Em comunicação do Sr. Jaime Araújo enviado para a pesquisadora Zilneide Barros, relata o exato momento em que foi criada a histórica Banda de Ingá.
Pequeno texto, porém deslumbrante.
Leiam, vale a pena.
O ano era de 1933, morávamos em Aroeiras, aí bem pertinho, naquele tempo uma distancia enorme. Meu pai, o mestre Cazuzinha, José Severino Araújo, era o mestre da Banda local, que era uma Vila muito pobre (ainda pertencente a Umbuzeiro). Mestre Cazuzinha, dona Amélia e seus filhos: Severino, Manoel, Plínio, José e Jaime Araújo, formavam a família Araújo. Tínhamos 16, 14, 12, 10 e 8 anos, respectivamente. Não tínhamos consciência da dificuldade que passa uma família pobre. A única herança que ele poderia nos deixar era a grande musicalidade que trazia de berço.
Em março daquele ano um fato raro aconteceu no lugar, a presença de um pequeno caminhão. Era de seu Belmiro, soube depois. O que faziam aquele caminhão na cidade? Perguntavam. E a vida daquela família começou a mudar. O caminhão, trazido por Caçula Bacalhau, era para transportar a família do Mestre Cazuzinha, que fora contratado pela Prefeitura Municipal de Ingá. Só ai comecei a tomar conhecimento do fato porque era muito novo para participar das desmarches.
As “coisas” em casa já estavam arrumadas para viagem. O que contavam da nova cidade nos deixava maravilhados, como por exemplo: a luz elétrica, o trem e a matrícula no grupo escolar Abel da Silva, onde aprendia tanto com aquele curso primário que me acompanha até hoje.
Quando chegamos a Ingá, já na segunda quinzena de março, ainda era dia e o sol brilhava por trás daquela serra onde havia uma cruz. Anoiteceu e veio o primeiro deslumbramento: duas lâmpadas iluminaram nossa casa, assim como toda cidade, proporcionada pelo motor a óleo diesel de seu Manoel Cândido.
Na noite do dia 31 de março de 1933, na sala de nossa residência, que era também a sede da banda, realizou-se o primeiro ensaio sob a direção do mestre Cazuzinha e que tinha como clarinetista Severino Araújo.
Com abraço de Jaime Araújo.
Colaboração: Professor Alexandre.
INGÁ-CIDADAO
