O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, será o primeiro a discursar no chamado “debate geral” da 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (21). Desde 1947, o representante do Brasil é encarregado de abrir oficialmente as falas dos líderes mundiais participantes.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala em seguida.
Na volta do evento (semi) presencial, Bolsonaro é o único dos líderes do G20 (grupo das 19 principais economias do mundo e a União Europeia) presentes a dizer que não tomou e que não vai tomar a vacina contra a Covid-19 para ir ao encontro.
Ainda assim, o presidente brasileiro deve mencionar como seu governo avançou na imunização da população e conteve a pandemia, além de falar sobre o auxílio emergencial e outras medidas econômicas do período. É esperado também que ele se pronuncie sobre questões ambientais que prejudicaram a imagem do país no exterior.
A pandemia deve dominar grande parte dos discursos. Em 2020, a Assembleia Geral foi totalmente remota por causa da pandemia. Neste ano, parte dos líderes discursará presencialmente e parte gravou a sua participação.
Segundo a agência de notícias France Presse, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, cancelou sua presença e enviará uma mensagem gravada. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, será representado por seu chanceler, Marcelo Ebrand. O nicaraguense Daniel Ortega também não irá.
A região da América Latina e Caribe é a mais afetada pela pandemia. Ela tem apenas 8,4% da população mundial e concentra 34% dos casos confirmados e 28% das mortes por Covid-19 do planeta.
Além de Bolsonaro, outros líderes latino-americanos com presença confirmada são o colombiano Iván Duque, o peruano Pedro Castillo, o cubano Miguel Díaz-Canel e o venezuelano Nicolás Maduro. A ida do presidente argentino Alberto Fernández, antes confirmada, ainda é incerta devido à crise política em seu país.
Tensões diplomáticas e clima
A expectativa é grande para o discurso do presidente dos EUA, Joe Biden, devido às recentes tensões diplomáticas de seu país, não só após a conturbada retirada do Afeganistão, mas também depois do anúncio de uma nova aliança com Reino Unido e Austrália, o Aukus – que causou grande mal-estar com a França. Isso sem contar o clima já tenso nas relações com a China.
Segundo uma fonte do governo Biden, o presidente americano vai dizer que “não acredita na ideia de uma nova Guerra Fria com um mundo dividido em blocos”, no contexto da rivalidade entre EUA e China, mas que “acredita em uma concorrência vigorosa, intensa e baseada em princípios”.
Ainda de acordo com a France Presse, Biden irá a Nova York com um discurso de união.
O presidente americano quer dizer à comunidade internacional que, após retirada do Afeganistão que irritou seus aliados, “abre-se um capítulo” da diplomacia americana, “definida pela cooperação com aliados e parceiros para resolver problemas que não podem ser (resolvidos) pela força militar”.
Em relação à tensão com a França, Biden deve falar por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron, depois que o chanceler do país classificou como “facada nas costas” o acordo dos EUA de fornecer submarinos de propulsão nuclear à Austrália (o que levou a França a perder um contrato para construir submarinos convencionais).
O clima também será um tema relevante nos discursos desta edição do evento. No mais recente relatório da ONU, o secretário-geral António Guterres advertiu que o mundo estava em um caminho “catastrófico” rumo a um aquecimento de 2,7ºC, acima do limite de 1,5ºC previsto no Acordo de Paris.
Nesta terça-feira, entre os destaques está, no período da manhã, além de Bolsonaro e Biden, a fala do presidente da China, Xi Jinping, que enviou uma mensagem pré-gravada.
À tarde, líderes latino-americanos como o presidente do Peru, Pedro Castillo, e da Argentina, Alberto Fernandez (em mensagem pré-gravada) e os polêmicos presidentes das Filipinas, Rodrigo Duterte, e de El Salvador, Nayib Armando Bukele, estão na programação.
Os discursos continuam na quarta-feira, nos dois períodos, seguidos de plenárias. Ao longo da Assembleia, os líderes seguem ainda uma agenda de encontros paralelos. O evento prossegue até o dia 27 de setembro.
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