O Museu Nacional do Rio de Janeiro não contava com brigada de incêndio, nem seguro para o acervo. A informação é da vice-diretora do museu, Cristiane Serejo. Localizado na Quinta da Boa Vista, o museu que completou 200 anos em 2018, foi destruído por um incêndio no último domingo (2).
Segundo Cristiane, o museu já está se organizando para retomar as atividades de pesquisa e pós-graduação no horto do museu, que não foi atingido pelo fogo e fica num prédio anexo. Os profissionais também já buscam maneira de recompor parte do acervo perdido.
“Nós estamos recebendo várias ofertas de doações. Têm várias instituições estrangeiras, inclusive. Então, a gente vai fazer toda essa campanha para receber o material para a gente reerguer o Museu Nacional com as coleções”, informou a vice-diretora ao completar: “Esse é um momento de clamor público”.
O prédio principal do museu continua interditado pela Defesa Civil municipal por causa dos riscos de desabamento na parte interna. Apesar disso, funcionários da instituição, acompanhados por bombeiros, conseguiram resgatar várias peças e objetos encontrados em meio aos escombros do Museu Nacional.
Foram recuperados, por exemplo, pedaços de cerâmica, meteoritos, um quadro do Marechal Cândido Rondon [idealizador do Parque Nacional do Xingu], além de ossos como um crânio humano que, por ter sido encontrado dentro do Laboratório de Antropologia Biológica, pode pertencer a Luzia – o fóssil humano mais antigo (aproximadamente 11 mil anos) encontrado no continente.
Todo o acervo encontrado será analisado por profissionais do Laboratório de Conservação do museu e pela Polícia Federal.
A vice-diretora do museu conta que o prédio principal do museu foi destruído, mas que ainda há acervo armazenado em outros prédios. A catalogação começará a ser feita daqui a alguns dias.
“Toda essa parte do anexo ficou intacta. As coleções de invertebrados desse anexo ficaram intactas. Uma das coleções de insetos se salvou nesse anexo. Vertebrados, invertebrados, o herbário com quase 500 mil itens, além de mais de 500 mil exemplares de livros. Alguns meteoritos também foram achados. Alguma coisa de geologia e paleontologia também”, informou Cristiane Serejo.
Agentes técnicos da Polícia Federal já estão no museu, mas o trabalho de perícia para identificar as causas do incêndio só será iniciado quando o prédio for liberado pela Defesa Civil.
Depois disso, uma empresa especializada será contratada para entrar nos escombros junto com profissionais do museu para tentar resgatar peças que não tenham sido consumidas pelo fogo.