Melhora aconteceu entre os eleitores moderados e que estão fora das bases de apoio do governo Lula, diz Felipe Nunes. Percepção sobre a economia e impacto da campanha do governo sobre a campanha não tiveram contribuição significativa.
A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) mostra que o confronto com o presidente Donald Trump ajudou o governo Lula a recuperar a popularidade, segundo Felipe Nunes, diretor do instituto.
“O tarifaço contra o Brasil conseguiu unir a esquerda, os lulistas e os moderados (sem posicionamento); mas dividiu a direita e os bolsonaristas. Ou seja, empurrou o ‘centro’ para o colo do Lula”, afirma Nunes.
Os dados mostram que a aprovação de Lula (PT), que vinha em queda desde janeiro, e reprovação, que vinha em alta desde outubro, mudaram de direção:
- 43% aprovam a Lula, uma oscilação positiva de três pontos percentuais em relação a junho.
- 53% desaprovam Lula, uma oscilação para baixo de quatro pontos, no limite da margem de erro.
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O diretor da Quaest destaca que a avaliação de Lula melhorou em três segmentos que estão fora da base tradicional de apoio do governo Lula:
- No Sudeste, a desaprovação caiu oito pontos, para 56% e aprovação subiu oito pontos, para 40% (a margem de erro é de três pontos nesse segmento).
- Entre quem tem ensino superior, houve queda de 11 pontos na desaprovação, para 53%, e alta de 12 na aprovação, para 45% (margem de quatro pontos).
- Entre quem ganha de dois e cinco salários mínimos (R$ 3 mil e R$ 7.590) por mês, houve oscilação positiva de quatro pontos na aprovação, para 52%, e negativa de quatro pontos na desaprovação, para 43% (margem de três pontos).
“Não foi nem entre os mais pobres, nem entre os mais ricos que captamos mudanças na aprovação; foi nos setores de renda média: a diferença que era de -19 pp passou para -9 pp de maio pra cá.”
Em relação às preferências políticas, Nunes aponta que a melhoria na avaliação de Lula aconteceu entre os eleitores que dizem que não têm posicionamento: a desaprovação, que vinha em alta, oscilou sete pontos para baixo, dentro da margem de erro, índice semelhante ao de janeiro. A aprovação, que vinha em queda, oscilou cinco pontos para cima, chegando a 38% (margem 4).
“Entre eleitores lulistas ou de esquerda, a aprovação continua alta (> 80%). Entre eleitores bolsonaristas ou de direita, a aprovação continua baixa (< 12%)”, diz Nunes.
A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 10 e 14 de julho. Foram entrevistadas 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em todo o Brasil.
O que causou a melhora na avaliação de Lula, segundo a Quaest
Para Nunes, foi o embate com Donald Trump que melhorou a avaliação de Lula. A percepção sobre a economia e a campanha do governo em prol da taxação dos super-ricos tiveram efeitos menores.
A pesquisa indicou, também, que a maior parte dos brasileiros defende que Lula está se saindo melhor que Bolsonaro (44% a 29%).
“Lula e o PT venceram a batalha da opinião pública contra Bolsonaro e seus aliados, pelo menos até aqui.”
Já a percepção da situação econômica mudou pouco em relação a junho: a parcela dos que acham que piorou oscilou dois pontos para baixo, para 48%; e a dos que acham que melhorou, três pontos para cima, e chegou a 21%.
“A economia parece ter um papel coadjuvante na melhora da popularidade do governo. Embora a economia continue ‘despiorando’, já que menos gente acredita que o cenário piorou, a variação entre maio e julho é pequena demais para produzir algum efeito significativo.”
Já a campanha do governo Lula para defender a tributação dos mais ricos – medida apoiada por 60% da população – teve pouco efeito, segundo Nunes, pois
- menos da metade (43%) dos brasileiros ficou sabendo dela e 17% viram os vídeos feitos com inteligência artificial feitos pelo governo;
- E a maioria (79%) acredita que o conflito com o Congresso é prejudicial Brasil. “As a forma como [a campanha do governo] foi conduzida parece ter produzido uma opinião mais negativa que positiva nas pessoas”, afirma Nunes.
G1