Um grupo de deputados e senadores bolsonaristas lançou ontem a Frente Parlamentar por um Brasil Sem Jogos de Azar, que irá atuar contra a aprovação de proposta que legaliza no país o cassino, o jogo do bicho, bingo e outros tipos de apostas.
Entre os apoiadores de Jair Bolsonaro que integram essa frente estão os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP) e Jorge Seif (PL-SC). No grupo, há uma aliada do presidente Lula, que é a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A primeira reunião do grupo, ontem, contou com apoio de auditores fiscais da Receita Federal, que integram entidades dessa categoria.
O auditor Tiago Barbosa de Silva Almeida, 1º vice-presidente do Sindifisco Nacional, listou uma série de problemas da legalização dos jogos, e disse não se tratar de questões morais ou religiosas.
“Existe uma impossibilidade da própria atividade de ser fiscalizada. Não é questão de recursos empregados para ter fiscalização. Há uma potencialidade de efeitos deletérios na economia. Entra lavagem de dinheiro. Há dificuldade de fazer esse controle. Até um criminoso com recurso ilícito pode entrar em conluio com o dono (de um estabelecimento de jogo). A cooptação de agentes do Estado é historicamente conhecido no Brasil. Olhem as relações espúrias do jogo do bicho com o Estado” – disse Tiago Almeida, que concluiu:
“É uma atividade que não é feita para ser controlada. Funciona em paraíso fiscal, ou país que tem regime jurídico de paraíso fiscal. É uma atividade que concentra renda, facilita lavagem de dinheiro, gera exclusão social. Se fosse numa ilha do Caribe, com 50 mil habitantes…Mas para um país de economia real, que precisa ter cadeia produtiva e na qual o dinheiro precisa retornar para a sociedade, é péssimo”.
A auditora Eucélia Mergár, vice-presidente de Assuntos Fiscais da Anfip (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), também se manifestou contrária à legalização dos jogos no país.
“É importante trabalhar com dados corretos, tanto comportamentais, tributários e de saúde, para que as pessoas vejam o canibalismo dessa atividade, quantos malefícios traz para o indivíduo e toda sociedade. É um assunto que mexe muito, com toda economia. Entre os locais mais deprimentes que já fui, está o cassino. É a depressão estampada ali na cara das pessoas” – disse Eucélia Mergár.
A frente é coordenada pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) e tem também a adesão dos deputados Sóstentes Cavalcante (PL-RJ), e vice-presidente da Câmara, Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e também Eli Borges (PL-TO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica e o Paulo Fernando (Republicanos-DF), ligado ao Movimento Pró-Vida.
Metrópoles
