sábado, novembro 23, 2024
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Ponte falha, uma arranca empate com Lanús e mantém final aberta

Falta boba na intermediária. O batedor ajeita a bola. Com carinho, coloca no ângulo e deixa o goleiro imóvel no centro da meta. Um lance que define o clima do estádio. A mesma jogada que fez o pontepretano roer as unhas causou o grito de gol mais espontâneo de toda a campanha na Copa Sul-Americana. Ponte Preta e Lanús fizeram uma típica final entre brasileiros e argentinos: muitas faltas, catimba, empurrões e técnica, que sobrou nos pés de Goltz e Fellipe Bastos.

Como um joga para cada time, a primeira metade da decisão acabou empatada em 1 a 1 nesta quarta-feira à noite, no Pacaembu abarrotado com quase 30 mil fanáticos alvinegros. A disputa pelo título se estende até a próxima quarta, em La Fortaleza, na província de Buenos Aires. Lá, às 21h50m (de Brasília), Ponte e Lanús disputam de fato o troféu sem a vantagem dos gols fora. Qualquer empate leva o jogo para a prorrogação (se permanecer a igualdade, vai para os pênaltis). Vitória confirma o título.

Se depender do desempenho desta noite, a Macaca pode ir à Argentina confiante no primeiro título de sua história de 113 anos. O time dominou o primeiro tempo, criou várias oportunidades e falhou duas vezes. Em uma, Santiago Silva ajudou ao perder gol feito. Na outra, Goltz acertou uma bela cobrança de falta para abrir o marcador. O golpe, porém, não foi fatal. A Ponte é guerreira, como a torcida que mais uma vez pegou estrada para liderar o time fora de campo. Porque, no gramado, quem manda é Fellipe Bastos.

O camisa 15 foi dono da Ponte nos dois tempos. Teve a melhor chance na primeira etapa, mas parou em defesa segura de Marchesin. Nos 45 minutos finais, acertou um belo chute em cobrança de falta, no canto direito do camisa 1 argentino. Quase repetiu a dose pouco depois, ao acertar o travessão. Mostrou que está com o pé calibrado e pronto para decidir, como fez contra o Deportivo Pasto nas oitavas de final.

O próximo capítulo da rivalidade será na quarta-feira. A Ponte Preta, já rebaixada no Brasileirão, cumpre tabela com o Internacional em Caxias do Sul, no próximo domingo. Os titulares folgam para pensar exclusivamente na partida em La Fortaleza, no distrito de Lanús. A cabeça está boa. O empate, apesar de não satisfazer nenhum torcedor nesta noite, dá à Macaca o direito de esperar o Lanús, que, em casa, terá que partir para o ataque pois precisa da vitória. Aí entra a principal característica da equipe. Se contra-atacar como normalmente faz e fez, a taça pode ficar mais próxima.

Ponte dita o ritmo, cria e toma susto
Como clube, o Lanús sabe bem o que é uma final. Venceu Copa Conmebol, faturou Campeonatos Argentinos das três divisões e já esteve em outras decisões. Mas, nesta quarta, quem pareceu expert no assunto foi a Ponte Preta. Empurrada por cerca de 30 mil torcedores no Pacaembu, a Macaca partiu organizadamente para cima desde o começo. Mordeu a saída de bola dos três zagueiros, anulou o meio-campo e as laterais do adversário e criou chances em contra-ataques. Faltou só o detalhe principal.

E não foi por falta de oportunidades. Fernando Bob chutou a primeira com seis minutos, mas mandou por cima. Uendel avançou pela esquerda e arriscou cruzamento fechado, que assustou o goleiro argentino. Elias experimentou de longe e parou no peito de Marchesin. A Ponte, como não fez nas outras fases, teve que atacar. A melhor chance, porém, saiu de um contragolpe. Fellipe Bastos roubou na intermediária, avançou até a área e encheu a canhota. O goleiro espalmou, para desespero da macacada.

Se o ritmo pontepretano era frenético, o argentino estava mais para o cuidadoso. Como todos os hermanos que chegam ao Brasil para uma partida decisiva, o Lanús só passou do meio-campo “na boa”. Esperou um erro da Macaca para se soltar. Foi assim no cruzamento de Velázquez, que quase surpreendeu Roberto. E no inacreditável gol perdido por Santiago Silva, no último minuto de bola rolando. “El Tanque”, livre na pequena área e com o gol aberto, bateu de forma displicente na bola e mandou para fora. O cuidado que sobrou ao time faltou ao centroavante. Sorte da Ponte.

Faltas precisas garantem 1 a 1
A Ponte voltou para o segundo tempo com uma ordem clara de Jorginho: apertar a marcação no campo de ataque. A ordem não foi muito bem assimilada. Ao contrário do primeiro tempo, a equipe brasileira deu mais espaços aos argentinos, que aos poucos começaram a se arriscar. A tática ainda era a mesma: esperar pelo erro da Macaca. Foi bem o que aconteceu.

Após chutão para frente, Santiago Silva – o mesmo que perdeu aquela chance incrível – foi agarrado por Diego Sacoman. Falta. Jorginho, do banco, pressentiu o pior. Goltz ajeitou na intermediária, tirou a bola do alcance da barreira e também de Roberto. O chute entrou na gaveta e calou o Pacaembu por alguns minutos. Logo os alvinegros pensaram: não é possível que o filme de todos aqueles vices se repetirá novamente.

Nesta primeira metade da decisão, sim. A Ponte sentiu o gol de tal forma que passes simples viraram complexos, dribles básicos foram desperdiçados e chutes tinham a linha de fundo como único caminho. Jorginho tentou com Adaílton e Chiquinho e ganhou um time mais forte e veloz, mas com a mesma falta de precisão. Os dois tiveram chances de finalizar, mas sem perigo a Marchesin.

Até que surgiu Fellipe Bastos. Ele, que quase abriu o placar em contra-ataque no primeiro tempo, respondeu a Goltz da mesma moeda. Cobrança de falta perfeita por cima da barreira e goleiro imóvel no meio do gol. O empate recolocou a Ponte na partida. Bastos ainda teve a chance de virar: em nova cobrança, acertou o travessão. Mas o placar ficou nisso. Com precisão exata, brasileiros e argentinos mantêm a igualdade por uma semana. Mas o pontepretano sabe que o empate está só no placar: no que puder disputar, a vantagem está com a Macaca. Pela torcida, pela garra, pela sorte. Para quem dominou Pasto, Vélez e São Paulo, o Lanús parece ser apenas mais uma etapa. A final.

Globo Esporte

 

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