Problemas nos exames de DNA e burocracia atrasaram liberação, diz mãe. Diretor do Numol cita centralização e interdições como culpadas.
Um ano e três meses depois de espera, a família de Victoria Albuquerque, jovem de 17 anos morta em 2017, colocou fim ao processo de luto e conseguiu sepultar os restos mortais da jovem na tarde de terça-feira (16), na cidade de Cajazeiras, no Sertão paraibano. Verônica Albuquerque, mãe da jovem, culpou a burocracia do Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (Numol) de Campina Grande.
Ela explicou que a filha, morta em 2017, estava à espera de liberação há um ano por conta de um exame de DNA que deu negativo para identidade dela. “Fizemos o exame, que deu problema, disse que não era ela. Passamos um ano eu e minha família indo a programas de rádio, à imprensa, cobrando uma solução. A liberação só veio depois de um novo exame e uma nova espera”, relatou.
Márcio Leandro dos Santos, diretor do Numol de Campina Grande, onde os restos mortais de Victoria estavam, explicou que o procedimento normalmente atrasa porque todos os exames de DNA da Paraíba inteira são feitos somente na Gerência Executiva de Medicina e Odontologia Legal (Gemol).
“Nestes casos, de cadáver em estágio de decomposição, que não permitem a identificação pela fisionomia, é preciso que seja feito um exame de DNA. Na Paraíba, neste momento, o único local que faz exame de DNA é a unidade de João Pessoa, por isso a demanda é grande”, explicou Márcio Leandro dos Santos.
Ainda de acordo com o diretor do Núcleo de Medicina e Odontologia Legal (Numol) em Campina Grande, as seguidas interdições do Gemol em João Pessoa também prejudicaram o andamento do cronograma dos exames de material genético de todo o estado.
Luto e espera
Para dona Vera, como é conhecida a mãe de Victoria Albuquerque, a espera afetou o processo de luto da família, que ficou na expectativa por mais de um ano para prestar homenagem a conseguir enterrar a jovem. Além do prejuízo psicológico, a família também tem passado por problemas da documentação da garota.
“Por conta do tempo, o cartório não emitiu a certidão de óbito, pois, segundo eles, passou pelo prazo legal. Agora eu tenho que entrar na justiça para conseguir atestar a morte da minha filha, como se não bastasse todo o processo de dor e perda que eu passei durante esse tempo, tendo que ir atrás da liberação dela”, explicou.
G1PB