Prazo e critério para escolha. É o que já impõe o cenário político de João Pessoa após renúncia de Luciano Agra (PSB) à reeleição. Especialmente, a partir de hoje, após lançamento da tal Frente Democrática Partidária, que reuniu oito partidos, cinco deputados estaduais e outras lideranças políticas, tornando realidade a candidatura do secretário Nonato Bandeira a prefeito de João Pessoa e mostrando que não há apenas uma, mas duas opções para o grupo do governador Ricardo Coutinho e do prefeito Luciano Agra.Não há mais como escondê-la embaixo do tapete.
Está claro que no processo de substituição de Luciano Agra, que renunciou o direito à reeleição, partir na frente não significou ser a única opção. Por mais melindroso e complexo que o processo seja, já não se pode mais falar em Estela sem perguntar por Nonato, nem falar em Nonato sem perguntar por Estela. Ela entrou no processo com um sim do governador Ricardo Coutinho. O outro por causa da ausência do não.
Difícil fechar os olhos para presença espontânea de lideranças partidárias que vêem em Nonato uma melhor opção para manutenção do projeto. Destaque para presenças dos secretários de governo, Fábio Agra, dirigente estadual do PTN, e Pastor Jutaí, presidente estadual do PRB. Pela lógica, eles deveriam seguir a sugestão do governador. Mas a lógica, como se sabe, poucas vezes rege a política. Como disse o próprio Nonato em seu discurso, muitas vezes, “as idéias são maiores do que os atos”.
Claro que no lançamento de hoje tinha de tudo. Tinham aqueles que querem apenas se valorizar diante da Granja Santana. Aqueles que estão apenas querendo “dar uma resposta” a Ricardo. Mas, sobretudo, e esses são os mais importantes, tinham aqueles que, realmente, estão convencidos que pra vencer a oposição o candidato deve ser Nonato, seja por ter mais “sensibilidade política”, como registrou o presidente do PTB paraibano, Armando Abílio, seja por ter maior capacidade de enfrentamento com os adversários.
É claro que Estela também reuniu importantes apoios nesta caminhada inicial. O PSD de Raíssa Lacerda, o PTN municipal e o PV estadual e municipal são alguns deles. Sem contar, o que é mais forte, no apoio do Partido dos Trabalhadores, vide ala do deputado federal Luiz Couto.
O problema é que, mesmo não sendo verdade, há sempre na adesão em favor de Estela uma sensação de “oficialismo” que a afasta da espontaneidade. Apesar de ser do grupo, Nonato está imune, por enquanto, a adesão oficial.
Assim, como dissemos lá cima, está na hora do governador Ricardo Coutinho, que tem conduzido o processo com uma lealdade digna dos líderes pacificadores, fazer o que não fez após a renúncia de Agra. Reunir todas as legendas aliadas para que, com os nomes e as alternativas postas, se chegar a um consenso do prazo e dos critérios para definição do candidato único ao grupo.
Que seja por votação partidária, por pesquisa quantitativa ou avaliação qualitativa. Está na hora de se impor critérios para escolha. Até para evitar inevitáveis enfrentamentos que fujam aos limites da civilidade e lealdade política.
Somente assim, desarmados, Estela e Nonato terão a grandeza de protagonizar uma disputa interna que, ao final, o vencedor tenha, espontaneamente, o coração e a dedicação do vencido. E que o grupo sinta-se, efetivamente, representado e confiante na vitória.
Daqui pra frente, qualquer posição que suponha imposição, seja de uma das duas postulações, enfraquecerá o escolhido. E tornará mártir o ignorado.
Luís Tôrres