Terminou por volta das 5h30 (horário local) desta sexta-feira (30), no 1º Tribunal de Júri, no Fórum Criminal da Avenida João Machado em João Pessoa, o julgamento de João Paulo Guedes Meira. O júri popular entendeu que o réu deveria ser condenado pelo crime de homicídio doloso, quando se tem a intenção de matar. Ele foi responsabilizado pela morte de três integrantes da família Ramalho e mais duas lesões graves provenientes de um acidente automobilístico que aconteceu em João Pessoa, em 2007.
Diante da decisão do júri, o juiz Marcos William de Oliveira definiu a sentença de 15 anos a ser cumprida em regime fechado em um presídio estadual. Ele foi punido por ter dirigido sob o efeito de álcool, ignorando os semáforos fechados. Segundo a decisão dos jurados, o réu tinha consciência da licitude do fato ao assumi-lo.
Nas considerações finais, o promotor Alexandre Varandas fez questão de enfatizar que até as pessoas que estavam no carro de João Paulo atribuem a culpa do acidente a João Paulo, o que raramente acontece, uma vez que geralmente essas pessoas são amigas.
“Ele não apenas matou três pessoas como também provocou lesões corporais graves. O desfecho poderia ter sido mais grave, tudo por uma conduta irresponsável estimulada pelo uso de álcool. Eu posso afirmar sem medo de errar: ele tomou mais de um copo de cerveja. não é presunção, é convicção”, disse o promotor. “Não há duvidas que houve dolo eventual”.
O advogado de defesa Ricardo Siqueira também teve a oportunidade de apresentar suas ideias ao júri presente. Para a defesa, não há qualquer indício de que João Paulo assumiu a responsabilidade pelo acidente. Para Siqueira, ele não deve responder por homicídio com dolo eventual. “A família da vítima sofre com as perdas. A família do réu sofre a cadeia que ele está pagando”, comentou.
A fase plenária do julgamento terminou por volta das 2h15 e apenas cerca de três horas depois a sentença foi proferida.
O que disse o réu
No seu depoimento, João Paulo negou ter ultrapassado semáforos vermelhos, disse que todos os que encontrou na Avenida Epitácio Pessoa estavam verdes, e também negou ter bebido. “Só tomei um copo de cerveja, porque no outro dia tinha que abrir a loja do meu pai”, declarou.
Questionado pelo juiz sobre o porquê de o carro ter ficado tão destruído após o acidente, ele reafirmou que não estava em alta velocidade. “Eu acho que mesmo estando a 80km/h, sem você pisar no freio causa um estrago razoável”, pontuou.
O réu explicou que foi ao Instituto Médico Legal, onde fez o exame clínico para mostrar que não estava embriagado. Ele ainda disse que se recusou a fazer o bafômetro porque tinha um ferimento grande na testa e tinha perdido muito sangue. ”Todos os depoimentos são mentirosos. Eles querem somente me prejudicar”, afirmou.
João Paulo ainda declarou durante o depoimento que ficou foragido tanto tempo porque estava recebendo ameaças anônimas. Além disso, o réu afirmou que estava sofrendo muita pressão e que tinha medo de ser preso. “Eu não suporto mais tal situação. Se for para ficar preso, fico. Se for para pagar, eu pago. Por isso que me apresentei. A vida de foragido é pior do que a vida de preso”, comentou. O réu só se entregou à polícia no dia 14 de dezembro de 2011, quatro anos depois do acidente.
G1 Paraíba