quinta-feira, abril 25, 2024
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Há 30 anos, “Só Corno Futebol Clube” reúne amigos que foram traídos para formar um time

Presidente da equipe, Júnior Cardoso, conta que o grupo tem diretor de futebol, técnico, mais de 20 atletas e até mesmo categoria de base

Quem nunca sofreu por amor, pode se considerar privilegiado(a). Para dor de cabeça, de dente, de ouvido, há remédio. E para dor de cotovelo? E, quando a ferida no coração foi aberta por uma traição, aí é que dói mesmo. No Recife, uma turma encontrou no humor a cura para o desamor. Há 30 anos, um grupo de amigos fundava um time amador, onde saber jogar bola não era obrigatório. Pré-requisito era ter sido traído. Nascia o Só Corno Futebol Clube.

Todo mundo que eu conhecia, e gostava de jogar bola, já tinha levado uma ”gaia”.

Foi uma ideia que, simplesmente, veio na cabeça”, explica Júnior Cardoso, orgulhoso presidente do Só Corno, que tem diretor de futebol, técnico e mais de 20 atletas.

– Gaia é feito gripe. Rodo mundo já teve ou terá uma vez na vida. Não adianta, ninguém escapa – garante, com conhecimento da causa, Sandoval Aquino, há mais de uma década diretor do clube.

Todos com alguma desilusão amorosa para contar. E, para fazer parte, tem que contar mesmo. Os integrantes são batizados quando chegam ao clube. Todos contam aos colegas do time a história de vida, diz Sandoval.

— Todo mundo tem uma história. Eu, você, quem não tem, está mentindo.

Sem julgamentos, depois recebem um abraço coletivo e são saudados com o hino do clube:

“Quem for corno, levanta a mão, levanta a mão! ”
Reúnem-se todos os meses para jogar. O adversário da vez era o Milan do Cordeiro.

— Nosso lema é vencer, vencer, vencer. É gaia, é gaia, é gaia. Para vocês, mais novos, honrem essa camisa, honrem essas cabeças – pede o experiente José Lenildo, de 70 anos, um dos mais antigos no time.

— Hoje, é pau. Vamos arrancar o chifre de cada um. Vai estar tranquilo para a gente, porque nenhum atacante deles pode cabecear, vão só por baixo, pra não furar a bola – a previsão do zagueiro Muguengue, do Milan do Cordeiro, se confirmou, mas ficou ruim para o time dele.

O Só Cornos venceu por 1 a 0, gol de Pinto, que estreava na equipe. Detalhe: o gol foi de pé direito.

Uma turma que não tem vergonha do passado, se orgulha do presente e pensa no futuro.
Histórico que rende até mesmo convite de Júnior Cardoso, presidente do clube.

— Temos categoria de base. Estamos revelando jogadores. Quem quiser participar, pode chegar.

Só Cornos Futebol Clube, em matéria de alto-astral, nesse time, a torcida pode confiar.

“Aqui não tem esse negócio de ficar morgado, não. Sofrer, todo mundo sofre, mas a gente decidiu ser feliz, dar risada das porradas que a vida nos deu. Corno triste fica em casa. Corno de bem com a vida, como a gente, joga bola.”

ClickPB

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