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RELATOS HISTÓRICOS DA BANDA 31 DE MARÇO

Baseado nos textos de Zilneide BarrosComo surgiu a Banda 31 de Março

 

 

 

BANDA 31 DE MARÇO MEMÓRIA 2Em Ingá, as bandas marciais existem desde o final do século XIX. As primeiras foram à banda Maria Luiza e a Joana Cabral, até que chegou à cidade, vindo de Pernambuco o Sr. José Severino de Araújo, conhecido Cazuzinha, que fundou a Filarmônica municipal 31 de março com um grupo de amigos e filhos onde ele era o maestro. Após alguns anos de incentivo e colaboração o  mestre Cazuzinha mudou-se para João Pessoa com sua família. Seus filhos Severino, Jaime, Manoel e Plínio seguem as trilhas do sucesso musical fundando a Orquestra a Tabajara, fixando-se no Rio de Janeiro.

 

O dia 31 de março de 1933 foi uma data festiva, que entrou para a história local. Segundo o sr. Manoel Pequeno de Medeiros: “Era uma sexta-feira Santa e pela primeira vez apresentou-se em público a banda que foi batizada com o nome do dia e mês de sua estréia. Filarmônica 31 de Março – Banda de Música”. A partir de então ela passou a fazer parte do cotidiano cultural deste povo.

 

Segundo informações obtidas em entrevistas em 10 de outubro de 1983 ao senhor Eduardo Ferreira de Morais e ao senhor Valdivon de Morais Lima por um dos fundadores da banda, o senhor Manoel Pequeno de Medeiros. Ele contou que as bandas anteriores haviam se desfeito, a última a qual ele foi um dos integrantes, foi extinta por causa do falecimento de senhor Manoel da Costa Travassos (músico).

 

O prefeito Antônio Cabral de Melo, reivindicado pela população e sentindo a necessidade de alegrar a cidade resolveu reativar a banda no ano de 1933, contratando um novo organizador, o mestre Cazuzinha e seus filhos, para que junto aos músicos ingaenses alegrssem a comunidade.

 

Os músicos reuniram-se com o novo organizador para a escolha do nome da banda, não queriam usar os nomes das bandas extintas, pois se assim o fizessem poderiam dar preferências.

 

Segundo o senhor Antônio da Luz Amaral (seu Pitota, 81 anos). “Lembro como se fosse hoje, Cazuzinha disse na reunião: “Para não haver preferência, vamos colocar o nome de Banda 31 de março”. E assim ela foi batizada”. (fevereiro de 2005). Foi o nome do dia e do mês da estréia.

 

Com o apoio da prefeitura a banda surge com garra e vontade. Era composta pelos músicos: José Severino Araújo (Cazuzinha), Emídio Cardoso de Almeida (Lau), Manoel Pequeno de Medeiros, Severino Araújo , Plínio Araújo, Jayme Araújo, Fernando Moura, Milton Luiz de França, Alcides Ribeiro do Amaral, Eufrásio Pereira da Silva, Severino Gomes da Silva (Bole), Durval Moreira de Andrade, Zé do Piston, Epaminondas Travassos e outros.

 

Segundo o senhor Manoel Pequeno Manoel de Medeiros, com esse grupo, formou-se uma das maiores bandas de interior paraibano.

 

A banda pertencia à prefeitura, os instrumentos, fardamentos e a sede eram por ela financiados. Todas as suas sedes foram na rua João Pessoa. Durante o período da nossa pesquisa fomos informados que a banda possuía um estatuto, o mesmo não foi encontrado. Por tanto nosso trabalho se desenvolverá basicamente através da tradição oral.

 

Com a saída de alguns membros, outros se incorporavam à banda, para que a mesma  prosseguisse a trajetória de sucesso. Na sede funcionava uma escolinha, onde por interesse, amizade ou por parentesco os alunos eram ensinados a tocar os instrumentos por meio das partituras.

 

BANDA 31 DE MARÇO MEMÓRIA 1A Banda 31 de março era o que de mais atrativo acontecia na cidade. Até a década de 70 ela participou de festivais, tocava carnavais, na cidade e em outras localidades, dividindo-se em pequenas orquestras. Além dos carnavais sempre era requisitada para abrilhantar procissões, recepções a autoridades, desfiles cívicos, campeonatos de futebol, inaugurações, além de participações de rituais fúnebre tais como: enterros e a procissão de Nosso Senhor Morto na Semana Santa.

 

Nesse período outros músicos fazem parte da banda, dentre eles, segundo o senhor Antônio Francisco da Silva (Patativa), três mulheres participaram (da orquestra) como vocalistas, Maria Batista, Elza Leite e Mocinha Bezerra (primeiras mulheres), e ainda João Gomes da Silva, Macia, Manoel Barbosa, Samuel Monteiro, Assindino Paiva, José Fonsêca da Silva (Zé de Julho), José Alves da Silva (Zé de Margarida), Severino Nunes da Silva (Birino), Severino Nunes da Silva (Minan), Antônio Travassos, José Pereira da Silva (Zezinho), Edmilson Pereira da Silva (Nicinho), Gilvan Gonçalves da Costa, José Gomes da Silva, Manoel Santiago Filho (Nesa), e outros.

 

Entre os vários integrantes entrevistados, é destacado o empenho e a dedicação do senhor Eufrásio Pereira de Silva, em formar novos músicos, dedicando boa parte do seu tempo às aulas de música para novos alunos. Com isso deixaria plantado no ingaense o interesse pela preservação da banda, da qual ele era um grande defensor. “Seu Eufrásio”, era fiscal da prefeitura, e um músico por excelência. Chamado para tocar na banda da Polícia Militar, em João Pessoa, ocupando a patente de sargento, passou apenas dois meses, retornando a Ingá e prosseguindo com a 31 de Março.

 

Outro  músico destacado por vários entrevistados, é o senhor Severino Nunes da Silva (Birino), que integrava a banda desde 1949. Birino deu sua parcela de contribuição, na formação de novos músicos, na divulgação da banda como orquestra no carnaval, na participação de festivais, dedicando assim grande parte da sua vida ao fortalecimento da banda.

 

Dá década de 80 até o ano 2000, quando a banda “silenciou”, seus integrantes, além de alguns já citados eram, segundo Eufrásio Pereira da Silva Filho (Flávio, último maestro): Pedro Machado, Zé de Virginio, Manoel Romualdo do Nascimento, Zezinho Niceto, Tóta, Cícero, João Cosme, Fernandes, Natanael, Severino Vicente de Araújo (Edmilson), Cláudio Geraldo, José Ivanildo, Elias Assis da Silva, Sergio de Patativa, Biu de Lilita, Paulo Leonardo da Silva, Raminho, Zé de Santos, Antônio Santiago, Zé de Petronilio, Zé de Elidia, Tiburcio, Ednildo, José Gomes da Silva (Dêdo de Bole), e as mulheres Gyrla Nara Santiago (Narinha), e Adriana Rosendo Barbosa. Elas foram às primeiras mulheres  a tocarem instrumentos na banda.

 

 

 

Instrumentos

 

 

 

A banda possuía os seguintes instrumentos:

 

Trompete–(Piston), Trombone–(Pisto), Trombone–(Vara), Bombardino, Trompa, Tuba, Saxofone (Alto), Sax Tenor, Sax Barítmo, Trompa de Harmonia, Clarineto, Requita, Fagote, Trompete (Bugue), Bombo, Prato, Tarol, Surdo.

 

Sendo esses os instrumentos que compõem uma banda marcial, encontramos nessa pesquisa um projeto de lei de 17/07/de 1968 autorizando a prefeitura vender uma sanfona pertencente à banda 31 de março.

 

 

 

Maestros que regeram a Banda

 

 

 

  • José Severino Araújo (Cazuzinha)
  • Nelson Francisco de Souza Leite
  • Alcides Ribeiro do Amaral
  • Patrício Gomes de Andrade
  • João Franco de Oliveira
  • José Epaminondas Bezerra
  • Emídio Cardoso de Almeida
  • Eufrásio Pereira da Silva
  • Francisco Leite
  • Félix Ribeiro
  • Manoel Pequeno de Medeiros
  • Severino Nunes da Silva (Birino)
  • Severino Nunes da Silva (Minan)
  • Eufrásio Pereira da Silva Filho (Flávio)

 

 

 

Banda 31 de março sob o comando do maestro Minan

 

 

 

“Salve a Retreta”- O Grande Concurso

 

 

 

Retreta é apresentação de banda de música em praça pública.

 

Em 1961, a Argos Industrial S.A de São Paulo (fabricante de tecidos), patrocinou em Campina Grande um concurso de Bandas de Música, intitulado SALVE A RETRETA. Com o apoio do Diário da Borborema e Rádio Borborema e Cariri, a divulgação foi feita de junho a setembro. O regulamento dizia que só doze bandas poderiam se inscreverem. O concurso se dividia em três grupos (A, B e C), sendo escolhida uma em cada grupo. Os prêmios seriam: fardamento completo e troféu. Os programas eram gravados nas cidades de cada banda e apresentado aos sábados e domingos pela Rádio Borborema.

 

A Banda 31 de março participa e é vitoriosa, ficando em primeiro lugar no grupo “C”. Apesar da vitória, no dia da entrega dos prêmios a banda foi surpreendida pela fatalidade. O ônibus em que viajavam para Campina Grande colidiu com um lambretista que teve morte imediata, impedindo assim o prosseguimento dos músicos. Apesar de terem saídos ilesos, não foi possível comparecer as festividades de entrega do prêmio.

 

 Em 28 de novembro de 1961, em Campina Grande, na Praça da Bandeira, local das apresentações, as festividades foram suspensas numa atitude de solidariedade humana.

 

 

 

A Banda como instituição pública

 

 

 

“A banda representa uma tradição, uma cidade que tem uma banda é privilegiada”. (moradora).

 

As bandas de música constituem nas cidades um dos mais importantes patrimônios socioculturais, principalmente se pertencerem ao poder público, ou melhor ao povo.

 

Segundo vários integrantes, a Banda 31 de Março sempre pertenceu à prefeitura que a financiava para abrilhantar as festividades locais. Não encontramos nenhum registro de seus integrantes contratados pela prefeitura como músicos. Não há no quadro de funcionários a função de músico. Os que faziam parte da banda possuíam  registro em carteira com outras funções (vigia, fiscal, porteiro, zelador, etc).

 

Desde o seu surgimento, a banda abrilhantava as festas religiosas, as procissões, os enterros, carnavais, e festas cívicas. Nas principais datas cívicas e comemorativas, ela faziam a “alvorada” (das 4:00 as 6:00 hs da manhã) a população era acordada aos sons dos seus dobrados (“marcas do que se foi”). Durante o mês de maio, ela tocava todas as noites a pedido dos noitários nas celebrações marianas da Igreja Católica, recebiam pequenas gratificações, fora este período, apresentavam-se no coreto da praça três vezes por semana onde tocavam: dobrados, boleros, baião, samba e valsa. A recepção por parte da população era grande, as retretas no coreto era motivo de orgulho do ingaense.

 

A dedicação dos músicos era tão importante que eles não se preocupavam com o retorno financeiro, aqueles que não eram funcionários recebiam uma espécie de “subvenção”, pequena gratificação paga pela prefeitura, o pagamento seria em recibo em nome do maestro que repassava aos músicos. Aqueles que eram funcionários da prefeitura recebiam seus salários mensais conforme atividade em registro na carteira.

 

 

 

A banda como Instituição privada

 

 

 

Como instituição privada a banda 31 de março destacava-se no carnaval. Seus componentes se subdividiam em pequenos grupos formando orquestras que eram contratadas para tocar em outras cidades e estados. Um desses grupos se destacou, era a orquestra Canarinhos do Frevo, tendo como organizador o maestro Birino (“O bico de ouro”). Como a banda era famosa nesse período seus músicos ganhavam um pouquinho mais. Eram contratados por empresários ou até por prefeituras de outros municípios e clubes particulares.

banda 31 de março

 

 RESGATE

 

Abanda 31 de março passou por momentos difíceis nos anos 2000, porém, atualmente atingiu sue número máximo de componentes, com novos instrumentos, fardamento e sede, sob a batuta do Maestro Eufrásio Pereiria (Flávio),onde  na gestão do prefeito Manoel da Lenha teve sua importância resgatada voltando a participar das principais festividades da cidade, inclusive realizando retretas no coreto da praça central.

 

VIVA A BANDA 31 DE MARÇO, NOS SEUS 81 ANOS DE EXISTÊNCIA.

INGA-CIDADAO

 

 

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