quinta-feira, abril 25, 2024
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Guarda em Ouro Preto pisoteia tapete dedicado a Marielle Franco e diz que ‘liberdade de expressão não é absoluta’

Destruição ocorreu pelo segundo ano consecutivo na cidade histórica mineira, onde os tapetes de serragem são uma tradição na Semana Santa.

A Guarda Civil Municipal de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, aparece pisoteando um tapete de serragem em homenagem a Marielle Franco em imagens que circularam em redes sociais neste domingo (21). O comandante da corporação, Jonathan Marotta, confirmou à reportagem que fotos e vídeos são das celebrações religiosas desta Páscoa. A destruição ocorreu pelo segundo ano consecutivo.

Em nota, a corporação afirma que houve a destruição de desenhos de cunho político e diz que “a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados”. Afirmou também que temas não devocionais desrespeitam a tradição e que os guardas só desmancharam os tapetes com os pés por não terem outro instrumento.

Tapete dedicado à vereadora assassinada Marielle Franco foi censurado em Ouro Preto — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Tapete dedicado à vereadora assassinada Marielle Franco foi censurado em Ouro Preto — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Os tapetes são confeccionados durante a madrugada e colorem as ruas no encerramento da Semana Santa na cidade histórica, que é patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Em um vídeo, populares aparecem questionando a atitude de um guarda, enquanto se ouve gritos de “Marielle Vive”. A vereadora do PSOL pelo Rio de Janeiro foi morta em 14 de março de 2018, com o motorista Anderson Gomes.

Episódio semelhante ocorreu em 3 de abril de 2018, quando um agente da Guarda Municipal também foi filmado desmanchando os tapetes com os pés, e a ação foi justificada como uma orientação da prefeitura e da paróquia para evitar manifestações políticas. Na época, a igreja confirmou. Neste domingo (21), a reportagem tenta contato com a paróquia da cidade.

incêndio da Catedral de Notre-Dame, em Paris, e o desastre com a barragem da Vale, em Brumadinho (MG), também foram temas dos tapetes de serragem neste ano, em Ouro Preto. A decoração nas ladeiras tem sido usada para alertar sobre problemas da atualidades e questões políticas.

Notre Dame: o nome da catedral destruída em incêndio em Paris foi decorado nas ruas de pedras de Ouro Preto, no domingo de Páscoa — Foto: Reprodução/TV Globo

Notre Dame: o nome da catedral destruída em incêndio em Paris foi decorado nas ruas de pedras de Ouro Preto, no domingo de Páscoa — Foto: Reprodução/TV Globo

Brumadinho: a cidade onde a lama da barragem da Vale soterrou e matou centenas de pessoas foi retratada em um dos tapetes de serragem em Ouro Preto (MG) — Foto: Reprodução/TV Globo

Brumadinho: a cidade onde a lama da barragem da Vale soterrou e matou centenas de pessoas foi retratada em um dos tapetes de serragem em Ouro Preto (MG) — Foto: Reprodução/TV Globo

Leia na íntegra a nota da Guarda Municipal de Ouro Preto

“O Comando da Guarda Civil Municipal vem publicamente agradecer a todos que contribuíram direita e indiretamente para a gloriosa Semana Santa de Ouro Preto, em especial aos guardas, polícias que bravamente mantiveram a ordem do princípio ao fim.

Quanto ao episódio onde os agentes municipais desmancham desenhos de cunho político entre outros que nenhuma relação possuem com os “tapetes devocionais”, informamos que a liberdade de expressão não é absoluta ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados.

O recado já foi dado em 2018, em 2019 não foi diferente. Respeitem Ouro Preto, nossas tradições. Vale salientar que os guardas só desmancharam os tapetes com os pés, porque não tínhamos outro instrumento”.

Medalha da Inconfidência

Neste domingo (21), Ouro Preto sediou a cerimônia da Medalha da Inconfidência. A comenda, entregue no dia que lembra a morte de Tiradentes, é uma homenagem a pessoas que se destacaram pela relevância de serviços prestados à sociedade.

Entre os homenageados, está a professora Helley de Abreu – que morreu ao tentar salvar crianças do incêndio criminoso na Creche Gente Inocente, em Janaúba, na Região Norte do estado. Também estão na lista membros do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil de Minas Gerais que atuaram no resgate de vítimas em Brumadinho, na Grande BH, após o rompimento da barragem da Vale.

G1

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