revolucionária. A presença da UEPB dentro de um presidio é algo que a Paraíba precisa perceber com profundidade e entender que esses passos dialogam com outros passos. Estamos discutindo redução de pena através da leitura, qualificação profisisonal, melhoria no acesso ao ensino fundamental, médio e superior. Estamos abrindo perspectiva de futuro para as pessoas. A violência não se combate alimentando a própria violencia, temos que criar as condições para através de educação e formação para o trabalho reinserir essas pessoas na sociedade”, concluiu.
Segundo o reitor Antonio Rangel Junior, existe uma carência de educação que será suprida de início através da preparação para o curso de nível superior. “Visamos formar pessoas e todas as atividades profissionalizantes e educativas são voltadas para a ressocialização e reeducação, porque este é o sentido da universidade com a implantação do campus avançado”, assegurou.
Para o secretário Wallber Virgulino, a proposta visa oferecer também consciência laboral e unir-se a outro projeto sendo estudado que irá promover redução de pena através da leitura. “A educação é por onde podemos humanizar e dar cidadania ao detento”, destacou.
Do G1 PB
