Se quiser realmente avançar na disputa política em Campina Grande, a deputada Daniella Ribeiro (PP), um dos mais recentes fenômenos eleitorais na cidade, tem que fugir de uma cilada.Sem querer querendo, a estratégia do PMDB local, comandado pelo prefeito Veneziano Vital do Rego, e representado pela candidatura da doutora Tatiana Medeiros, é arrastar Daniella para um acordo de comadres, supondo apoio mútuo em eventual segundo turno contra o candidato do grupo Cunha Lima.
A tese já não era novidade antes da definição de Tatiana como candidata. O próprio prefeito Veneziano, por várias vezes em diversas entrevistas, incluiu o nome de Daniella como uma das opções da base aliada para disputar a prefeitura de Campina.
Em comum, os Ribeiros e o PMDB dos Vitais tem, por enquanto, a oposição ao governo Ricardo Coutinho. E, relativamente, aos Cunha Lima. Querem poder dizer do alto de um banco da Praça da Bandeira: “Somos nós (Tatiana e Daniella) contra vocês (Cunha Lima)”.
Ao ser provocada a falar de Daniella Ribeiro como concorrente, durante entrevista ao Conexão Arapuan, Tatiana saiu de ladinho, como ensina certa música baiana.
Disse que não tinha “adversários” na disputa (apesar de descer o cacete em Romero Rodrigues, candidato dos Cunha Lima) e que iria fazer uma campanha propositiva. Não falou mal nem do batom de Daniella. Certamente orientada a não fazê-lo e ciente de que não é bom ter uma “adversária”, que lidera as pesquisas, descendo o pau na prefeitura.
O problema é que Daniella parece ter percebido que o acordo só interessa ao PMDB. Não a ela. Pelo menos agora.
Primeiro porque quem está na frente é quem tem que escolher seus aliados. E não quem está atrás.
Segundo, deixar de adotar uma postura crítica quanto à gestão de Campina Grande e de se fazer uma porta-voz dos reclames da população significa perder o mundo de votos que estão soltos na cidade. O papel de defensor da gestão já tem dono. Ou dona.
Terceiro, e especialmente, porque Daniella sabe que indo para o segundo turno com o candidato dos Cunha Lima, sem precisar fazer esforços, fatalmente terá o apoio do prefeito Veneziano Vital do Rego. O contrário já não é certo.
Se não for para o segundo turno, os Ribeiros podem muito bem posar de fieis da balança e vender caro o apoio para o embate entre Cunha Lima e Vitais.
Mas já conquistando vaga no eventual segundo turno, Daniella, que posa de independente agora, arrasta naturalmente um dos lados para si.
E pode usar aquele velho bordão da política: “Gente, desculpa, mas apoio não se ignora. Se for para contribuir para o nosso projeto…”.
Ou seja, Daniella Ribeiro só perde a campanha de véspera se entrar no jogo do PMDB. Quanto mais contundente ela atuar contra gestão municipal, como faz com a estadual, mais simpatia arrecadará para si.
Em Campina Grande, ela é a única candidata que pode bater em todo mundo sem odiar ninguém. Pode ir para os dois lados ou pra nenhum. Os demais não tem tanta opção.
Luís Tôrres