Uma nova revisão de dados feita pelo Ministério do Trabalho e Previdência indica que o Brasil registrou fechamento de vagas de trabalho com carteira assinada no ano passado – ao contrário do que foi divulgado inicialmente.
Com a revisão, os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o país destruiu 191,5 mil empregos formais no ano passado.
Em novembro, a primeira revisão já havia cortado o número de empregos com carteira pela metade, mas o saldo ainda era positivo, de 75.883.
Na primeira divulgação, em janeiro deste ano, o governo informou que o Brasil havia criado 142.690 empregos com carteira assinada em todo ano passado com base nos dados do Caged.
Na ocasião, os números foram divulgados pelo Ministério da Economia e o ministro Paulo Guedes declarou que o resultado do mercado de emprego em 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19 e em que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 4,5%, era uma “grande notícia”.
Os números iniciais do Caged também destoavam da trajetória da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). Embora a pesquisa do IBGE tenha uma metodologia diferente da do Caged, ela mostrou uma piora substancial do mercado de trabalho no ano passado.
O que diz o ministério
Em nota técnica, o Ministério do Trabalho e Previdência informou que foram realizadas atualizações na pesquisa a partir de outubro de 2021, com o objetivo de “aumentar a precisão de toda a série de dados do Novo Caged.”
As informações que compõe a atualização são as seguintes:
- Declarações fora do prazo das empresas do eSocial a partir de maio de 2021;
- Informações de admissões e demissões que possam ter sido informadas equivocadamente pelas empresas; e
- Consolidação dos dados do eSocial com as declarações feitas no sistema do Caged.
Com as atualizações, o ministério identificou um aumento de 1,98% no total de admissões e um crescimento de 3,65% no volume total de desligamentos.
Nova metodologia
No ano passado, o governo realizou uma mudança na metodologia do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que fez com que os dados recentes não possam mais ser comparados à série histórica anterior ao ano de 2020, segundo economistas ouvidos pelo g1.
Com a alteração metodológica, desde janeiro do ano passado, o cálculo do novo Caged passou a considerar outras fontes de informações. Além da pesquisa realizada mensalmente com os empregadores, o sistema também puxa dados do eSocial e do empregadorWeb (sistema no qual são registrados pedidos de seguro-desemprego).
A mudança gera impacto porque, segundo analistas, a declaração dos vínculos temporários à pesquisa do Caged é opcional – mas a inserção no eSocial é obrigatória. O Novo Caged, portanto, gera resultados maiores ao considerar esses vínculos, subdeclarados no sistema antigo.
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