A morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, pode tornar o regime ainda mais agressivo e errático, com a ascensão de uma geração de líderes mais jovens, inseguros e violentos. Mais importante do que o cargo de presidente, Raisi, que morreu com a queda do helicóptero em que viajava, estava aparentemente sendo preparado para suceder o líder espiritual, Ali Khamenei, que concentra quase todo o poder no Irã.
Raisi era ultraconservador. Sua chegada ao poder em 2021 foi pavimentada pela ruptura do acordo nuclear, pelo então presidente Donald Trump, em 2018. O acordo havia sido costurado em 2015 pelo ex-presidente Hassan Rouhani, considerado um moderado no contexto da teocracia iraniana. Rouhani derrotou Raisi em 2017, quando se reelegeu, embalado pela euforia do acordo. Para obtê-lo, aceitou submeter o Irã ao regime de inspeções mais rigoroso e invasivo da história da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A ruptura do acordo foi sentida como uma traição do Ocidente e uma humilhação para o Irã. Ela enrijeceu as posições da teocracia iraniana, que retirou o pouco espaço político que restava aos líderes mais moderados. Raisi, ex-presidente do Judiciário, tinha as credenciais exigidas para esse ambiente de recrudescimento conservador. Como juiz em 1988, ele participou da condenação à morte de milhares de iranianos críticos ao regime, depois do fim da guerra Irã-Iraque.