A França também está preocupada com a pauta ambiental brasileira. Nesta quinta-feira, o presidente Emmanuel Macron disse que não assinará nenhum acordo comercial com o Brasil se o governo Bolsonaro decidir deixar o Acordo de Paris. Isso também coloca em xeque eventuais acordos comerciais da UE com o Mercosul.
Embora as negociações da UE com o Mercosul tenham se intensificado nos últimos meses, membros europeus estão relutantes, diante das questões ambientais.
“Se o Brasil deixar o Acordo de Paris, até onde nos diz respeito, não poderemos assinar o acordo comercial com eles”, disse Macron a jornalistas no Japão, antes da reunião do G20 — informa a agência Reuters. “Por uma simples razão. Estamos pedindo que nossos produtores parem de usar pesticidas, estamos pedindo que nossas companhias produzam menos carbono, e isso tem um custo de competitividade”, disse o presidente francês. “Então não vamos dizer de um dia para o outro que deixaremos entrar bens de países que não respeitam nada disso.”
Em janeiro, Bolsonaro disse que, por enquanto, o Brasil não vai deixaro acordo de Paris sobre o clima.
O encontro do G20 acontecerá na sexta-feira (28) e no sábado (29). Bolsonaro fará a estreia no G20 e, segundo a assessoria, terá compromissos a partir desta quinta. Antes de partir, ele entregou a Presidência ao vice, Hamilton Mourão.
Além das atividades da cúpula, Bolsonaro se reunirá com líderes de outros países, entre os quais o presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro ministro da Índia, Narendra Modi.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e Bolsonaro deve visitar o país em agosto. O encontro com Xi Jinping acontecerá em meio à guerra comercial entre China e Estados Unidos. O país governado por Donald Trump é o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
De acordo com a previsão de agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro terá audiência com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, e participará de uma reunião informal dos líderes do Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O Brasil exerce em 2019 a presidência rotativa do bloco e, segundo o Planalto, dará prioridade a temas de cooperação, em especial na área econômica.
Bolsonaro ainda participará na sexta de um jantar em homenagem aos líderes do G20, oferecido pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Já no sábado, tem agendada reunião com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
A prévia da agenda ainda inclui reuniões com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien-Loong.
Um relatório recente da ONU sugere que Salman foi responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado no consulado saudita na Turquia em 2018.
A ida de Bolsonaro à Ásia marca a primeira participação dele como presidente da República no encontro de líderes do G20. Bolsonaro será um dos três oradores principais na sessão temática de inovação e tecnologia.
Crescimento econômico, protecionismo e tensões comerciais estão, conforme o governo brasileiro, entre os principais desafios do evento neste ano.
O encontro mais esperado da cúpula será entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Isso porque há uma guerra comercial entre os países, marcada pelo aumento das tarifas de importação e pelo subsídio à produção de ambos os lados.
O Brasil apoia a proposta norte-americana de reformar as regras da Organização Mundial do Comércio para condenar o subsídio governamental às indústrias com maior veemência.
Como contrapartida, o Brasil defende o mesmo rigor contra os subsídios agrícolas em países como EUA, França, China e Índia.
Saiba a agenda prevista (horários em Osaka, no Japão, 12 horas à frente de Brasília):
- 13h35: Chegada a Osaka
- 19 horas: jantar privado
- 9h10: Audiência com o presidente do Banco Mundial, David Malpass
- 10h20: Reunião informal dos líderes do BRICS
- 11h10: Reunião bilateral com Xi Jinping, presidente da China
- 12 horas: Primeira sessão plenária da cúpula de líderes do G20
- 14h05: Reunião paralela dos líderes do G20 sobre economia digital
- 14h55: Segunda sessão plenária da cúpula de líderes do G20
- 18h45: Jantar em homenagem aos líderes do G20 oferecido pelo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe
- 9h20: Reunião bilateral com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi
- 9h40: Reunião paralela dos líderes do G20 sobre empoderamento das mulheres
- 10 horas: Terceira sessão plenária da cúpula de líderes do G20
- 11h30: Reunião bilateral com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman
- 12h15: Quarta sessão plenária da cúpula de líderes do G20
- 13h45: Sessão de encerramento da cúpula de líderes do G20
- 14h05: Reunião bilateral com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien-Loong
- 18 horas: Embarque para o Brasil