domingo, abril 28, 2024
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Atleta resgatada após dois dias na selva em SP sobreviveu bebendo água de plantas

Atletas tiveram que recorrer à água acumulada em bromélias para matar a sede. Resgate mobilizou o helicóptero Águia da Polícia Militar.

Os quatro atletas resgatados após passarem dois dias em uma floresta em São Paulo tiveram que recorrer à água acumulada em bromélias para matar a sede. Eles foram encontrados a aproximadamente 15 quilômetros da base do Parque Estadual Carlos Botelho, em Sete Barras, no interior do estado. Em entrevista ao G1 nesta terça-feira (23), uma atleta contou que eles ingeriram a água da planta após coar em uma camiseta e aplicar uma pastilha purificadora.

“O ânimo melhorou consideravelmente depois desse ‘café da manhã'”, disse a atleta Ana Flavia Heide. Moradora do Rio de Janeiro, ela é uma das integrantes do quarteto participante da Expedição Chauás 300 Registro 2019. Além da água, eles conseguiram se manter apenas com alguns itens que sobraram nas mochilas, como um pedaço de sanduíche, uma porção de balas de gelatina e um salgadinho de wasabi – raiz forte típica da culinária japonesa. “Eu comi um pouquinho e até chorei de tanto que ardeu”.

A expedição tem percurso de 300 quilômetros e começou na última quinta-feira (18). Com largada e chegada em Registro (SP), os mais de 100 competidores tinham como missão percorrer estradas rurais, trilhas e rios em meio ao Parque Estadual Carlos Botelho, uma área de Mata Atlântica. A prova envolve etapas de trekking, que consiste em caminhada a pé pela trilha, canoagem e Mountain Bike – competição de bicicleta em terreno montanhoso.

Ana e os outros três atletas, moradores de Santos e São Paulo, integravam a equipe Makaira e se perderam durante a etapa de trekking. Segundo ela, a área tinha pedras gigantes, o que os obrigou a fazer desvios para contorná-las e seguir na direção correta. Após tentar ultrapassar os obstáculos desde sexta-feira (19), eles decidiram procurar socorro no sábado (20).

Atletas posaram para 'selfie' após chegada dos bombeiros em Sete Barras, SP — Foto: Divulgação/Prefeitura de Sete Barras

Atletas posaram para ‘selfie’ após chegada dos bombeiros em Sete Barras, SP — Foto: Divulgação/Prefeitura de Sete Barras

“Optamos por parar de nos desgastarmos inutilmente. Sem água e sem comida, ativamos o resgate do Spot. Vimos que estávamos finalmente em um local em que o celular tinha sinal. Daí em diante, conseguimos contatar o organizador do evento, os Bombeiros e os amigos”, diz.

O alerta de socorro via satélite acionou uma empresa americana que, em seguida, informou as autoridades. O quarteto foi encontrado no domingo (21) por uma equipe do Corpo de Bombeiros e um monitor autônomo, que conhece a área. O resgate foi feito logo em seguida pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar, que utilizou um cesto para fazer a retirada das pessoas.

“O voo foi uma loucura. Voamos alto mesmo, por cima das nuvens. Pude ver a imensidão da mata onde nos encontrávamos. O policial comentou: Como vocês foram parar tão longe?”, relembra a atleta.

Atleta resgatada após dois dias perdida em mata descreve momentos de tensão: 'Pedras gigantes' — Foto: Divulgação/Prefeitura de Sete Barras

Atleta resgatada após dois dias perdida em mata descreve momentos de tensão: ‘Pedras gigantes’ — Foto: Divulgação/Prefeitura de Sete Barras

Resgate

Um bombeiro e um monitor autônomo que conhece o parque e estava a serviço da empresa organizadora foram os primeiros a se deslocar até o local, na noite de sábado. Segundo o monitor Michel Dias de Oliveira, as buscas começaram por volta das 22h, mas eles tiveram dificuldade para localizá-los depois que ficaram sem bateria no celular. “Paramos no Pico da Pedra Maior. Eu vi que estava ficando meio difícil e falei para começarmos pela manhã”, afirma.

Os atletas apresentavam quadro de desidratação e foram atendidos pela equipe da Secretaria de Saúde de Sete Barras. “Eles estavam bem, mas esgotados fisicamente e desidratados”, disse a secretária de saúde Lucia Maria de Lima Maia. Eles receberam atendimento na própria ambulância e foram liberados em seguida.

Segundo o diretor técnico da corrida, Francisco Perez, a situação não causou espanto porque eles já tinham um plano de salvamento traçado antes da corrida. “O celular e o aparelho localizador são equipamentos obrigatórios do regulamento para eles levarem durante a corrida. Além de primeiros socorros, capacete, equipamentos de segurança. Todos tinham tudo isso. Em menos de 24h após apertar o botão eles já estavam almoçando no restaurante”, afirma.

Ainda de acordo com a organização do evento, os atletas são preparados para sobrevivência e não chegaram a ficar desidratados porque tomaram água acumulada nas bromélias. “Eles têm curso de primeiros socorros, sobrevivência na selva e a maioria deles participa dos nossos eventos há mais de dez anos”.

Atletas foram resgatados com a ajuda de cestos do helicóptero Águia — Foto: Divulgação/Prefeitura de Sete Barras

Atletas foram resgatados com a ajuda de cestos do helicóptero Águia — Foto: Divulgação/Prefeitura de Sete Barras

G1

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