sexta-feira, julho 26, 2024
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Fraude contábil foi de R$ 25,2 bilhões, diz Americanas

A fraude contábil que veio à tona em janeiro deste ano e mergulhou a Americanas, hoje em recuperação judicial, na maior crise de sua história, foi de R$ 25,2 bilhões, de acordo com informações divulgadas pela varejista na manhã desta quinta-feira (16/11).

O montante é superior ao divulgado em janeiro, quando as “inconsistências contábeis” eram estimadas em cerca de R$ 20 bilhões.

Em uma apresentação de 31 páginas, a Americanas volta a afirmar que foi vítima de uma “fraude sofisticada, baseada na manipulação dolosa de seus controles internos por parte de sua antiga gestão”.

Mais cedo, como noticiado pelo Metrópoles, a Americanas divulgou seus balanços revisados referentes a 2021 e 2022, números que vinham sendo muito aguardados pelo mercado nos últimos meses.

Em 2021, a varejista reportou um prejuízo de R$ 6,237 bilhões, revisando o resultado anunciado anteriormente, que indicava um lucro líquido de R$ 544 milhões.

Em 2022, a Americanas também ficou no vermelho, com um prejuízo de R$ 12,912 bilhões. Com os resultados revisados, a companhia registrou um aumento de 104% nas perdas entre 2021 e 2022.

De acordo com a Americanas, o desempenho é consequência do fraco resultado operacional, além de alta despesa financeira e lançamentos extraordinários.

A receita líquida consolidada, em 2022, foi de R$ 25,8 bilhões.

A nova diretoria da varejista pretende detalhar, em uma próxima etapa da divulgação de resultados, uma revisão dos números trimestrais de 2022. Essa divulgação deve ocorrer em paralelo ao anúncio do desempenho de cada trimestre de 2023.

“O ano de 2023 foi, sem dúvidas, o mais adverso da história centenária da nossa empresa”, afirma a Americanas.

Adiamentos

Os balanços revisados da Americanas de 2021 e 2022 estavam previstos para ser divulgados na segunda-feira (13/11), mas houve um adiamento. Ao todo, foram quatro adiamentos desde o escândalo contábil na companhia, que veio à tona em janeiro deste ano.

“A Americanas foi vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada, o que tornou a compilação e análise de suas demonstrações financeiras históricas uma tarefa extremamente desafiadora e complexa”, disse a Americanas, em comunicado ao mercado, no início da semana.

A crise da Americanas

Na semana passada, como noticiado pelo Metrópoles, a Bolsa de Valores do Brasil (B3) decidiu retirar o selo do Novo Mercado da Americanas. Além disso, a companhia teve 22 diretores, conselheiros e membros de seu comitê de auditoria punidos pela B3 por descumprimento das regras do Novo Mercado.

O selo foi criado pela B3 em dezembro de 2020 e premia companhias com alto nível de governança e transparência. A perda da classificação, portanto, é um novo dano à reputação da Americanas. Embora tenha perdido o selo do Novo Mercado, a empresa continua listada na Bolsa.

No início deste ano, veio à tona um rombo contábil bilionário nos balanços financeiros da Americanas, estimado inicialmente em R$ 20 bilhões. Recentemente, a CPI da Câmara dos Deputados que investigou o episódio chegou ao fim sem apontar os responsáveis pela possível fraude. O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal.

No mês passado, como noticiado pelo Metrópoles, a Americanas anunciou, também por meio de um fato relevante, que vai sacar mais R$ 500,6 milhões da linha de financiamento que obteve junto aos acionistas de referência da varejista, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

Em fevereiro, a Justiça autorizou que os três acionistas fizessem empréstimos de até R$ 2 bilhões para manter a operação da companhia. A empresa já havia utilizado R$ 1 bilhão desses recursos. Agora, os saques somam três quartos do total.

Esse tipo de crédito, chamado de “debtor-in-possession” (DIP), é destinado a companhias em recuperação judicial. É usado para manter e dar liquidez a empresas nessa situação. Por isso, ele teve de ser aprovado pela 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, onde corre a recuperação judicial da varejista.

A venda de ativos seria outra forma que a Americanas teria para obter recursos. Mas essa não é uma solução simples. Tanto é assim que a companhia decidiu suspender a busca por interessados na compra de sua participação no Grupo Uni.co, dono de marcas como Puket e Imaginarium. De acordo com a empresa, “as condições comerciais propostas” não refletiram o “real valor” do Uni.co.

Metrópoles

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