Em entrevista exclusiva, o militar prometeu novos armamentos, 200 viaturas e recuperação de 3 blindados à polícia.
O general Walter Souza Braga Netto disse em entrevista exclusiva à TV Globo que o Exército entra em qualquer local do estado. “Não existe território que a polícia não entre. Se houver o mandado e a polícia desejar entrar, ela pode entrar com maior dificuldade ou menor dificuldade. Quando ela pede nosso apoio, nós entramos em qualquer lugar do estado”, afirmou.
Nomeado pelo presidente Michel Temer como interventor na segurança no Rio de Janeiro, o militar disse ainda que as Forças Armadas darão apoio para que as UPPs possam funcionar dentro das comunidades.
Braga Netto explicou que o estudo sobre as UPPs que estava sendo feito na gestão Roberto Sá na Segurança Pública será analisado pelo novo secretário, general Richard Nunes, e pelo novo comandante da PM, Luís Claudio Laviano, para fazer uma reestruturação das unidades pacificadoras.
O general negou a informação de que cerca de 18 UPPs serão extintas. “Tudo que houver sobre números são especulações”, afirmou. “UPPs que não estiverem apresentando rendimento serão retiradas, outras serão fortalecidas. Mas vai depender do estudo que foi feito”.
O interventor na segurança disse que a experiência na Vila Kennedy será usada como modelo e que vai conseguir armas para equipar as polícias do Rio. “Isso aí eu posso garantir. A polícia terá aceso a novos armamentos”, afirmou Braga Netto, mas sem especificar quanto chegam. Em menos de uma semana, a Vila Kennedy teve duas operações do Exército.
Sobre a estrutura e défict de efetivo nas policias, Braga Netto afirmou que devem chegar, até meados de abril, 200 novas viaturas – de um total de mil previstas para o estado.
O general disse ainda que parte dos cerca de 3 mil policiais cedidos devem retormar suas funções, mas não especificou quantos. Braga Netto afirmou que não há previsão de contratação de novos policiais. “Eu não posso gerar dívidas que o governador não possa pagar, porque quem paga o pessoal é o governo do estado.”
Mandados coletivos
Sobre a polêmica do uso de mandados coletivos de busca e apreensão, que o ministro Raul Jungmann disse que seriam necessários durante a intervenção do Rio, Braga Netto afirmou que “em nenhum momento nós tocamos em mandado de busca coletivo”. Ele disse ainda que conta com o apoio do Judiciário para que os mandados sejam expedidos “em tempo hábil”.
“Existe uma preocupação com o mandado de busca coletivo. Em nenhum momento nós tocamos em mandado de busca coletivo […] O que já foi feito antes e é legal é expedir um mandado que me uma pequena área e que eu entre com o mandado. Não é o mandado coletivo, é o mandado daquelas casas do entorno por causa da dificuldade de trabalhar dentro da comunidade”, afirmou.
‘Fichamento’ nas comunidades
O general negou que houve “fichamento” de moradores da Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia. A ação, realizada no fim de fevereiro, gerou críticas às Forças Armadas. O método usado pelos militares foi questionado por órgão como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Defensoria Pública.
“Não há fichamento de ninguém. O que há é uma checagem se há um mandado em aberto. A foto é tirada com a carteira de identidade, porque o mandado é sobre o número do registro da identidade”, afirmou.
“Isso evita que a pessoa seja levada à delegacia, economiza recurso do Estado, não demora mais que três minutos para ser feito, dá uma segurança para a pessoa e para a tropa que está no terreno de que ninguém que está passando é um fugitivo ou devedor da Justiça. Ninguém ficha, não fica foto, não tem fichamento de comunidade. Não existe isso”, disse Braga Netto.
Policiamento ostensivo
Segundo o interventor, o novo secretário de Segurança Pública, general Richard Nunes, vai trabalhar na melhoria do policiamento ostensivo e será feita uma auditoria na gestão das polícias.
“Nós temos ações emergenciais e ações estruturantes. Foi orientado ao Richard, que é quem passa essas orientações, ele orientou que fosse implementado a questão de uma melhora no policiamento ostensivo e que a parte da gestão da polícia fosse auditada. Aquilo que fosse necessário para melhorar a atuação policial, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar. Levantamento das necessidades para que possamos recuperar a capacidade operativa da polícia”, disse.
G1PB