“A corporação já tinha dados de inteligência que mostravam uma instabilidade naquele local, com possibilidade de invasão”, explicou o tenente-coronel Mauro Fliess, relações-públicas da PM.
“Já tínhamos um planejamento próprio, que foi ativado tão logo que se deflagrou a instabilidade, com o cerco”, declarou.
A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), grupo de elite da Polícia Civil, ocupou as localidades da Quitanda e da Lagartixa. Já o Batalhão de Operações Especiais (Bope) programou uma incursão na Pedreira. Demais batalhões de área ajudavam no perímetro.
A polícia diz que o tráfico na Pedreira ficou instável depois da prisão do traficante Raro. O segundo na linha de comando do TCP na comunidade teria abandonado a facção, o que teria facilitado o caminho para a invasão.
O ataque aos ônibus seria uma tática do Comando Vermelho para impedir a chegada de reforços do TCP por Acari.
A Polícia Civil vai falar com moradores e tentar identificar quem invadiu o morro.
Metrô, UPA e delegacia serviram de abrigo
A invasão, no fim da tarde, pegou de surpresa quem voltava para casa.
No metrô, a Estação Engenheiro Rubens Paiva fechou as portas duas vezes: das 18h40 às 18h45 e das 19h25 às 20h. Sem poder sair por causa dos tiros, os passageiros se abrigaram no chão.
Passageiros do MetrôRio aguardaram a reabertura da estação sentados no chão. — Foto: Reprodução/Redes sociais
A UPA de Costa Barros também serviu de refúgio. Um funcionário do posto mandou um áudio para os colegas pedindo que eles não fossem trabalhar.
“Bala tá cantando aqui em frente. Tem bandido pra tudo quanto é lado aqui na porta da UPA. Quem tiver que vir trabalhar agora à noite desiste. Nem tenta entrar. Tá tudo cercado”, alertou.
Outro dos poucos lugares seguros era a Delegacia da Pavuna (39ª DP). Um vídeo mostra quando pessoas entram correndo na unidade e, mais distante, um homem tira uma criança de um carro.
Uma dona de casa de 33 anos, moradora da Pedreira, contou que ficou escondida dentro de casa com os cinco filhos e a sobrinha de 3 anos. Ela disse que ficaram sabendo de duas pessoas baleadas.
“A gente só escutava os tiros, granada. Não ficamos sabendo de mortos. Hoje só tem polícia lá dentro”, afirmou ela. A sobrinha de 3 anos teve que deitar no chão com a família para se proteger dos tiros. “Vou ficar na minha casa, porque a gente não deve nada. A gente só tem medo de bala perdida”, contou.