A mãe da cantora gospel Sara Freitas Sousa Mariano disse que a filha começou a relatar que era agredida pelo marido em maio deste ano. A vítima era casada com Ederlan Santos Mariano havia 13 anos. Nesta segunda-feira (30), ele segue preso por ser o principal suspeito do assassinato da mulher.
Dolores Freitas disse ter provas de que Ederlan agredia e ameaçava a filha dela. A idosa também descreveu um episódio que corrobora com a versão do advogado da família, de que Ederlan forçava Sara a manter relações sexuais.
“Ela veio confessar [as agressões] a partir do dia 13 de maio. A última vez que falei com ela foi na segunda-feira. Me disse: ‘mãe, tenho algo muito sério para falar com a senhora’. Na terça, mandei mensagem pela manhã, perguntei o que queria falar comigo, mas tenho certeza que aquele áudio quem ouviu foi o infeliz”, disse Dolores.
“As agressões eram na frente da minha neta. Uma vez Sara chegou da igreja com minha neta e disse: ‘mãe, ele veio pelado, dizendo: ‘você vai transar comigo, você está dando mais valor à igreja que ao seu marido, está acabando o casamento’. Ela disse que foi horrível, e empurrou Esmeralda para dentro do quarto, para que não visse ele nu.
O feminicídio foi cometido na noite de terça-feira (24) e Ederlan está detido por mandado judicial desde a madrugada de sábado (28). Segundo os delegados que investigam o caso, ele confessou o crime. No entanto, a defesa do investigado nega que tenha havido esta confissão, e sustenta que o marido de Sara é inocente.
Segundo Dolores, a filha tinha uma quantia guardada e pretendia sair de casa com esse dinheiro. No entanto, ela suspeita de que Ederlan tenha descoberto o plano.
“Ela disse: mãe, tenho mais de R$ 20 mil guardado dentro dos meus sapatos. Ele sabe que eu tenho esse dinheiro, mas não sabe onde está. Eu tenho muita agenda [como cantora] e vou sair [de casa] lá para novembro, quando essa agenda terminar’. E a última agenda esse infeliz armou, para matar minha filha”.
A família de Sara quer a guarda da filha do então casal, que está com os pais de Ederlan. Ela disse não confiar na mãe do investigado, porque ela sabia que a cantora recebia ameaças do filho e não ajudou a vítima.
“A minha preocupação com minha neta, é porque ela está com a mãe [de Ederlan], que não pôde ajudar a minha filha a ser salva. Não quero deixar [com a família do pai]. Não que a mãe dele seja [uma pessoa ruim] … é porque eu não quero que ele tenha contato com a filha mais. Eu não confio, porque assim como ele matou Sara, ele pode fazer mal à filha”.
Sogra de Sara desaconselhou separação
A sogra da cantora gospel Sara Freitas Sousa Mariano – assassinada pelo marido, Ederlan Santos Mariano –, a aconselhou a não terminar o casamento, porque o filho iria matá-la. O feminicídio foi cometido na noite de terça-feira (24) e ele está preso desde a madrugada de sábado (28), quando confessou o crime.
O advogado Marcus Rodrigues, que representa a família da cantora, deu novos detalhes sobre as violências que eram impostas a Sara, e reforçou o medo que ela tinha de pedir a separação.
“Em conversa com a própria mãe do acusado, ela disse que estava pensando em separar, porque não via mais outra alternativa. A mãe [de Ederlan] falou: ‘não separe, que se você separar ele vai te matar’. Então assim, ela tinha três medos com a separação: o afastamento do lar, ser julgada por causa da religião e de perder a vida”, disse Marcus.
No sábado, Marcus já havia falado sobre a forma violenta de Ederlan agir com a esposa, e falou ainda que ele também estuprava Sara.
“Era um relacionamento tóxico, em que ele agredia ela, não somente verbalmente, como fisicamente também. Ele bebia muito, chegava em casa agredindo, forçava a Sara a ter relações sexuais, e isso acabou nesse fato criminoso”, analisou Marcus.
A ameaça de morte caso pedisse a separação também foi revelada por Sara à irmã, Soraya Correia. Assim como o advogado da família, ela também acredita na hipótese de premeditação do crime.
Segundo Soraya Correia, Ederlan agredia Sara constantemente e, em uma das vezes, ela chegou se trancar no quarto com a filha do casal, uma criança de 11 anos.
“Ela estava com medo dele, dizia que ele era agressivo. Ele ameaçava de morte. Ela chegou a dizer algumas vezes que ia denunciar, e ele disse que ela podia até denunciar, mas no dia que ele saísse de lá, ia acabar com a raça dela. Ele fazia uma quebradeira dentro de casa. Um dia, ela se trancou dentro do quarto com a criança. Tenho provas, tenho um áudios em que minha irmã contava”, destacou Soraya.
Prisão do investigado
Ederlan foi preso pelo crime na madrugada de sábado, após confessar à polícia ter matado a esposa. Ele foi detido temporariamente, porque um dos delegados que investiga o caso apontou que houve clara intenção dele “em destruir as possíveis provas que estavam armazenadas no celular da vitima e prejudicar as investigações dos fatos, bem como impedir a aplicação da lei pena”.
Sara deixou uma filha de 11 anos, fruto do relacionamento de 13 anos com Ederlan.
“A família está destroçada. Eu ainda não tive contato com a filha, que pra mim é uma das maiores vítimas também. Estamos aguardando ansiosamente a chegada da mãe [de Sara], para a gente dar continuidade e fazer com que a justiça seja feita”, disse Marcus.
Em um dos dias em que esteve na delegacia para conversar com policiais sobre o paradeiro da esposa, Ederlan foi perguntado por um jornalista sobre uma suposta campanha de arrecadação que ele teria feito nas redes sociais, para ajudar a procurar a esposa, mas ele abandonou a entrevista.
A polícia ainda não sabe de que forma Sara Mariano foi assassinada, porque o corpo dela foi encontrado parcialmente carbonizado. Somente laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) vão apontar se e como ela foi assassinada antes de ter o corpo carbonizado, ou se foi queimada viva.
Histórico
Sara Mariano foi vista pela última vez com vida na noite de terça-feira (24), ao deixar a casa da família. Na ocasião, Ederlan Mariano registrou boletim de ocorrência pelo desaparecimento da esposa, e afirmou que ela tinha saído para ir a eventos religiosos, mas alegou não saber quais.
Ele disse ainda à polícia que uma câmera de segurança flagrou o momento em que Sara deixou a residência e entrou em um carro, mas que não sabia quem era o motorista que a levou. Ederlan chegou a pedir para que as pessoas o ajudassem a descobrir onde a esposa estava.
Na tarde de sexta-feira (27), três dias após o desaparecimento, o corpo de uma mulher foi encontrado queimado em uma área de mata às margens da BA-093, na região de Dias D’Ávila, cidade da Região Metropolitana de Salvador.
Para a Polícia Civil, Ederlan reconheceu que se tratava de Sara, já que um anel e a sandália dela foram encontrados próximo ao cadáver. A versão de Ederlan, sobre o suposto evento gospel, foi contestada por um pastor, amigo de Sara, no mesmo dia.
Segundo o líder religioso André Santos, não houve nenhum evento em igrejas do município, no dia e horário relatado por Ederlan. Apesar disso, a própria Sara havia publicado nas redes sociais que estava a caminho de Dias D’Ávila, horas antes do desaparecimento.
Soraya, irmã de Sara, também questionou as informações passadas pelo marido da vítima, e disse que não acreditava na versão dele. A mãe de Sara, Dolores Freitas, contou que a filha havia dito que tomaria uma decisão importante no dia que desapareceu, no entanto, não chegou a falar o que seria.
Antes de confessar o crime à polícia, Ederlan foi às redes sociais para lamentar o desaparecimento da esposa e pedir ajuda às pessoas que tivessem informações sobre ela. Ele também relatou que não havia tido brigas recentes com Sara.
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