Procuradores de justiça democratas em diversos estados disseram que apresentariam ações judiciais contra a inclusão da pergunta
Nesta segunda-feira (26), a administração do presidente dos EUA, Donald Trump, informou que na realização do Censo 2020 perguntará às pessoas se elas são cidadãs americanas. A questão polêmica foi sugerida antes do prazo de sábado (31) para apresentar a lista de perguntas que serão feitas à população, apesar de ter sido retirada do questionário há 70 anos.
O procurador de justiça geral da Califórnia, Xavier Becerra (D), apresentou uma ação judicial contra a inclusão da pergunta no questionário
Wilbur Ross, secretário do Departamento de Comércio, alegou que a informação será utilizada para rastrear violações “suspeitas ou possíveis” do Voting Rights Act para proteger os eleitores que fazem parte das minorias sociais. Já o Procurador de Justiça da Califórnia, Xavier Becerra, rebateu que a pergunta tem cunho político e é ilegal, alertando que ela prejudicará as minorias e ocasionará a contagem errônea.
“A administração Trump está ameaçando acabar com a integridade do Censo tentando acrescentar uma pergunta relacionada à cidadania no questionário do Censo de 2020”, escreveu Becerra na coluna de opiniões do jornal San Francisco Chronicle. “Inócua à primeira vista, o efeito dela seria na verdade insidioso. Ela encorajaria aqueles que não são cidadãos e os membros das famílias que são a responder o Censo, resultando na contagem menos exata da população”.
Becerra tem lutado contra a proibição da entrada de cidadãos mulçumanos de determinados país pela administração Trump e a retórica incendiária voltada aos imigrantes.
O ex-Procurador Federal de Justiça, Eric Holder, chefe do National Democratic Redistricting Committe, discordou da alegação de Ross de que o colhimento de tal informação acabaria com a fraude eleitoral. “Não se enganem; essa decisão é motivada puramente pela política”, disse ele através de um comunicado.
Holder adiantou que lançará uma disputa legal para impedir a inclusão da pergunta sobre cidadania.
A decisão da administração Trump, também foi criticada pelo prefeito Bill de Blasio. “O Censo deveria contar todos, mas a decisão vergonhosa da administração Trump de acrescentar a pergunta sobre a cidadania pela primeira vez desde 1950 garante que isso não aconteça”, postou no Twitter.
O Censo é utilizado para a distribuição dos 435 assentos na Câmara dos Deputados e a alocação de verba federal para vários programas de assistência, além de possibilitar a verificação do perfil demográfico do país.
A pergunta sobre a cidadania era parte do questionário uma vez a cada década até 1960, quando foi retirada, exceto por Nova York e Porto Rico, segundo arquivos federais. O estado e território coletam esse dado somente para o Censo, mas são exigidos a pagar por eles independentemente “para cumprir as exigências da constituição estadual”.
Nesta terça-feira (27), procuradores de justiça democratas em diversos estados disseram que apresentariam ações judiciais que impeçam a administração Trump de acrescentar a pergunta sobre cidadania no questionário do próximo Censo. Eles alegam que a pergunta polêmica possa gerar a contagem errônea e, portanto, impactar os anos seguintes. O procurador de justiça geral da Califórnia, Xavier Becerra (D), apresentou uma ação judicial junto à Corte Distrital dos EUA na tentativa de impedir a inclusão da pergunta no questionário; o que poderá ocorrer em 2020.
“Ter uma contagem precisa do Censo deveria ser uma das importâncias principais para cada morador na Califórnia”, disse Becerra através de um comunicado. “Os números do Censo proveem a espinha dorsal para planejar como as nossas comunidades devem crescer e prosperar na próxima década. Simplesmente, a Califórnia tem muito a perder para nós permitimos que a administração Trump sabote essa importante obrigação a cada decênio”.